Intraempreendedorismo: um caminho para reter talentos

Foto:  André Krummenauer, CEO da Involves, empresa desenvolvedora de software para gestão de trade marketing 

Reter talentos é um desafio enfrentado por grandes corporações que buscam novas ferramentas que motivem os colaboradores a permanecerem na empresa e encontrarem seu propósito pessoal. O intraempreendedorismo é um exemplo dessa prática. “A ideia é incentivar e dar suporte para os colaboradores empreenderem dentro das organizações, liderando suas próprias iniciativas”, explica Alexandre Souza, gestor do Sebrae/SC que comanda a iniciativa Startup SC — programa de apoio ao empreendedorismo tecnológico. “No intraempreendedorismo os dois lados saem ganhando, o gestor que abre novos caminhos para a inovação acontecer na sua empresa e o colaborador, que passa a desenvolver um trabalho que partiu dele, com significados pessoais e que impactam a vida de seus colegas”, completa Alexandre.

As iniciativas intraempreendedoras podem surgir tanto do desenvolvimento de um projeto voltado para a empresa quanto do nascimento de uma nova startup, que não possui vínculos diretos com a organização. Conheça aqui cases de instituições que praticam o intraempreendedorismo de diferentes maneiras e tiveram sucesso com a iniciativa.

Hackathons internos para incentivar ideias

A falta de tempo passou a ser um obstáculo para o desenvolvimento de novidades dentro das empresas já existentes. Para André Krummenauer, CEO da empresa desenvolvedora de software para gestão de trade marketing Involves, uma das formas modernas de abrir oportunidade de novas ideias nas empresas de tecnologia é a organização de hackatons (maratonas de programação). Com eles, pessoas de diferentes áreas são incentivadas a criar soluções que resolvam um problema em um curto período e seguindo um modelo parecido à criação de uma startup. A Involves promoveu neste ano um hackathon interno para seus colaboradores, com o objetivo de encontrar novas soluções para sua área de atuação. Foram cinco dias intensivos de atividades, incentivando a troca de conhecimento e a integração entre seus colaboradores. Em equipes multidisciplinares, os participantes pensaram em soluções para ajudar a solucionar problemas enfrentados atualmente no mercado de trade marketing, gerando um MVP (mínimo produto viável).

Intraempreendedorismo para aprimorar a Gestão Pública

Para inspirar a aquisição de competências para a transformação digital, o desenvolvimento do cliente e o surgimento de novas soluções que sejam úteis para a sociedade, a Unidade de Gestão Pública da Softplan, uma das principais empresas de software do Brasil, aposta em duas iniciativas de intraempreendedorismo. Uma delas é o Inova Agora | Insights, focado em novos produtos e serviços. O programa estimula a formação de times multidisciplinares, com conhecimentos especialmente nas áreas de tecnologia, design e negócios, e na sua sensibilização em relação aos problemas dos usuários, clientes e dos cidadãos.

Cada projeto proposto passa por estágios de validação. Os projetos mais bem-sucedidos são incorporados à empresa. “A iniciativa incentiva a autogestão e o desenvolvimento de novas competências e da atuação empreendedora”, destaca o head de experiência e transformação da Unidade de Gestão Pública da Softplan, Léo Vitor Redondo. Outra iniciativa é o You Rock, focado na modernização do portfólio. O You Rock pretende estimular que os colaboradores saiam da zona de conforto e pensem em aprimorar produtos e soluções. “O objetivo principal dos programas é o desenvolvimento de líderes e profissionais, a evolução tecnológica e entrega contínua de valor orientada a dados e design para liderarmos a transformação digital em parceria com nossos clientes”, resume Léo.

Um CEO que incentiva o empreendedorismo

Com o objetivo de fomentar o empreendedorismo não apenas com pessoas da região, mas também com os cerca de 30 funcionários, a OSTEC Business Security lançou recentemente um coworking, o primeiro de Tubarão. Além de oferecer um espaço para interessados, o OSTEC Inovalab — como é chamado — também irá ser um lugar no qual colaboradores da OSTEC possam desenvolver seus próprios projetos. De acordo com Cassio Brodbeck, CEO da empresa, a ideia é motivar seus funcionários em um plano de integração e conexão entre profissionais de diversos segmentos do mercado, além de fomentar neles o desejo de criarem suas próprias ideias. Um aplicativo com foco no mercado B2C, desenvolvido por uma dupla de colaboradores já é um dos projetos iniciais em curso, com a mentoria de Cassio.

Começando do zero  

Quando a Cianet, desenvolvedora de soluções tecnológicas para provedores regionais de internet, estruturou o ISP Next Lab, braço de inovação em parceria com os provedores regionais, buscou justamente funcionários com perfil resiliente ou que já tivessem empreendido alguma fez na vida. “Queríamos pessoas que se arriscam, que tentam novas formas de fazer, pessoas que insistem, que começam do zero, que mudam modelos atuais, que criam abordagens diferentes, enfim, intraempreendedores”, conta Viviane Goulart, gerente de inovação e marketing da Cianet.  Para estimular essas qualidades, a empresa decidiu inclusive manter um time exclusivo para o lab. A ideia é que ele fique longe dos vícios de quem assimilou uma rotina na empresa. “A proposta do lab é criar negócios do zero, portanto, essa visão holística de conceber novos modelos é extremamente importante”, explica Viviane.

Criando projetos internos

A Ahgora Sistemas  — empresa com foco em eficiência operacional que desenvolve tecnologias para gestão de presença, ponto e acesso —  incentiva que cada pessoa do time seja um empreendedor em sua área. “Se você der liberdade às pessoas, elas o surpreenderão! É com base neste pensamento que damos liberdade e estimulamos as pessoas a se desenvolverem e se tornarem empreendedores”, explica Lázaro Malta, CEO da Ahgora.

A empresa incentiva uma cultura em que cada colaborador tem espaço para sugerir projetos novos, coerentes com o mercado da empresa. “Com uma ideia na cabeça, o primeiro passo é convencer pelo menos mais uma pessoa da equipe a participar da execução. Em seguida, a proposta deve ser apresentada a um comitê composto por cinco pessoas de diferentes áreas, que vão contribuir para que o projeto saia do papel”, explica Lázaro. Os colaboradores envolvidos na execução contam com a estrutura e mentorias da empresa, e podem usar 20% de sua carga horária para se dedicar à ideia, recebendo um retorno financeiro caso o produto seja validado internamente ou por clientes externos, depois de finalizado. “Produtos que hoje constam no portfólio da empresa, como o Sales Analytics e o Live Indoor, começaram assim, por ideia dos próprios colaboradores”, completa.

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