Por Fernando Nunes, cofundador e CEO da Transfeera*
O cenário financeiro brasileiro, marcado por constantes inovações, está testemunhando uma transformação notável com a introdução do Drex. Esta iniciativa pioneira tem o potencial não apenas de redefinir a dinâmica do sistema financeiro nacional, mas também de deixar uma marca significativa no contexto internacional.
O Drex, ou “Real Digital”, é uma Central Bank Digital Currency (CBDC, na sigla em inglês), uma forma digital de moeda emitida e regulamentada por uma autoridade monetária central — como um banco central ou autoridade governamental —, e representa a digitalização da moeda nacional de um país. Ela nasce e circula sempre em meio digital: não é possível sacá-la em um caixa eletrônico porque não existe um papel moeda correspondente a ela.
O Drex não é apenas uma CBDC, ele engloba também uma plataforma de blockchain, que deve permitir maior rastreabilidade de transações financeiras, auxiliando na implementação de medidas de segurança contra crimes como lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo.
Embora bem avançado em termos de inovação, o nosso Banco Central não é o único a olhar para as CBDCs: Bahamas (Sand Dollar), Nigéria (e-Naira) e Jamaica (JAM-DEX) já possuem suas próprias moedas digitais. Em alguns casos, desafios como barreiras tecnológicas e culturais impedem que a aceitação da moeda seja ampla.
Outro exemplo é o Yuan digital, da China, que também enfrenta problemas para a adoção: a população já está acostumada com pagamento digitais oferecidos por empresas privadas e está sendo difícil aproximar a solução estatal das pessoas. Nos EUA, o imbróglio político barra a criação de uma moeda digital, no ano passado um projeto que impede a criação do dólar digital pelo Federal Reserve Board (Fed) avançou no Congresso. As preocupações com privacidade de dados encabeçam as discussões — no Brasil também devemos ver o avanço desse debate nos próximos meses, que é vital para o sucesso ou não da nossa moeda digital.
Em linhas gerais a implementação de uma CBDC pode oferecer diversos benefícios, como maior eficiência nas transações, redução de custos e maior controle sobre o sistema financeiro. No entanto, também levanta questões sobre privacidade porque as transações digitais são registradas e podem ser monitoradas pelo banco central; segurança cibernética pois expõe o sistema a ataques de hackers e fraudes digitais; potenciais mudanças no papel dos bancos comerciais; além de desafios regulatórios e legais, uma vez que a implementação de uma CBDC pode exigir ajustes nas estruturas existentes.
O Drex não é apenas uma evolução técnica, ele é uma plataforma da qual certamente, no futuro, veremos surgir inovações que vão simplificar o dia a dia do usuário final, e já é uma força transformadora no cenário financeiro. A influência dessa inovação não fica só no Brasil pois têm o potencial de inspirar transformações em todo o sistema financeiro internacional. À medida que o Real Digital se desenvolve, torna-se claro que estamos testemunhando uma mudança de paradigma que moldará as narrativas futuras do sistema financeiro global.
*Com mais de 15 anos de experiência em comunicação digital, Fernando Nunes já passou por empresas como Sapient AG2, A2C e ContaAzul. Cofundador e CEO da Transfeera, fintech que fornece infraestrutura de pagamento instantâneo para empresas, ele estruturou as áreas de Marketing, Vendas e Customer Experience, e, atualmente, lidera a empresa estrategicamente para escalar o negócio.