Brasileiros e americanos adotam táticas parecidas para driblar alta nos preços

De acordo com pesquisa da comScore, oito de cada dez consumidores norte-americanos têm cortado gastos em seu orçamento, e entre os principais cortes, estão despesas relacionadas a compras (69%) e lazer (61%).

Férias e gastos com combustíveis ou automóveis receberam 57% e 53% das citações, respectivamente. Entre os itens expostos, o menos citado foi necessidades médicas, com apenas 20% das respostas.

Motivos

Entre os principais motivos para os americanos estarem cortando despesas, estão o aumento crescente dos preços, resposta dada por 67% dos entrevistados, o desemprego, com 14% das declarações, e a situação do mercado financeiro, com 8%.

A crise do mercado imobiliário, que atingiu o país no início deste ano, foi a resposta menos citada, com 5% das lembranças.

Além disso, cerca de 67% das pessoas acreditam que ficaram mais pobres devido à situação econômica do País, assim como 82% já admitem ter mudado hábitos para economizar, por conta do mesmo motivo.

Brasil

No Brasil, a situação não é muito diferente. De acordo com Informe Conjuntural da CNI (Confederação Nacional da Indústria), divulgado em julho, o consumo das famílias brasileiras deve crescer em torno de 5,5%, em 2008, abaixo do que o esperado (7,5%).

O motivo para a queda da expectativa foi o arrefecimento do consumo (observado já no primeiro trimestre), aliado ao aumento da inflação (especialmente dos alimentos), que reduziu a renda da população mais pobre.

O temor da inflação, principalmente por conta das freqüentes altas dos preços dos alimentos, tem mudado o hábito dos brasileiros. De acordo com o analista da Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Nilo Lopes de Macedo, diante de um cenário de aumento de preços, são esperados três comportamentos da população na hora das compras. Aqueles com renda mais alta conseguem continuar bancando os seus gastos e compram na mesma quantidade e as mesmas marcas.

"Outras pessoas, porém, não conseguem arcar com o aumento de preços e simplesmente cortam produtos. Existem ainda aqueles que não diminuem a quantidade, mas mudam de marca, e é quando vemos queda na receita e manutenção do volume das vendas dos supermercados", afirmou.

Só o básico

Como cortar gastos com alimentação é bastante difícil, principalmente porque as principais altas, de acordo com os índices de inflação, estão ocorrendo nos alimentos considerados essenciais, o que os supermercados vêm sentindo é a diminuição na compra de supérfluos, que entraram na lista de compras do brasileiro há alguns meses, por conta do aumento da renda.

"A classe C, por exemplo, tinha inserido os lácteos na cesta de compras, como queijos e iogurtes. Agora, com a inflação, estes produtos têm sido deixados de lado", disse o presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), Sussumu Honda.

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