Por que fracassamos?

As principais razões para o fracasso de profissionais e empreendedores muitas vezes estão mais relacionadas às suas deficiências em gerenciar suas emoções e comportamentos do que a falta de habilidades técnicas necessárias para suas funções.

As pessoas têm uma tendência em responsabilizar as questões técnicas, e, por isso, as emocionais acabam sendo minimizadas ou deixadas de lado até mesmo com certo preconceito ou, porque não, por um processo de autossabotagem.

No esporte, por exemplo, fica bastante visível o quanto os aspectos emocionais são determinantes em momentos de decisão. Ao bater um pênalti, de acordo com o equilíbrio emocional do atleta ou a falta dele, o que ele pratica diariamente e repetidamente, acaba se tornando um enorme desafio.

No ambiente de trabalho acontece o mesmo. A dificuldade de trabalhar em equipe, a falta de desempenho diante da pressão, o relacionamento entre chefe e subordinado, a forma como se lida com incertezas, o controle da ansiedade, dificuldade de liderar e de ser comandado, além da dificuldade de superar frustrações, dentre muitos outros aspectos emocionais, são fatores que frequentemente transformam excelentes profissionais (que dominam todas as suas tarefas do ponto de vista técnico) em membros medianos da equipe, diante de suas dificuldades de gerenciar justamente suas emoções.

Para um empreendedor, por exemplo, esses fatores passam a ter ainda mais importância, em especial porque ele vai precisar navegar em ambientes mais instáveis, com constantes mudanças de cenários econômicos, concorrência etc, ou seja, o chamado mundo VUCA – vulnerável, incerto, complexo e ambíguo.

Além disso, esses aspectos também irão, eventualmente, afetar os seus funcionários, os quais poderão decidir deixá-lo na mão, passar a trabalhar na concorrência ou, quem sabe, até mesmo “criar” uma demanda judicial.

Somado a isso acrescente também as questões relacionadas aos consumidores. Afinal, o produto ou serviço poderá ficar ultrapassado do dia para a noite e não gerar mais uma boa satisfação ao cliente, gerando assim, eventualmente, um aumento nas devoluções ou reclamações e, consequentemente, problemas com o fluxo de caixa, que já estava apertado por conta dos juros que aumentaram para manter o capital de giro. Com isso, o banco já começou a gentilmente ameaçar cortar o crédito do negócio.  Percebe o quanto os aspectos emocionais são importantes para o sucesso de um empreendedor?

No meio disso tudo, muitos se perdem, deixam de lado convicções importantes para que se mantenham capazes de virar o jogo, ficam desestimulados, perdem a visão e têm até vontade de desistir mesmo tendo consciência que essas adversidades também fizeram parte da vida daqueles que chegaram ao topo, mas foram capazes de lidar com elas de outra maneira, destacando-se da maioria e “chegando lá”. Muitas vezes, esses, que são constantemente aplaudidos, não são os que detêm o melhor conhecimento técnico. Aliás, isso é muito mais comum do que pensamos!

Por trás de qualquer história de sucesso há uma de coragem, determinação, resiliência, superação, inteligência emocional, liderança e um domínio técnico que, embora também seja muito importante, definitivamente não ocupa um espaço tão relevante quanto o mercado normalmente lhe atribui.

É por isso que estamos aqui falando muito mais sobre comportamento e mentalidade (mindset), pois, por diversos estudos já realizados, estes são os “ingredientes” que definem o destino de um profissional ou empreendedor.

Já quanto às informações técnicas, o que não faltam atualmente são lugares para o empreendedor aprender esse aspecto necessário para realização do seu projeto.

João Cosenza é consultor e fundador do Instituto Gestão Consciente.

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