Fintech financia empreendedor de periferia com investimento a partir de R$ 25

O negócio de refeições começava a ganhar força quando a empresária Débora Soares, da Vila Ré, zona leste de São Paulo, fechou contrato de fornecimento com a rede de hotéis Ibis. Era o passaporte para um futuro melhor, não fosse o fato de ela precisar comprar uma embaladora a vácuo de R$ 8 mil, para atender ao novo cliente. Foi então que conheceu a Firgun, fintech que empresta dinheiro de forma colaborativa e facilitada. “Resolveu a minha vida. Banco nenhum financia alguém como eu e, quando faz, cobra mais juros do que cobraria de outro tipo de pessoa”, conta Débora.

Atualmente 82 fintechs – empresas de tecnologia do segmento financeiro – atuam no Brasil nos segmentos de crédito, financiamento e negociação de dívidas, segundo o Catálogo Fintechs 2018, elaborado em parceria entre Sebrae e ABFintechs (Associação Brasileira de Fintechs), após ouvir representantes de 295 fintechs até setembro deste ano. O objetivo do levantamento é trazer maior visibilidade para as fintechs brasileiras, que despontam no cenário econômico atual por simplificar o acesso a produtos e serviços financeiros, com foco nas principais demandas não atendidas pelas instituições tradicionais.

“As fintechs representam uma solução para os maiores desafios dos pequenos negócios, como o acesso ao crédito em condições viáveis para empresários e empreendedores que desejam sobreviver e prosperar”, explica a diretora técnica do Sebrae, Heloisa Menezes. Segundo ela, o Catálogo Fintechs 2018 é uma fonte de consulta à disposição tanto para quem está à frente de um pequeno negócio em busca de serviços financeiros acessíveis e ágeis, quanto para quem pretende investir nesse mercado.

“As fintechs representam inovação e geram impactos positivos na economia do País. Não à toa, cresce o número de clientes, tanto empresas, quanto pessoas físicas, e se tornam mais atrativas as possibilidades de investimentos no setor. Nossa intenção é dar mais visibilidade às fintechs, gerando novos negócios e fomentando a inovação que beneficia toda a sociedade”, destaca Rodrigo Soeiro, presidente da ABFintechs. O catálogo, no qual pode ser encontrada a Firgun e outras fintechs, pode ser acessado nos sites: www.sebrae.com.br e www.abfintechs.com.br.

Como funciona a Firgun
A Firgun é uma plataforma de investimento coletivo em empreendedores de baixa renda. Qualquer pessoa pode se cadastrar, escolher um empreendimento no qual deseja investir e começar a emprestar a partir de R$ 25. Funciona como um crowdfunding, com a diferença de que o investidor recebe de volta o que investiu. Empréstimos de até R$ 3 mil são parcelados sem juros, de R$ 3 mil a R$ 9 mil, com juros de 0,5% ao mês, e acima de R$ 9 mil, 1%. “Nós invertemos a lógica do mercado. Conosco, quem pode menos, paga menos. Afinal, quem pede empréstimo maior geralmente tem mais estrutura para pagar juros”, explica Fábio Takada, da Firgun.

No ano passado, a fintech de Takada ganhou o prêmio da Iniciativa Incluir, organizado pelo PNUD, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, e pelo Sebrae. Entre as mais de 850 organizações inscritas, a Firgun foi premiada na categoria “Ideia Inovadora”. Atualmente, Takada negocia com investidores anjo para ampliar a fintech, que tem cadastro de três mil investidores sem nunca ter investido em divulgação ou marketing. “Tivemos um crescimento orgânico”, afirma.

A Firgun trabalha em parceria com organizações não-governamentais (ONG) que atuam na periferia, como a Afrobusiness e a Barca, que atendeu Maria Pimentel, da Parça Progresso Confecções, do Jardim Ângela, zona sul de São Paulo. Maria tomou empréstimo para ampliar as instalações da empresa e iniciar a linha de bonés. “Foi tudo muito rápido, nada burocrático”, conta a empresária, “Foi um dinheiro que chegou num momento difícil, de crise no país, e de uma forma que a gente pode pagar. É incrível”, diz.

“Esse é um dos maiores diferenciais das fintechs: atender de forma personalizada, sem burocracia e cobrando taxas menores que as grandes instituições financeiras. Isso é possível porque as fintechs são constituídas para quebrar paradigmas, oferecer produtos e serviços com uso de tecnologia de ponta, que simplifica e barateia suas operações”, esclarece o presidente da ABFintechs.

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