Dinheiro “vivo” ou cartão de crédito no dia a dia?

26|10|2011

Após decisão do governo federal, consumidores que utilizam cartão de crédito para quitar qualquer tipo de conta terão que pagar 3% ao ano de imposto sobre operações financeiras incidente do cartão de crédito e 6,38% em relação às compras internacionais feitas com cartão de crédito. Mesmo assim, o consumidor brasileiro continua gastando com a mesma intensidade e tudo indica que o “dinheiro de plástico” caiu no gosto do povo. Bom para quem?

Segundo, a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços, existe uma previsão que até o fim deste ano, o país tenha um total de 684,3 milhões de cartões em circulação (cartões de crédito, débito e de lojas). O montante é cinco vezes maior que o número de cartões registrado em 2000, ante 118,7 milhões. Desses, 52% estão nas mãos da população das classes C, D e E.

O crescimento do número de transações foi ainda maior no período: saltou de 1,1 bilhão, em 2000, para 8,2 bilhões, estimativa feita para 2011. Ao mesmo tempo, de janeiro a agosto deste ano, a inadimplência avançou 24,9% em comparação com igual período do ano passado, de acordo com dados do Serviço Central de Proteção ao Crédito, divulgados pela Boa Vista Serviços da Associação Comercial de São Paulo. O uso descontrolado do cartão de crédito é apontado como o principal problema. Bom para quem?

Diante deste cenário, a melhor opção é utilizar o dinheiro “vivo” e diminuir o uso do cartão de crédito no seu dia a dia. Confira abaixo alguns motivos que podem ajudar você a mudar de comportamento, caso esteja utilizando o cartão de crédito de forma exagerada:

• Gaste menos pagando à vista. A maioria das pessoas acaba por gastar mais quando utiliza seus cartões de crédito do que quando pagam à vista. Isto porque as compras por impulso acontecem instantaneamente quando se está em poder de um cartão de crédito. Já quando se utiliza o dinheiro em espécie há um maior controle com relação aos gastos. Além do mais, com dinheiro em espécie, existe a possibilidade de pedir descontos de até 10%, pois, a loja precisa pagar pela operação.

• O dinheiro simplifica o orçamento. Separe a quantia de dinheiro que deverá ser gasta semanalmente, pois isso evitará transtornos no orçamento. Planeje-se até para gastar. Uma coisa que todos nós fazemos quando gastamos dinheiro que está na carteira é contabilizar na hora o quanto sobrou depois da compra. É automático. Assim, a pessoa poderá ter um melhor controle sobre seu orçamento.

• Reduza o seu risco de inadimplência. Cartões de crédito foram originalmente desenvolvidos para que as pessoas tivessem uma comodidade, porém cresce o número de pessoas que o utilizam para se endividarem. Utilizar o cartão de crédito por comodidade, significa pagar a fatura integralmente na data do vencimento. Utilizar o cartão de crédito como forma de empréstimo, significa que o consumidor pagará muito mais dinheiro no final, já que as taxas de juros aplicadas são as mais altas do que qualquer outra modalidade de empréstimo disponível no mercado e de nada adianta, também, substituir o cartão de crédito pelo limite de cheque especial só porque a taxa de juros é mais baixa.

• Utilizar dinheiro em espécie faz pensar sobre o que está sendo comprado e porque se quer comprar. Quando a pessoa realiza uma compra em dinheiro, ela questiona se realmente precisa realizar aquela compra naquele momento ou se poderá esperar mais um pouco. Na maior parte das vezes, a pessoa tende a se lembrar de outros compromissos e desiste da compra por impulso. Eis um bom motivo e, também, uma forma de ter disciplina com o próprio dinheiro.

• Minimizar riscos de clonagem. Muitas pessoas se preocupam com a questão da clonagem do cartão na hora de passá-lo, ainda que o estabelecimento pareça ser seguro e confiável. Utilizar dinheiro em espécie minimiza o risco e protege a sua privacidade.

• Dinheiro em espécie promove o desenvolvimento da economia local. O pagamento em dinheiro promove o crescimento da economia local e mantém, inclusive, funcionários no mercado de trabalho. Quanto mais dinheiro circular internamente, quanto mais vezes ele passar de mão em mão, mais ele gerará valor e riqueza. Isto gera o desenvolvimento da comunidade e, portanto, do país.

Silvia Alambert é educadora financeira e detentora da metodologia de ensino The MoneyCamp para a educação financeira no Brasil (www.themoneycamp.com.br).

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