Lojistas pagam mais para credenciadoras por mobilidade

 O uso de terminais móveis que fazem transações com cartões de crédito, débito e tíquetes alimentação e refeição dobrou no ano passado. A previsão é de manter o ritmo nos próximos anos. Os números de Cielo e Redecard, as duas maiores credenciadoras de lojistas para bandeiras de cartões do País, como Mastercard e Visa, mostram que, depois de se espalharem por bares e restaurantes, essas maquininhas começam a chegar a outros tipos de comércio, como supermercados, feiras de rua, vendedores porta a porta, entregadores e até salões de beleza. Para crescer nesse negócio, juntas as duas empresas que concentram esse mercado prometem investimentos de R$ 800 milhões em 2012.

A invasão das máquinas móveis no comércio brasileiro é motivada pelo crescimento dos pagamentos com cartões de crédito e débito nos últimos anos, roubando espaço do cheque e dinheiro. Dados do Banco Central mostram que as transações com cartões de crédito e débito saltaram 137% entre 2005 e 2010, somando 6,2 bilhões de operações em 2010, segundo os números mais recentes. Já o uso de cheques caiu 34% no mesmo período, para 1,6 bilhão de operações.

Com o avanço dos pagamentos por meios eletrônicos, as empresas de cartões descobriram que podem ganhar uma receita extra criando um terminal móvel (ou POS, de terminal de ponto de venda, na sigla em inglês), com maior valor agregado, capaz de ser levado até o cliente. Os executivos das credenciadoras não falam em valores, mas lojistas ouvidos pelas Agência Estado relatam que um POS móvel é em torno de 30% mais caro que um aparelho comum, mas a diferença é compensada pelo fato de não se precisar pagar a ligação telefônica para efetuar a transação, além de facilitar a vida dos clientes, que não precisam mais ir ao caixa.

Na Cielo, a participação dos terminais sem fio chegou a 30% da base total de aparelhos. Já são quase 400 mil maquininhas móveis instaladas nos estabelecimentos. "Esse número vem crescendo a cada trimestre e vai aumentar mais", afirma o presidente da empresa, Rômulo de Mello Dias, destacando que a empresa vai destinar R$ 300 milhões em 2012 para modernizar seu parque tecnológico, investindo em mobilidade e novas tecnologias.

O executivo cita que, além da vantagem da mobilidade para o lojista e o cliente, esse terminal tem outro atrativo. Quem paga a conta de telefone para a captura das transações é a Cielo, que negocia os preços diretamente com as operadoras de telefonia. Por isso, mesmo que o terminal custe mais para o lojista, esse preço maior é compensado na economia com a conta de telefone.

Na Redecard, 100 mil novos terminais móveis foram instalados em 2011. No final de 2010, esses aparelhos eram responsáveis por 10% da base total de equipamentos para captura de transações com cartões da empresa, de 1,066 milhão de aparelhos. Em dezembro último, o porcentual saltou para 19% da base.

"Esse terminal virou item de desejo para alguns estabelecimentos", destaca o presidente da Redecard, Cláudio Yamaguti. Clientes que não tinham um terminal móvel estão pedindo o aparelho à empresa, como salões de beleza e redes de varejo. "O lojista percebe maior valor agregado no terminal sem fio e o que nos permite cobrar mais pelo aparelho."

Para 2012, a Redecard deve continuar investindo em POS sem fio e na expansão e melhoria tecnológica do seu parque de terminais. Para isso, vai investir R$ 500 milhões, mais que o dobro de 2011. Uma das novidades criadas pela empresa é um POS com tela sensível ao toque.

Em alguns casos, as credenciadoras transformaram o próprio celular em terminal de captura de transações. A Cielo, por exemplo, lançou no final do ano passado um aplicativo que transforma o iPhone e o iPad em POS. "O terminal móvel é importante onde a mobilidade se faz necessária, para que o cliente não precise ir ao caixa. Até supermercados estão usando, para reduzir filas", destaca Mello.

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