Apesar da alta dos juros, vendas a prazo continuam sustentando o varejo

As vendas a prazo continuam representando a maior parte dos negócios realizados no varejo, apesar do aumento nos juros. Para o economista da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), Emílio Alfieri, o consumidor continua optando por esse tipo de pagamento, devido principalmente à inflação dos alimentos, que diminui a renda para comprar à vista.

Segundo uma pesquisa da associação, as consultas ao SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), que medem as intenções de compra a prazo, aumentaram 8,1% na primeira quinzena de agosto, ante o mesmo período do ano passado. Porém, Alfieri afirma que, caso a pessoa tenha dinheiro, ele irá preferir o pagamento à vista. "Se o consumidor tem dinheiro, ele prefere pagar à vista e com desconto", considera.

Com os juros que incidem na venda parcelada, o valor final gasto por um produto pode ficar bem acima do valor do pagamento à vista. Mas, para Alfieri, se o consumidor não pode pagar o valor total de uma só vez, ele nem se preocupa em comparar o preço à vista com o total a prazo.

Tendência
Mas essa situação não deve permanecer por muito tempo. "Hoje, estamos no pico e com tendência a cair. Venda à vista vai cair, e quem for cauteloso também vai parar de comprar a prazo. É um fim de festa", afirma o economista.

Para ele, isso deve ocorrer devido aos aumentos da taxa de juro e às prováveis novas altas que ainda devem acontecer. "É questão de tempo para que as vendas a prazo caiam".

Alfieri também afirma que, com esse cenário, ao fazer uma compra, o consumidor deve pagá-la à vista. Caso não tenha opção, deve pesquisar um crédito mais barato, como os consignados, e evitar o cheque especial.

Consumidor ainda vive euforia
Outro motivo para a alta utilização do crédito, de acordo com o economista, é o fato de que a maioria dos consumidores ainda não está consciente sobre os riscos do aumento de preços e de juros no orçamento. "Quem está sabendo é o economista, quem trabalha com isso. Consumidor ainda não viu que o crédito vai cair", afirma.

Mas Alfieri também considera que isso não é motivo para deixar de comprar. "Tendo um pouco de cautela, não precisa deixar de comprar. A alta de preços não é alarmante como há dez anos, nem o aumento de juro. Com cautela, dá para ir levando", considera.

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