A tecnologia está intimamente ligada a quase tudo que fazemos em nossas vidas. Desde a hora em que acordamos até a hora de dormir, temos contatos com dispositivos, plataformas e ambientes cada vez mais tecnológicos. Isso é resultado da revolução digital que estamos vivenciando: cada vez mais tecnologias estão surgindo e mudando a forma como nos relacionamos com as pessoas, os processos e o trabalho.
É natural, portanto, que o ambiente organizacional acompanhe essa evolução e incorpore as tecnologias a sua rotina. Os ambientes de trabalho digitais (ou digital workplaces) já estão presentes na maioria das empresas globais, e eles só são possíveis graças às ferramentas sociais ou algum tipo de solução colaborativa dentro da organização.
Um ambiente digitalizado representa uma revolução na forma como nos vemos e nos relacionamos com o trabalho. Os digital workplacespassaram de ferramenta secundária a elemento essencial para empresas que cada vez mais veem um grande aumento nas suas tarefas em diferentes áreas, e que trabalham com nativos digitais – termo criado por Marc Prensky e que se refere aos que nasceram e cresceram com as tecnologias digitais.
Isso quer dizer que, no cenário atual do mercado, o importante é permitir que as pessoas tomem decisões com uma velocidade que não reduza a qualidade das iniciativas, mas que potencialize as transformações, aumentando o crescimento e a receita do profissional e da empresa, de forma imediata e ágil.
Essa necessidade tem um impacto direto e real sobre as pessoas e as organizações que elas estão inseridas, pois, para crescerem, as empresas precisarão encarar uma mudança de mindset, buscando uma postura mais aberta e colaborativa.
No Brasil, este assunto não é necessariamente novo. Atualmente, nossas companhias estão na fase de testes do uso das plataformas, que outros países viveram em meados da década de 2000, descobrindo como a mobilidade da informação e o real timing são efetivos para relacionamento entre pessoas, seja o público interno ou externo. A jornada de descobertas do potencial das ferramentas sociais engatinha para sua adoção, momento em que as empresas perceberão como essas tecnologias podem transformar o modus operandi de seu trabalho e também amplificar seus ganhos.
Segundo o Instituto Mckinsey, as ferramentas sociais podem redesenhar as organizações quando bem aplicadas internamente no ambiente de trabalho, além de ter impacto também no público externo. Muitas empresas no Brasil já utilizam algum tipo de tecnologia para se relacionar com seus consumidores e clientes, ou para automatizar e simplificar processos burocráticos, mas o grande ganho está em seu uso para estabelecer conexões internas entre os stakeholders das empresas.
Um sinal desta tendência no mercado brasileiro é a percepção das organizações da ineficácia dos meios analógicos, ou até mesmo de alguns meios digitais, como o e-mail que não permite explorar o potencial da colaboração. Outro exemplo disso são os aplicativos para comunicação informalmente utilizados para o trabalho, como o WhatsApp que até permite que uma colaboração limitada aconteça, porém pela desconexão com o ambiente de trabalho da empresa, seu objetivos se resumem à troca de mensagens instantâneas e compartilhamento de arquivos que podem se perder a qualquer momento.
O crescimento do uso de tecnologias colaborativas no Brasil ocorrerá à medida que o olhar para o público interno e a colaboração ganharem força. Os sinais desse amadurecimento serão:
- Visão estratégica da comunicação interna pela alta gerência;
- Busca da transformação digital pelas empresas, que passarão a digitalizar totalmente processos .
As próximas fases da adoção de tecnologias colaborativas e da criação de um digital workplace sólidos estão ligadas a consciência de que a colaboração agrega valor ao trabalho, assim como o compartilhamento de conhecimento é essencial para insights e criação de estratégias.
À medida que essas potencialidades forem reconhecidas, esse cenário deve mudar dentro de alguns anos, pois já existem ofertas tecnológicas de ponta no Brasil. No entanto, nossas organizações têm um grande desafio a enfrentar, que diz respeito à interação dos colaboradores com as ferramentas e como isso impactará clima e cultura. Para superar as barreiras e gerar impacto positivo, só há um jeito: a liderança deve entender e puxar as iniciativas de adoção das plataformas sociais dentro das empresas.
Mas a expectativa, nos próximos anos, é que mais organizações brasileiras entrem na fase de colaboração e trabalho com conhecimento, evoluindo para um tipo de empresa que abraça uma cultura colaborativa e usa a comunicação com públicos interno e externo de modo abrangente e estratégico.
Rada Martini é cofundador e CEO da SocialBase – Empresa que desenvolve uma Rede Social Corporativa e uma Plataforma de Comunicação Interna, que tem entre seus clientes empresas como Porto Seguro Seguros, Portobello e NTT Data.