Pandemia aprofunda desigualdade de gênero entre empreendedores, aponta estudo

Levantamento do Data Nubank, BID e Sebrae mostra que MEIs homens tiveram receita 23% maior que negócios liderados por mulheres.

Levantamento do Data Nubank, em parceria com BID e Sebrae, mostra que MEIs liderados por homens tiveram receita 23% maior que negócios do mesmo porte liderados por mulheres. Foto: Christina @ wocintechchat.com / Unsplash

A pandemia causada pela Covid-19 atingiu de forma negativa os pequenos negócios comandados por mulheres no Brasil.A desigualdade de renda entre os gêneros de empreendedores aumentou em meio à crise, de acordo com um estudo inédito do Data Nubank, em parceria com o SEBRAE e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)

Segundo o levantamento, em 2020, MEIs liderados por homens apresentaram uma receita média 10,8% superior à dos negócios chefiados por mulheres. Já nos primeiros sete meses de 2021, a diferença aumentou quase 13 pontos percentuais, passando para 23%. 

“Em meio a pandemia, houve uma aceleração na diferença entre os rendimentos das mulheres empreendedoras e homens que também lideram seus próprios negócios. Isso confirma que a lacuna entre os gêneros no País ainda é um dos desafios mais evidentes do empreendedorismo por aqui e se reflete no quanto cada empreendedor ganha em seus negócios”, comenta Rafaela Nogueira, Gerente de Relações Institucionais no Nubank, doutora e mestre em economia pela Fundação Getúlio Vargas, que coordenou o levantamento de dados do estudo.  

Os impactos da pandemia de Covid-19 foram mais intensos para as mulheres não só na diferença de renda, mas também em relação à vida pessoal, já que, ao avaliar os negócios liderados por mulheres, é preciso considerar a perspectiva sócio-econômica, comenta Renata Malheiros, coordenadora do programa SEBRAE Delas. Mesmo antes da crise sanitária, as mulheres já dedicavam cerca de 10,4 horas a mais que homens por semana para atividades domésticas e de cuidado com a família, segundo o IBGE.

Segundo o BID, com o fechamento de creches e escolas, também foram elas as primeiras a sofrer com o acúmulo de jornadas de trabalho, o que acaba por impactar seus negócios também. Por isso, uma das primeiras áreas afetadas é a fonte de renda da mulher. Identificar esse fenômeno e trabalhar para superá-lo, para o BID, é essencial para promover crescimento econômico inclusivo.


NÚMERO DE EMPREENDEDORAS CAIU 50% A MAIS DO QUE HOMENS

O estudo mostra que a crise da Covid-19 também foi mais intensa para o fechamento de micronegócios liderados por mulheres: o número de empreendedoras caiu 50% a mais do que o total de homens que fecharam seus negócios. Além disso, a crise também atingiu a capacidade de economizar: em 2019, elas conseguiram guardar 17,2% em volume financeiro a menos do que os homens. Em 2021, essa diferença entre o montante guardado entre eles e elas aumentou para 47,6%.

“São mulheres que precisaram fechar seu negócio e que, por outro lado, sem a renda oriunda desse trabalho, vêm os homens com uma capacidade de poupança muito superior ao delas. Por isso, é fundamental questionar o que podemos fazer enquanto sociedade para superar os desafios do empreendedorismo feminino, e batalhar para que as lacunas de gênero sejam, se não eliminadas, ao menos reduzidas”, disse Renata. O estudo completo está disponível no blog do Data Nubank.  

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