Comunicação 5.0: o novo normal e a “internet das pessoas”

Novas mudanças industriais e tecnológicas são consideradas marcos na história da humanidade. A primeira foi a invenção das máquinas a vapor. Depois, nasceu o mundo 2.0 com a produção em massa e a eletricidade. A terceira revolução veio através da automação industrial. E, por fim, entramos na era 4.0 com a desmaterialização destes processos, através da nuvem, e a chamada “internet das coisas”.

Estes marcos não ficam apenas restritos aos processos industriais e se transbordam para as mais diversas áreas. Surge a gestão 4.0. O marketing 4.0. Assim, todas as demais áreas, existentes e imagináveis, acompanham se atualizam e acompanham esta dinâmica do novo mundo. O nascimento de uma nova era não pode ser algo superficial. Afinal, há sempre alguém disposto a acrescentar uma unidade neste número e propor algo “inovador”. Porém, não são apenas indivíduos ou empresas sozinhas que poderiam propor um novo mundo. Apesar de muitos já terem se autodenominado desta forma, o mundo 5.0 ainda não estava entre nós. Lembrem-se: são necessárias mudanças estruturas para efetivamente termos um novo marco.

Talvez, agora, esta nova era tenha chegado.

Com o surgimento da pandemia do COVID-19, vimos algo até então digno apenas de filmes distópicos ou apocalípticos: a digitalização dos indivíduos. Nasce, assim, a “internet das pessoas”. Todos os segmentos, mesmo os de grandes produções e extrações físicas, precisaram em alguma escala se digitalizar. Alguns, precisaram se digitalizar completamente. Nasce assim a comunicação 5.0. Não é porque alguém se autoproclamou. Não é porque uma invenção especifica foi classificada desta maneira. É uma transformação estrutural pela introdução de uma tecnologia em uma escala até então não utilizada.

O que isso representará para nós? O mesmo que todos os demais marcos representaram: a necessidade de uma adaptabilidade do ponto de vista de uma “sobrevivência” empresarial, profissional e até mesmo social. Saber ser expressivo, ser presente e estar conectado através da “internet das pessoas” virou uma habilidade fundamental para qualquer líder, colaborador e até mesmo para clientes. Hoje, saber estar presente em uma plataforma digital (e ter os recursos necessários para isso) pode limitar ou não o meu acesso à informação. Ao entretenimento. Às discussões políticas do meu país.

Cabe a cada um de nós se reinventar? Não somente. Segundo o IBGE, em 2018, mais de 45 milhões de brasileiros ainda não tinham acesso à internet. Como estes se alimentam de informações, de conhecimento e de interação social em um contexto de COVID-19? Esta é uma pergunta e um desequilibro social que cabe aos nossos governantes responderam. A todos os demais, que possuem o privilégio de estarem conectados, a situação é mais confortável. Porém, a mudança não é inevitável.

Artistas, professores, médicos, empresários e até mesmo familiares que desejam estar presentes precisarão desenvolver esta linguagem. A comunicação 5.0. Até mesmo o amor ao próximo, agora, se faz mais distante. É a “internet das pessoas”.

O fim da pandemia representará um retorno ao marco anterior? Com certeza não. Parte do mundo real sem dúvida voltará. Desejaremos ir às praças. Porém, acredite: as salas de aula, as consultas e até mesmo os encontros nunca mais serão os mesmos.

<span style=”color: #000080;”>*Matheus Jacob</span> é formado em Economia pelo Insper, mestre em Filosofia pela PUC-SP, com educação executiva em Liderança e Comunicação pela Chicago Booth Business School e em Retórica e Persuasão pela Harvard University.

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