História de pais empreendedores que inspiraram os filhos a criarem seus próprios negócios

Foto: Daniel Leipnitz, presidente da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), com o pai Délcio Leipnitz

Daniel Leipnitz, empresário do setor de tecnologia e presidente da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), só entrou nesta área graças à influência de seu pai. Délcio Leipnitz, de 70 anos, começou sua carreira no segmento de TI. Seu primeiro emprego foi na Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul (Procergs), quando teve a oportunidade de ir para Boston, nos Estados Unidos, estudar Engenharia de Informações.

Quando deixou a empresa, Décio não quis ir para São Paulo, como fez a maioria de seus antigos colegas — decidiu dar palestras pelo país e quando passou por Florianópolis (SC), resolveu que era nessa cidade que queria morar. Instalado na capital catarinense, começou a trabalhar com consultoria e contou com a ajuda do filho, Daniel Leipnitz, na época com 15 anos, para auxiliar colaboradores das empresas a utilizar ferramentas de redação de textos e planilhas eletrônicas.

Quase uma década depois, pai, filho e outros dois sócios fundaram a Callisto Sistemas Inteligentes, desenvolvedora de software para o segmento da Saúde. “A minha entrada na tecnologia aconteceu de forma natural. Eu passei no vestibular para Administração na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e quando vi que com esse curso era possível trabalhar na área de tecnologia, juntei o útil ao agradável e me apaixonei pela área”, conta Daniel.

Em 2016, a Callisto passou por um processo de fusão com a VM System, de São Paulo, e virou Visto Sistemas. Um ano depois, Délcio se aposentou, mas Daniel continua na empresa, como diretor corporativo e de relações humanas. “Tenho muito a agradecer ao meu pai pela paciência que teve nos anos iniciais comigo. Quando somos novos, queremos que tudo aconteça muito rápido e ele me ensinou que nem sempre é assim”, diz Daniel.

Pai colega de trabalho

Luiz Bonatti, pai de Luiz Henrique Bonatti sempre esteve presente na trajetória empreendedora do filho — hoje CEO da Segware, líder de mercado no setor de plataformas para monitoramento por empresas de segurança. Luiz Henrique praticamente cresceu dentro de uma empresa de segurança, sua família era dona de um dos maiores grupos de prestação de serviço do setor em Santa Catarina. Quando quis começar a trabalhar, com 14 anos, teve o pai como um dos primeiros colegas de trabalho. Aos 21, Luiz Henrique entrou na Segware como estagiário. Vendo o potencial não aproveitado da empresa decidiu tomar a frente e adquirir o negócio. Com a ajuda do pai e da família, em seis meses Luiz passou de estagiário a dono da empresa.

O maior desafio, entretanto, estava em gerir o novo negócio. Luiz pai, com mais experiência, se juntou ao filho e ajudou a colocar as coisas em ordem. “Desde a minha decisão de começar a trabalhar cedo até a de adquirir uma empresa e geri-la: meu pai sempre foi essencial na minha carreira. Com sua experiência de vida e profissional me guiou e ajudou a construir um novo negócio. No começo, nos debruçamos em livros para aprender técnicas, hoje comemoramos o sucesso e planejamos juntos os próximos passos”, conta Luiz Henrique.

Juntos, pai e filho viram a empresa expandir a ponto de ter 90% do mercado brasileiro e estar em mais 10 países. Recentemente, a Segware fechou parceria com outra empresa liderada por pai e filho: o DDN Group, holding liderada por Daniel Neeleman, filho de David Neeleman, fundador da Azul, que se inspirou na paixão do pai por empreendedorismo e inovação e adquiriu 49% do negócio.

Pai inspirador

O empresário Aldo Mees sabe que empreender exige preparação. Em 1996, ele fundou a IPM Sistemas, desenvolvedora de soluções para gestão pública. Nessa trajetória enfrentou muitos desafios. Pai de Lúcia Helena e Ana Luíza, antes mesmo das filhas começarem a demonstrar interesse pela empresa, incentivou-as a buscar o máximo de conhecimento. Hoje, ambas fazem Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação na Universidade de Duke, nos Estados Unidos, com formações secundárias em Neurociência e Finança. “É uma das melhores universidades do mundo”, afirma Mees, orgulhoso.

Trabalhar junto com o pai e sucedê-lo na empresa está nos planos de Ana Luiza, a caçula. “No momento estou focando em adquirir conhecimento e experiência para, caso um dia eu realmente tenha a oportunidade de substituir meu pai, possa fazer o melhor trabalho possível. E ainda que opte por outro caminho, gostaria muito de empreender”, afirma Ana. Ela já fez alguns ensaios como empreendedora. No ano passado, aos 17 anos, criou o Geni, um aplicativo para incentivar os estudos de uma geração que vive conectada à internet. A ferramenta foi implantada em escolas de Palhoça.

O mundo do empreendedorismo e da tecnologia também fascina Lúcia Helena. “Sempre vi esse caminho como uma oportunidade inigualável de efetivamente transformar vidas e, hoje, estudando na Duke, vejo o potencial disso”, afirma. Na universidade, Lúcia já teve a oportunidade de fundar duas empresas: a Pharos, focada em conectar empresas nos EUA e Canadá com refugiados em busca de oportunidades de emprego, e a Sânea, uma tecnologia de saneamento que não utiliza energias externas. “Ainda não sei a área específica com que vou trabalhar, mas sou absolutamente apaixonada por robótica e inteligência artificial. E com toda certeza pretendo ser empreendedora como meu pai”, sentencia Lúcia.

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