Cooperativismo garante mercado de cosméticos a produtores do Paraná

As famosas marcas internacionais de produtos de beleza, como Victoria’s Secret, Mary Kay e Lancôme, estão começando a ganhar novos concorrentes. Consumidores ávidos por maquiagens, hidradantes, perfumes, sabonetes e outros produtos da poderosa indústria de cosméticos já dão sinais de percepção de que as marcas brasileiras são boas e bem mais acessíveis.

A boa notícia é que os ingredientes para uma incrível cadeia produtiva de cosméticos também existem no Brasil. Um dos maiores potenciais é o Paraná, terceiro estado brasileiro em número de empresas de cosméticos. São, na sua maioria, micro e pequenas empresas instaladas em média há 13 anos e concentradas, a maior parte, em Curitiba e Região Metropolitana.

Onipresente em números, forte em qualidade, a indústria de cosméticos paranaense já é símbolo de sofisticação e glamour. A produção vai de produtos de higiene pessoal, como xampus, condicionadores e sabonetes, a cosméticos como hidratantes, cremes, protetores e maquiagens e até perfumes e colônias. Os produtos são vendidos em farmácias, supermercados e lojas de cosméticos, ou diretamente por meio de catálogos e franquias.

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Do total de 148 empresas no Estado, 45 participam de um núcleo inserido no Projeto de Desenvolvimento do Setor de Cosméticos em Curitiba e Região. São empresas que cobrem todos os elos da cadeia produtiva do setor. O projeto é desenvolvido pelo Sebrae no Paraná em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) e Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).

Implantado em 2007, o projeto tem por objetivo aumentar a competitividade dessas empresas e promover sua consolidação como um pólo do setor de cosméticos no País. Em menos de um ano, os resultados já são significativos. Muitas delas conseguiram reduzir custos, aumentar as vendas e o faturamento e melhorar questões de logística e operacionalização.

De acordo com a gestora do projeto pelo Sebrae/PR, Carla Brustulin, juntas, as empresas têm maior poder de negociação, potencialização na produção, novos canais de comercialização e distribuição, acesso à inovação, tecnologia e design, mapeamento de novos mercados, e orientação para obtenção de linhas de crédito especiais.

"O setor está se organizando no Estado e tem potencial para se expandir não apenas no número de empresas, mas na participação do volume total faturado no País", disse Carla. De acordo com ela, alguns gargalos de comercialização podem ser superados por meio de ações empresariais coletivas, como divulgação e vendas conjuntas, acesso a mercados externos e participação em eventos de negócios.

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Desafio

Desde 1986 no mercado, a Julie Burk Perfumes esbanja uma bela coleção de produtos nas linhas feminina, masculina e infantil. Com design irreverente, fabrica um mix de mais de 150 produtos. O maior desafio, até sua participação no grupo, era trabalhar com mais afinco o marketing da empresa. Depois de consultoria na área comercial, percebeu-se a necessidade de um planejamento de ações de relacionamento e campanhas para dar suporte à comercialização.

“Analisamos alguns pontos, readequamos a empresa e aumentamos nossa participação em feiras e eventos de negócios. Tivemos, então, um crescimento de 40% nas vendas”, conta Edi de Paula Santos, diretora de expansão da Julie Burk. Segundo ela, o próximo passo é adequar a empresa aos moldes do cenário externo para ganhar mais espaço no mercado internacional.

Competição amigável

O gerente da Natuphitus Cosméticos, André Balkowiski, se surpreendeu com a possibilidade de uma cultura de cooperação. “Não falava com nenhum concorrente. Depois percebi que a competição deve existir, mas de forma respeitosa. Hoje conheço os meus concorrentes e me sinto à vontade para trocar experiências e discutir idéias com eles”, disse.

Segundo André, a Natuphitus era uma rede de três microempresas, que davam prejuízos exorbitantes. “Uma delas me gerava um prejuízo de R$ 200 mil por ano. Para 2008, a expectativa é de que a empresa feche apenas com lucros”, conta.

Rodrigo Papov, gerente de Marketing e Produtos da Leclair Indústria de Perfumes e Cosmética Ltda. também considera o cooperativismo do grupo um avanço. “Tínhamos um pé atrás e ninguém queria abrir suas informações. Agora já confiamos uns nos outros e trocamos experiências tanto boas quanto ruins. Afinal, ninguém precisa passar por uma experiência negativa já vivida por outro”, avalia.

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Metas

Identificadas as empresas e feito o diagnóstico do setor, o passo seguinte foi trabalhar no planejamento de um leque de ações conjuntas que proporcionassem soluções para problemas comuns e resultados positivos concretos. Os participantes receberam ainda um portfólio para divulgação do projeto na mídia e com parceiros, além de uma logomarca como forma de valorização do grupo.

Entre as metas do projeto, estão o aumento de 10% da lucratividade das empresas do grupo até o fim de 2008, a ampliação da produção das indústrias em 15%, e o número de clientes também em 15% até o fim do ano. “A idéia é buscar novas empresas e parceiros mobilizados e interessados no projeto e consolidar o grupo existente”, explica a gestora Carla.

Indústria brasileira

Em termos nacionais, a indústria brasileira de cosméticos faturou R$ 17,3 bilhões em 2006, 12,3% a mais do que em 2005, e gerou cerca de 3 milhões de oportunidades de trabalho, de acordo a Abihpec.

As exportações registraram um aumento de 25%, superando a média internacional e atingindo US$ 500 milhões. O Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking de consumo, perdendo apenas para o Japão e Estados Unidos.

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