Endividamento maior esfria o consumo

Consultorias preveem que o IPCA dos serviços feche o ano com alta de 8,24%, quase um ponto e meio abaixo do resultado de 2011

O fraco desempenho da atividade econômica no primeiro trimestre ajudou a reduzir o ritmo de alta de preços dos serviços. Jogaram a favor dessa contenção de preços o maior endividamento do consumidor e o menor impacto da inflação passada. É que os indicadores de preços acumulados em 12 meses, usados para corrigir os preços atuais, estão em desaceleração.
O principal motivo, na opinião do economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, é o fraco desempenho da atividade. Ele acredita que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha crescido apenas 0,5% no primeiro trimestre em relação ao último de 2011. Se a estimativa se confirmar, serão três trimestres seguidos de estagnação.

De acordo com a consultoria, o fator indexação também pode ter ajudado no arrefecimento dos preços dos serviços reajustados por contratos. O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), encerrou 2011 com alta de 5,1% e, em 12 meses até março, já recuou para 3,2%.

Já o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), Rafael Costa Lima, atribui essa descompressão dos preços dos serviços ao maior endividamento do brasileiro. "Como o gasto com serviço está ligado à renda excedente, o desemprego continua baixo e a renda não está caindo, acredito que tenha ocorrido um aumento do endividamento", afirmou.

Apesar de um certo alívio que começa a aparecer nos preços dos serviços, a projeção é que a inflação desse setor encerre o ano ao redor de 8%. Isso significa cerca de um ponto e meio acima do que seria considerada uma inflação de serviços no centro da meta. Nas contas da consultoria, para um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no centro da meta de 4,5%, os serviços devem subir entre 6,5 e 7%. "Essa variação é considerada normal", diz Borges.

Em 2010, os preços dos serviços subiram 7,85%, para uma inflação de 5,91% medida pelo IPCA. Em 2011, os preços dos serviços fecharam o ano com alta de 9,72% e o IPCA foi de 6,5%. Para 2012, a consultoria projeta alta de 8,24% para a inflação de serviços e um IPCA de 4,81%.

Borges diz que os preços dos serviços sempre têm variações superiores aos índices de inflação pela falta de concorrência externa e pela dificuldade de se obter ganhos de produtividade.

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