Recebíveis de Cartão de Crédito Tokenizados: A Evolução do Mercado Financeiro

Por Paulo David, CEO da AmFi*

O mercado financeiro brasileiro está em constante transformação, e uma das mudanças mais notáveis que vem ganhando destaque é a tokenização de recebíveis de cartão de crédito. Essa evolução vem revolucionando a forma como investidores e empreendedores encaram esse ativo financeiro, que é um dos mais abundantes em nosso país.

Segundo a Abesc (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços), o mercado de recebíveis de cartão de crédito atingiu a impressionante marca de R$1,1 trilhão de originação mensal no primeiro semestre de 2023. Com 52 milhões de brasileiros realizando pagamentos por cartão de crédito, é fundamental compreender como essa evolução está moldando o setor financeiro.

Recebíveis de cartão de crédito representam os valores que as empresas têm a receber por compras realizadas. Após a conclusão de uma transação, as credenciadoras e subcredenciadoras, responsáveis por fornecer maquininhas de cartão e links de pagamento, têm um prazo determinado para repassar esses valores aos varejistas. Essa dinâmica é essencial para a liquidez das empresas e a manutenção de suas operações.

O que muitos desconhecem é que esses recebíveis têm se mostrado uma excelente opção de investimento, acessível a uma crescente quantidade de investidores. A tokenização de recebíveis de cartão de crédito é um passo revolucionário nesse sentido. A tokenização transforma ativos físicos em representações digitais, ou seja, “tokens”, e o mesmo pode ser feito com recebíveis. Os recebíveis tokenizados são versões digitais dos recebíveis físicos, em que cada token representa um direito de recebimento futuro. A grande vantagem é que agora é possível investir nesses tokens, abrindo portas para oportunidades financeiras inovadoras.

Vale ressaltar que essa modalidade de investimento é uma exclusividade brasileira, fortemente relacionada à forma como os cartões de crédito funcionam em nosso país. Em 2019, o Banco Central do Brasil emitiu a resolução 4.734, que permitiu não apenas instituições financeiras, mas também empreendedores e lojistas, anteciparem os recebíveis de cartão de crédito. Contudo, a verdadeira revolução ocorreu no final de 2022, quando o Banco Central e o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovaram novas regras para regulamentar essa prática.

Essas regras trouxeram mais transparência e segurança para as operações de antecipação de recebíveis. Agora, os prazos e valores de financiamento devem ser compatíveis com a capacidade dos empresários, as operações são mais transparentes e os sistemas devem funcionar de maneira mais estável e segura, proporcionando maior competitividade. Isso cria um ambiente propício para a inovação, incluindo a tokenização.

A tokenização de recebíveis de cartão de crédito abre novas perspectivas para investidores e empreendedores, permitindo que o mercado financeiro se adapte às demandas do século XXI. Essa evolução representa não apenas uma revolução tecnológica, mas também uma transformação na forma como encaramos o valor financeiro.

À medida que os recebíveis se tornam digitais, o mercado financeiro brasileiro se posiciona na vanguarda das finanças globais, criando oportunidades sem precedentes para investidores e empresários. É uma revolução silenciosa, mas impactante, que está moldando o nosso futuro financeiro de maneira notável. Portanto, vale a pena prestar atenção a essa tendência e explorar as oportunidades que ela oferece.

Por que Investir em Recebíveis de Cartão Tokenizados?

O mercado financeiro está passando por uma transformação notável, e um dos avanços mais empolgantes é a tokenização de recebíveis de cartão de crédito. Além de ser uma tendência que promete revolucionar as operações financeiras, os tokens de recebíveis de cartão de crédito apresentam uma série de vantagens para investidores e empresários.

Rentabilidade Atrativa
Uma das principais razões para considerar os tokens de recebíveis de cartão de crédito como opção de investimento é a sua rentabilidade atrativa. Comparados aos ativos tradicionais disponíveis no mercado, esses tokens oferecem remuneração pré-estabelecida em investimentos de renda fixa. Além disso, a redução de intermediários nas operações resulta em custos mais baixos, garantindo retornos mais atrativos para os investidores em comparação com o mercado convencional.

Transparência e Segurança
Os recebíveis de cartão de crédito já são, por natureza, ativos de baixo risco. No entanto, a tokenização e a tecnologia blockchain adicionam uma camada adicional de segurança e transparência às operações. Os contratos são automatizados, proporcionando maior segurança e garantindo a execução correta das transações. Além disso, esses ativos permitem a troca de titularidade e domicílio bancário, com arranjos de pagamento bem estruturados e regras rigorosas, controladas pelas instituições financeiras.

Controle e Liquidez
Os tokens de recebíveis de cartão de crédito oferecem maior controle sobre os investimentos e mais liquidez. Os ativos podem ser fracionados e negociados com facilidade em mercados secundários, proporcionando liberdade e flexibilidade aos investidores. Essa característica torna o mercado de recebíveis  mais eficiente e flexível.

Diversificação 
Além de representar uma alternativa aos investimentos tradicionais, os tokens de recebíveis de cartão de crédito democratizam o acesso a ativos financeiros que antes eram inacessíveis para a maioria dos investidores. Essa democratização é um marco importante no cenário financeiro, permitindo que um público mais amplo participe desse mercado com mais liquidez, segurança e flexibilidade.

*Formado em Direito pela PUC-SP e pós-graduado em Administração de Empresas pelo Insper, Paulo David fundou e atuou como CEO da Grafeno Digital, empresa líder em tecnologia no mercado financeiro, com mais de 6 mil  clientes PJ e R$ 180 bilhões transacionados na plataforma, além de ser uma das maiores infraestruturas do mercado financeiro. Também foi fundador da Biva, uma das primeiras e mais inovadoras fintechs do Brasil, comprada pela PagSeguro, parte do Grupo UOL. O executivo ainda acumula passagem pela indústria de venture capital, além de ter sido associado do Pinheiro Neto Advogados e investir em diversos projetos inovadores no Brasil e fora do país. Atualmente é CEO e cofundador da AmFi, fintech que desenvolveu uma plataforma que conecta originadores a investidores globais por meio de conjuntos de contratos inteligentes e estruturas jurídicas.

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