A falta de mão de obra especializada

Estamos vivendo um momento em que há uma forte e considerável oferta de emprego no mercado brasileiro, quer seja no setor industrial, quer seja no setor comercial e, ainda no de prestação de serviços.

Temos percebido que quanto maior é a oferta de emprego, maior também é a preocupação de boa parte dos empresários, pois eles alegam que não conseguem mão de obra especializada, para ocupar as vagas de trabalho que estão disponíveis.

Façamos então, juntos, uma análise desta questão. Em primeiro lugar, precisamos definir de quem é o dever de proporcionar condições para que o trabalhador possa se especializar. E vamos partir do princípio de que a formação de mão de obra, para atender as demandas do mercado interessa a toda a sociedade!

É certeza de que a formação de mão de obra, inclusive com especialização, interessa ao Governo, porque contribui com o desenvolvimento do país. Interessa, ainda, ao movimento sindical, porque fortalece o poder de barganha nas negociações coletivas de trabalho. Aos trabalhadores, porque eles terão melhores salários e condições de trabalho, e interessa às empresas, porque terão mão de obra mais bem qualificada, que as farão atingir mais produtividade e qualidade, para que seus produtos possam competir no mercado globalizado, resultando, assim, em maior lucro.

Obviamente, podemos observar que as empresas são as maiores interessadas e, em razão disso, fazem as contribuições patronais chamadas de 5 (cinco) S (esses), principalmente para manutenção do SESI, SENAI e SENAC, pois são entidades que mantêm cursos de formação e especialização em várias áreas do conhecimento.

Neste final de ano, principalmente no setor do comércio, tem havido reclamação generalizada em razão da falta de mão de obra especializada para atuar no chamado “trabalho temporário”!

Senhores empresários, com todo respeito, usaremos de muita franqueza! Cobrem de suas organizações patronais maior empenho na profissionalização dos trabalhadores, mas façam também a sua parte! Valorizem o trabalhador, proporcionando salários dignos, boas condições de trabalho, participação nos lucros e nos resultados e condições para que os trabalhadores possam vir a estudar, ter uma profissionalização e se atualizar.

Com certeza, especialmente os empresários do comércio, que continuarem insistindo em pagar APENAS UM SALÁRIO MÍNIMO, para o trabalhador cumprir UMA JORNADA, DE NO MÍNIMO, 7 (SETE) HORAS E 20 (VINTE) MINUTOS, EM PÉ –, o que além de ilegal é desumano, não vão encontrar nenhuma mão de obra, muito menos especializada!

Caro leitor, cabe a nós fazermos a nossa parte, prestigiando os empregadores que dão as melhores condições de trabalho e de salários para seus trabalhadores. Quando a sociedade se organiza, em apoio daqueles que merecem respeito, pela forma digna comoatuam, os resultados são ótimos para todos, inclusive para os próprios empresários.

É apenas uma questão de lógica!

Artur Bueno de Camargo é presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação (CNTA Afins) e vice-presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do Estado de São Paulo

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