Mulheres têm sobrecarga maior que a dos homens e isso faz diferença ao negociar salário

As mulheres têm uma sobrecarga maior que a dos homens e isso faz diferença ao negociar salário, diz consultor 

Apesar da participação da mulher no mercado de trabalho estar crescendo, inclusive em cargos de liderança em grandes organizações e em diversos segmentos, levantamento recente do IBGE revelou que o rendimento das mulheres continua 28% inferior aos dos homens nos últimos três anos.

Uma das explicações para esta questão, de acordo com Eduardo Ferraz, consultor em Gestão de Pessoas e estudioso da Neurociência Comportamental, é que a diferença salarial é definida quando o profissional escolhe qual moeda de troca dará prioridade em sua carreira. As empresas têm basicamente quatro moedas para oferecer aos seus funcionários: dinheiro, segurança, status e aprendizado.

“Quem gosta mais de dinheiro, inconscientemente deixará em segundo plano as outras moedas, abrindo mão principalmente da segurança, que significaria horários fixos, estabilidade e, portanto, tempo para dedicar à família. Há mais homens ganhando mais e em cargos de chefia, pois eles culturalmente priorizam a carreira e colocam a família em segundo plano”, explica o consultor, que complementa: “as mulheres, em sua maioria, priorizam trabalhos que lhes proporcionem mais segurança do que dinheiro. Não há uma opção melhor que a outra, apenas consequências e tudo tem seu preço”.

No caso das mulheres, a escolha pela segurança é quase instintiva. “Elas têm uma sobrecarga muito maior que a dos homens. Além de estarem sempre atualizadas, terem cursos de especialização e serem uma profissional brilhante, ainda têm que cuidar dos filhos, ser uma filha dedicada, ter o corpo saudável, cuidar da casa, ser amorosa com o marido e ainda ouvir – pacientemente – que não dedica tempo suficiente à família. É um verdadeiro massacre e pouquíssimos homens aguentariam a carga que a maioria das mulheres suporta”, descreve Eduardo Ferraz. “É por isso que muitas mulheres tacitamente aceitam ganhar menos em troca de uma carreira que lhe dê mais segurança e flexibilidade para suas múltiplas jornadas”, completa.

O consultor afirma ainda que as mulheres que priorizam a carreira e entregam resultados consistentes devem exigir chances parecidas com a dos homens. “Quer meu talento em tempo integral? Pague o mesmo que fulano ganha para realizar um trabalho parecido. Esta postura quase sempre funciona, pois ninguém quer perder um funcionário de alta performance independente do sexo”.

O preço é alto, mas para quem está disposta a pagar vale à pena investir, mesmo que muitas vezes tenha que adotar uma jornada “quíntupla”, conclui o consultor.

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