Fábrica de máquinas aumenta ganhos ao contratar mulheres

Dezoito trabalhadoras formam o quadro de funcionários da empresa de Trindade (GO)

Em Trindade, na Grande Goiânia, as mulheres dominam atividades desenvolvidas quase que exclusivamente por homens, No município, 18 trabalhadoras produzem máquinas pesadas em uma empresa de fabricação de equipamentos para indústrias químicas. E, segundo Francisco Luciano Alves de Jesus, proprietário da Dimensão Máquinas, os serviços ganharam produtividade e qualidade.

O empresário destaca que, desde 2009, quando contratou as primeiras mulheres para trabalhos de solda e usinagem, o faturamento do negócio saltou de R$ 200 mil para R$ 600 mil – estimados para este ano. “A gente produzia uma máquina em 45 dias. Atualmente, atendemos até oito pedidos por mês”, conta. Para o empreendedor, isso só foi possível por características da mão de obra feminina. “Elas são pontuais, detalhistas, comunicativas e criativas”, reforça.

Ana Flávia da Silva Rodrigues, de 21 anos, é projetista da Dimensão há dois anos. Engenheira Mecânica com formação na Universidade Paulista (Unip), em Goiânia, Ana facilitou o processo de produção. Ela implantou um padrão de medidas na fabricação de máquinas que também abriu mercado para o empreendimento. A primeira exportação aconteceu ano passado, para o México. 

Os desenhos em computação gráfica (3D), calculados pela projetista, são modelos para a produção dos equipamentos. O próprio trabalho das colegas é qualificado. A soldadora Ludmilla Soares Ramos, de 28 anos, reconhece que Ana ajudou a melhorar os procedimentos de fabricação. “A mulher comunga suas dificuldades e tenta facilitar a vida da outra, amão de obra”.

Ludmilla é a primeira soldadora contratada pela Dimensão Máquinas. Ela começou a trabalhar na empresa no cargo de secretária, em 2010, e logo precisou dar ‘uma mãozinha’ nos serviços mais pesados. “Fiz um cordão de solda que parece ter impressionado o patrão”, lembra. Na época, o empreendimento contava com três homens no trabalho de solda e usinagem, e, então, Francisco começou a aproveitar a mão de obra feminina.

No galpão de 500 metros quadrados da fábrica, Ana, Ludmilla e suas colegas seguem com organização o roteiro programado por uma consultoria do Sebrae em Goiás. São cinco as funções básicas: corte e furação, usinagem e montagem, solda e pintura, elétrica e automação e embalagem e despacho. “O ciclo produzido é desenvolvido pelas mulheres com maestria”, considera Francisco. O empreendedor lembra do curso que fez pelo Sebrae, que o ensinou a planejar compras, custos e contratos. “As planilhas me acompanham”, relata. A própria formalização da atividade, em 2001, também contou com o apoio do Sebrae.

Para 120 mulheres

Depois de conquistar espaço no exterior e em mais 24 estados brasileiros, a Dimensão Máquinas parece ser mesmo marcada pela força de trabalho feminina. “Em dez anos, meu sonho é dar emprego para 120 mulheres”, prevê. O projeto de ampliação tem até uma escola-creche. Inclui ainda os benefícios já criados por Francisco para suas colaboradoras. O horário de funcionamento da empresa (das 7h às 11h15 e das 13h às 17h30), por exemplo, ajuda as trabalhadoras nos estudos. Há gratificação salarial por desempenho, individual e coletiva, com participação no lucro.

“Oferecemos também o vale salão (beleza), vale lanche, shampoo especial para cabelos, esfoliante e filtro solar para a pele”, observa Francisco. No sanitário feminino do empreendimento, batons, lápis de olhos e perfumes mostram que o ambiente é especialmente preparado para as trabalhadoras.

Ana Flávia de Assis, de 18 anos, que o diga. Mais nova torneira mecânica da Dimensão, ela faz planos. “Meu trabalho estimula meu futuro, estou pagando curso técnico de Gestão e Administração”.

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