Presidente da Malwee conta como pretende superar a crise

Se o cenário econômico não promete um mercado quente para 2015, o Grupo Malwee coloca-se entre as empresas que pretendem continuar crescendo mesmo frente a uma eventual conjuntura negativa. Projeções atualizadas de mais de 100 agentes de mercado, via relatório Focus, apontam crescimento de apenas 0,03% para a economia brasileira e inflação de 7,01%. Para o presidente do Grupo, Guilherme Weege, o panorama econômico do último ano foi desafiador como um todo e não somente para o setor de moda. Porém, mesmo assim, a Malwee não parou de avançar. “Ao que tudo indica, o cenário econômico de incertezas continuará presente em 2015. Entretanto, acreditamos que devemos aproveitar para criar oportunidades em meio às dificuldades”, afirma.

A preocupação com a conjuntura aparece no resultado de uma pesquisa da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC): a confiança do empresário catarinense na economia atingiu, em janeiro de 2015, o menor índice desde 1999, ficando em 43,1 pontos. A média histórica do indicador é de 55,9 pontos. Além dos juros e dos impostos, o risco no fornecimento de energia aumentou a dor de cabeça. A exemplo da Malwee, a maioria dos industriais catarinenses já decidiu enfrentar o desafio e avançar em meio às dificuldades de mercado.

O movimento Santa Catarina Moda e Cultura (SCMC), que reúne 21 empresas têxteis em busca de inovação em seus processos, engrossa o bloco: vai fortalecer ainda mais a cadeia do setor, apoiando-se na participação ativa das universidades para incentivar a criação de moda com valor agregado. Já que não é possível competir por preço, uma vez que o custo de produção no Brasil é elevado em relação ao mercado mundial, uma das saídas para a indústria catarinense é apostar na criatividade para dar um diferencial aos seus produtos. Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Blumenau (Sintex), Ulrich Kuhn, a indústria têxtil do Brasil enfrenta a mesma dificuldade dos demais setores, que é o estreitamento do mercado.

Entre as causas do desempenho estão a dificuldade para exportar por causa do câmbio desvantajoso, o aumento das importações e a crise na Argentina. O país vizinho foi um dos maiores compradores de cama, mesa e banho do Brasil. Agora restringiu suas importações em consequência das dificuldades que atravessa. Kuhn observa que o PIB têxtil, em 2014, deve ter fechado negativo ou, na melhor das hipóteses, com crescimento próximo a zero. Ele calcula que este ano de 2015 repetirá o ano passado, com indicadores de recessão, refletindo o comportamento retraído do consumidor. Para mudar essa realidade, o presidente do Sintex defende a criação de um regime tributário diferenciado para o subsetor da confecção, não para todo o setor têxtil. “Não há política têxtil específica para o setor em Santa Catarina. Se houvesse algum incentivo à confecção já ajudaria muito, pois este subsetor tem que ir bem para o resto ir bem. A confecção puxa todo o setor”, destaca.

Como forma de avançar num cenário desfavorável, a Malwee está focando mais na aproximação com os consumidores para diversificar o portfólio não só através de aquisições de marcas com forte presença no varejo, mas também com a entrada em novos segmentos do mercado. Nos últimos anos, a estratégia do Grupo baseou-se na criação de novas marcas dentro da própria empresa. Em 2014, a vez foi da expansão de lojas próprias no varejo. Este ano, o foco se direciona a uma maior expansão das franquias. A hora, diz Guilherme Weege, é do aumento da produtividade e da competitividade.

Atualmente, o Grupo Malwee conta com 350 lojas que trabalham com as marcas Malwee, Malwee Brasileirinhos, Carinhoso, Scene, Puket, Mercatto, Enfim, Wee!, Zig Zig Zaa e Liberta. Além disso, a empresa distribui suas peças para aproximadamente 40 mil pontos de vendas multimarcas e produz mais de 75 milhões de peças por ano. O projeto de varejo da Malwee inspira-se na vontade de estar cada vez mais próximo do consumidor. “O usuário desta moda que criamos sempre foi o ponto principal da nossa estratégia, e nada melhor do que o contato direto com ele para que possamos, cada vez mais, entender seus hábitos, costumes e necessidades, e assim criarmos produtos que realmente atendam a seus sonhos”, destaca Weege. Para atingir esse objetivo, o Grupo atende diversos públicos através do portfólio de suas 10 marcas, todas desenvolvidas internamente pelas equipes de criação e estilo. A companhia investe fortemente em pesquisa para surpreender os clientes com as tendências mundiais e destina recursos para que o parque fabril siga moderno e com maior capacidade produtiva.

As estratégias e ações desenvolvidas pela Malwee atestam o forte potencial da indústria têxtil, apesar dos atuais problemas econômicos. A criatividade e o desenvolvimento de produtos de qualidade desenvolvidos em Santa Catarina, por exemplo, são referência no Brasil e no exterior.

A inovação e o design para o Grupo Malwee, por exemplo, foram desenvolvidos com o foco no conceito de estar presente na vida das pessoas, promovendo o bem-estar por meio de produtos de moda com qualidade superior, respeitando os colaboradores, a sociedade e o meio ambiente. Conforme explica Weege, a ideia é deixar de ser somente uma indústria têxtil e liderar marcas que tocam a vida dos consumidores, que provocam sensações e principalmente autoestima. Não apenas produzindo roupas, mas criando sensações de bem-estar. “O nosso desafio é surpreender o consumidor com produtos que tenham valor percebido cada vez maior”, destaca o empresário. E o ponto de contato com esse consumidor é o varejo e os canais multimarcas, tornando a empresa ágil e voltada a servir bem a estes clientes.

Parque Malwee

Além do Parque Malwee, conhecido por sua beleza o como símbolo da preservação, a sustentabilidade é outro assunto levado muito a sério na organização. Ao longo de sua história, o Grupo tem desenvolvido o compromisso com o meio ambiente e com as pessoas. Acredita Weege que só o engajamento de todos os públicos com os quais a empresa se relaciona garantirá um futuro com disponibilidade de recursos naturais para todos os usos. Assim, a empresa faz questão de lançar sempre em suas coleções produtos fabricados com materiais sustentáveis, como a malha PET, na qual mais de 10 milhões de garrafas PETs já foram transformadas em moda, o algodão desfibrado, matéria-prima oriunda de reciclagem, e os jeans que utilizam menos água na fabricação.

O fio modal carbono neutro e a poliamida biodegradável usada nas peças fitness também são destaques, sendo que a poliamida biodegradável ao ser descartada em aterros sanitários, degrada-se rapidamente. O Grupo Malwee foi uma das primeiras empresas a usar este tipo de produto no mercado. “É inovação e tecnologia em prol de uma moda com uso responsável de recursos naturais e respeito à sociedade”, afirma Weege. O empresário acrescenta que, no processo produtivo, a companhia possui sistema de reuso de água. Essa escolha envolve cerca de 50% das malhas tingidas pela Malwee que utilizam água de reuso. São 700 milhões de litros de água que não precisam ser captado nos rios da região.

A campanha “Eu Abraço Sustentabilidade com Estilo” também é outra maneira da empresa exercer o conceito de sustentabilidade. Todo ano, a Malwee oferta ao consumidor a possibilidade da compra solidária. A coleção é assinada por uma celebridade e parte da renda é doada a uma instituição que trabalha em projetos que contribuem para o desenvolvimento sustentável. Em 2013, a atriz Thais Araújo estreou a campanha e a instituição escolhida foi o SOS Mata Atlântica. Em 2014, Ivete Sangalo esteve nas propagandas incentivando as doações ao Hospital Infantil Martagão Gesteira, em Salvador. “O Grupo Malwee tem muito claro, na sua visão, que o sucesso dos negócios depende diretamente da disponibilidade de recursos naturais e das pessoas, por isso dá tanto foco à sustentabilidade. Está na essência da empresa”, destaca Weege.

Essa visão da Malwee é tão forte que, agora em março, o Grupo lançará seu Plano 2020, que é um conjunto de objetivos e metas que serão perseguidos ano a ano para garantir a continuidade na construção de sua percepção de sustentabilidade. Em um olhar retrospectivo, Weege analisa que a Malwee sempre buscou seguir os valores da qualidade, ética, respeito às pessoas, sustentabilidade e inovação. “As práticas da empresa estiveram norteadas por esses conceitos e essa cultura empresarial se manifesta nas relações com o mercado, com a sociedade, com o meio ambiente e com os nossos mais de 12 mil colaboradores”, afirma.

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