Os dois pontos facultativos e o feriado decretados pelo prefeito Eduardo Paes no período da Copa do Mundo vão acarretar prejuízos para o comércio do Rio. A avaliação foi feita pelo presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Município do Rio de Janeiro (Sindilojas Rio) e do Clube dos Diretores Lojistas do Rio (CDL Rio), Aldo Gonçalves.
O Decreto nº 38.365, assinado por Eduardo Paes no dia 11 de março, decreta feriado, no município do Rio de Janeiro, nos dias 18 e 25 de junho, a partir do meio-dia, e no dia 4 de julho, excluídos os expedientes nos órgãos cujos serviços não admitam paralisação, tais como unidades básicas de Saúde e hospitalares, públicas e privadas, e os serviços de transporte público.
“Sem dúvida que esses feriados atrapalham”, disse Gonçalves, também titular do Conselho Empresarial de Bens e Serviços da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ). Ele destacou que, este ano, já há muitos feriados que caem em dias úteis e outros imprensados entre dias de trabalho, que acabam sendo estendidos devido a “enforcamentos”.
Embora o setor tenha um convênio firmado com o Sindicato dos Empregados do Comércio do Rio de Janeiro (Secrj) que possibilita a abertura das lojas nesses dias, o presidente do Sindilojas disse que nem sempre isso compensa, “porque a cidade, nos feriados, costuma ficar vazia”.
Para Gonçalves, os feriados referentes à Copa são desnecessários. Apesar de permitirem a abertura do comércio, eles “tiram o foco do consumo. As pessoas viajam, isso prejudica e esvazia o centro da cidade”. Ele estima em torno de R$ 8 bilhões as perdas que o comércio do município do Rio de Janeiro terá este ano em decorrência dos feriados, “sem contar a Copa”. E em cerca de R$ 20 bilhões a perda do faturamento no estado do Rio. Essa perda, segundo Gonçalves, não é recuperada. “Porque a compra é, quase sempre, por impulso”.
A aquisição de remédios e alimentos, por exemplo, pode ser adiada para outro dia, disse Gonçalves. Ele afiançou, porém, que a venda de moda e acessórios, entre outros itens, que deixa de ser feita, dificilmente se recupera.
Já o Sistema Comércio RJ (Fecomércio-RJ) tem opinião contrária. De acordo com o superintendente de Economia da entidade, João Carlos Gomes, os feriados objetivam, segundo o decreto municipal, “minimizar os transtornos para a população, agilizar o deslocamento das pessoas e garantir a segurança e o sucesso do evento”. A Copa vai ocorrer no Brasil no período de 12 de junho a 13 de julho, com partidas marcadas para a capital fluminense nos dias 15, 18, 22, 25 e 28 de junho e 4 e 13 de julho. João Carlos Gomes salientou, ainda, que o decreto deixa claro que não haverá feriado no comércio de rua; bares; restaurantes; centros comerciais e shopping centers; pontos turísticos; hotéis, entre outros. Esses estabelecimentos deverão funcionar regularmente.
Gomes explicou que o decreto adota a mesma estrutura que vigorou para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no ano passado, durante o evento que reuniu no Rio de Janeiro milhares de jovens católicos de todo o mundo para um encontro com o papa Francisco. “Veio nos mesmos moldes da jornada. A parte que é sensível à casa está fora”.
Por isso, Gomes não vê grande redução do fluxo de vendas para o comércio. Como não é feriado para o setor, ele descartou que haja necessidade de pagar dobrado aos funcionários, o que elevaria os custos do empresariado. “Não é feriado para o setor, então não tem que pagar esse custo”, disse.
O Fecomércio-RJ não vê nenhum prejuízo para o comércio do município do Rio em função dos feriados da Copa. “Especificamente falando dos feriados da Copa do Mundo e utilizando como base os moldes que o decreto foi exposto, não há como a gente falar de prejuízo [para o comércio]”, sustentou o superintendente de Economia.
A estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (Abih-RJ) é que a ocupação para a Copa alcançará cerca de 90% dos quartos existentes, com tarifas variando entre US$ 180 e US$ 650.
Segundo segundo dados da Agência de Promoção de Investimentos do Rio de Janeiro (Rio Negócios), a capital fluminense tem hoje cerca de 34,5 mil quartos em operação, dos quais cerca de 22 mil são quartos de hotelaria convencional. Os demais são albergues, pousadas, estabelecimento do tipo cama e café, entre outros.
As taxas anuais de ocupação na hotelaria do Rio de Janeiro têm se mantido na faixa de 75%. O setor tem em construção mais 7 mil quartos. A estimativa da Abih-RJ é que cada novo quarto de hotel é responsável pela geração de cerca de quatro empregos, sendo um direto e três indiretos, registrados no setor de receptivo turístico.
Informações Agência Brasil