Pense em uma criança criativa, agitada, persistente e cabeça dura. Essa era eu. Nasci na pequena cidade de Ituiutaba (MG), de 100 mil habitantes, e na infância sempre me envolvia em causas em prol da escola ou da cidade. Sonhava em seguir carreira nas Forças Armadas, fato que deixava meu pai de cabelo em pé porque “mulher não tinha esse tipo de emprego”.
Tanto fiz que passei em 2 concursos públicos e, por quase uma década, realizei o meu sonho, não nas Forças Armadas, mas na Área de Segurança Pública do Estado de Minas Gerais como escrivã, uma experiência que levo comigo bem vívida até os dias atuais. Nessa época, tranquei a faculdade de Administração de Empresas e optei por minha outra paixão: História. Me formei em Estudos Sociais com especialização em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG).
Em São Paulo, já casada, me formei no curso de Bacharel em Recursos Humanos e iniciei a Pós-graduação em Negócios na Universidade Mogi das Cruzes (UMC). Mudando o foco profissional, fui para o mercado de Administração de Rodoviárias, Aeroportos e Zonas Azuis, uma área de trabalho que acabaria por me inspirar e ajudar muito em uma nova empreitada como empreendedora ligada ao transporte.
Tive também um momento fora do mercado para cuidar da família, e me vi perdida. Estava desatualizada, e retornar ao mercado de trabalho estava quase impossível ainda mais porque queria algo com o qual pudesse conciliar com a família.
Em 2015, uma amiga me contou que sua mãe precisava ir ao médico, justamente num dia que ela não teria condições de levá-la. Sua preocupação era ainda maior por sua mãe ser idosa, e ela me relatou que, por duas vezes, a mãe caíra de veículos ao desembarcar, por impaciência dos motoristas.
A partir desse momento, da necessidade de uma amiga, surgia a TPM – Transporte Para Mulheres, aplicativo de transporte para o público feminino. Comecei atendendo a mãe da minha amiga, que me indicou para outras mães, que me indicavam para outras mães, e assim por diante. Todas elas me relatavam algum medo ou necessidade: levar o filho desacompanhado para as atividades extras, ir ao trabalho ou a uma balada, ir a aeroportos de madrugada, levar os pais ou avós para consultas, casos de assédio etc.
Em 2016, embarcou na minha ideia a minha sócia, Elizabeth Diniz dos Santos. Juntas, durante 2 anos, analisamos o mercado e vimos que tínhamos um novo nicho para atuar. Descobrimos que não existia um transporte que atendesse às necessidades das mulheres, que passasse segurança e entendesse que é atribuída a nós, mulheres, uma carga extraordinariamente grande. Brinco que não somos uma empresa de transporte ou tecnologia, mas uma facilitadora na vida das mulheres.
Foi então que, em 2018, tivemos um grande ano de mudanças. Atendendo as clientes ainda por agendamento e usando as economias da família, começamos a construir o aplicativo da TPM.
Hoje, não consigo dirigir tanto como antes. A administração da empresa exige muito do meu tempo, mas ainda tenho contato direto com minhas clientes, conseguindo atender duas ou três durante a semana. A empresa cresceu, o app está ativo e cadastrando motoristas, temos carro próprio, sede própria, novas parceiras e parcerias.
O ano de 2020 começou com reconhecimento. Entramos no Projeto ALI – Agentes Locais de Inovação, do SEBRAE em conjunto com a CNPQ, e no STARTUP SP – SEBRAE.
A TPM – Transporte Para Mulheres sempre foi mais do que um aplicativo: é o meio de transporte para todas as mulheres, onde sabemos que, ao entrar no carro, haverá uma motorista que as entenderão, porque nós mesmas passamos pelas mesmas alegrias e dificuldades.
Nós somos a TPM – Transporte Para Mulheres. “Te leva, te busca, te entende”.
