Oito dicas de inovação

05|03|2012

Seguindo o modismo das listas que tanto repercutem pela mídia, Augusto Uchôa, mestre pelo Ibmec-RJ, doutorando pela Coppe/UFRJ, professor acadêmico e fundador do Boteco do Conhecimento , enumerou oito condições para que os gestores tornem suas companhias inovadoras. As empresas podem até pode segui-las, mas talvez não seja uma boa ideia.

São elas:

1 – Faça uma primeira reunião – De preferência perto da virada do ano – isso traz bons fluidos – e vá de calça jeans. Convoque toda a sua equipe e questione-a sobe como fazer o que se faz de maneira diferente? Crie expectativas de mudança, peça opiniões, anote algumas. Elogie todas inclusive as piores. Aproveite a chance para ser percebido como aquele-que-escuta-e-se-preocupa-com-os-funcionários! Todos vão adorar.

2 – Faça dinâmicas com balões (ou bexigas, se preferir). Pegue um saco de balões, encha-os entregue a cada um dos participantes da reunião. Em seguida escreva “Inovação” com pincel atômico de várias cores distintas e jogue-os para o alto. Peça aos participantes que não os deixem cair, mantendo-os sempre no alto, usando apenas uma das mãos e pelo maior tempo possível. Diga em alto e bom som: “a inovação é como estes balões, precisa de esforço para se manter em alta.” Dica: não deixe que pessoas de fora vejam o exercício, pode pegar mal para você e para sua carreira.

3 – Sempre que puder, fale “pensar fora do quadrado” e “hierarquia de valores” – isto dá um grande Ibope com o grupo. Relaxe, você não precisará saber qual a prioridade nesta tal hierarquia.

4 – Use uma bela grana do seu budget em pesquisas, pegue os relatórios e não leia nenhum deles. Ao final, cobre que todos tenham lido. Toda vez que alguém quiser tirar outrem da zona de conforto com alguma idéia mirabolante, corte-o imediatamente e pergunte se ele não leu o que as pesquisas indicam.

5 – A grande idéia. Antes de perceberem que você só fica no discurso (seu prazo é de 6 meses a contar da primeira reunião). Chame seus funcionários e diga que teve uma ótima idéia. Para chegar a este ponto, analise o que seus concorrentes estão fazendo. Às vezes, quando você dá alguma idéia, outra pessoa da sua equipe acaba usando-a como trampolim para uma idéia muito melhor. Faça o mesmo do seu concorrente, copie algo que não exponha em quase nada a percepção do produto ou serviço para os consumidores. Em seguida fique mais um semestre sem se movimentar neste sentido.

6 – Fale em “ouvir o cliente” (parece fake e ultrapassado, mas ainda cola bem). Não mude o processo produtivo da sua empresa, continue dominando a cadeia de valor/processos. Nunca inverta os papéis. Com certeza você sabe que esse papo de “ouvir o cliente” é para palestrantes de Marketing; no mundo real, isto não funciona!
Corra riscos. Quem quer inovar, precisa estar disposto a correr riscos de falhar. Repita: em minha empresa as falhas jamais serão punidas. Esse é o ponto mais importante.

7 – Você não será compreendido por muito tempo. Quando começarem a criar inovações sem base fale que isto faz parte do processo de mudanças pontuais para expandir o negócio. Se a idéia falhar (e vai) demita o autor, mas sempre na virada do semestre, diga que foi necessário por corte de custos ou por uma mudança nos projetos, mas nunca por erro.

8 – Espaço físico – Empresa inovadora tem ambiente jovem, portando vamos alterar rápido este aspecto, mesmo que não altere em nada o DNA. De cara compre puffs e coloque na sala de reunião. Se puder colocar uma TV com vídeo game, melhor ainda, mas compre um ATARI velho com três fitas idiotas (você não vai querer ninguém jogando aquilo no horário de trabalho). Se for ainda mais ousado, solicite a um fornecedor uma máquina de refrigerantes e a coloque na sala de reunião (mas não esqueça de cobrar um valor superior em 50% ao mercado por cada latinha). Ao ser questionado, fale que depende do setor de compras e que você já solicitou que o preço fosse ajustado.

Augusto Uchôa é graduado em Comunicação Social pela ESPM, mestre em Administração de Empresas pelo Ibmec-RJ com especialização em Marketing, doutorando pela Coppe/UFRJ, consultor de empresas e fundador do Boteco do Conhecimento. Atualmente ministra aulas pelo IBMR-Laureatte e palestras sobre os temas Marketing, Negociação, Serviços e Relacionamento. www.botecodoconhecimento.com.br

 

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