Serial Franquia

À frente da SMZTO Holding de Franquias Multissetoriais, o empreendedor José Carlos Semenzato ostenta uma trajetória incrivelmente ascendente. De vendedor de coxinhas a professor de computação e idealizador da empresa de cursos profissionalizantes Microlins até a criação de sua própria holding, que hoje conta com 900 unidades sob gestão e um faturamento de R$ 1 bilhão em 2017. Os caminhos percorridos por ele, no entanto, foram vários e nem mesmo o sucesso da Microlins, que chegou a 700 franquias e 500 mil alunos sob seu comando foi suficiente para acomodá-lo em um confortável cenário.

O jovem oriundo de uma família humilde de Lins (SP) sempre sonhou alto e o resultado foi a criação, em 2010, da  SMZTO Holding de Franquias Multissetoriais. “Ter entrado no mercado de franquias foi bastante inusitado. Em 1994, a Microlins tinha 17 escolas próprias, deflação das mensalidades e, simultaneamente, leasing dos computadores em dólar, além de uma cotação que não parava de subir. Eu tinha duas opções: ou tornaria minha empresa uma rede de franquias – conceito que eu sequer conhecia à época – ou não existiria mais. E eu tive seis meses para transformar 17 escolas próprias em 16 franquias, já que a unidade de Lins continuou como própria”, relembra. De acordo com Semenzato, se ele tivesse planejado a transição de seu negócio para o franchising talvez não desse tão certo. As escolas da Microlins tinham mil alunos cada e o franchising chegou com uma opção necessária. A decisão arrojada, indicada por um amigo, e em meio a uma das maiores crises econômicas que o Brasil já viveu, rendeu bons frutos. Mais de uma década depois, a Microlins foi vendida por cerca de R$ 110 milhões ao Grupo Multi.

Mas a criação da Microlins não foi a primeira empreitada de Semenzato, cuja trajetória começou cedo. Aos 13 anos, já vendia as coxinhas que sua mãe, dona Alzira, fazia em casa. Em pouco mais de um ano, conseguiu comprar uma bicicleta. Tempos depois, um Fusca. “Nesta época, fui fazer um curso de computação e de programação, conhecimento que me ajudaria a escrever meu nome no empreendedorismo”, lembra. Neste período, o jovem trabalhava em uma copiadora da cidade e, aos 16 anos, tornou-se o gerente da operação graças à excelência que mantinha no atendimento aos consumidores, qualidade que fez com que diversos clientes só quisessem ser atendidos por ele. “Foi quando eu entendi que a diferença está nos detalhes e que minha preocupação com o atendimento era, de fato, importante”, ensina.

Meses depois foi convidado a trabalhar em uma grande construtora da cidade. “Esse mundo me fascinava, passava de 12h a 14h dentro de uma sala programando. Com isso, aos 17 anos, eu já tinha desenvolvido softwares de controle de gado, de contas a pagar e a receber e de controle de estoque”, diz. Aos 18 anos, foi convidado pelo Instituto Americano de Lins para ser professor de segundo grau em computação. “Dar aulas para alunos praticamente da minha idade foi um desafio enorme. Passados seis meses, os alunos começaram a me procurar para aulas de reforço aos sábados e domingos. Comecei, então, a dar essas aulas adicionais no computador do meu sogro, numa padaria em Lins”, recorda. Mas a trajetória ascendente apenas começava e, em 1991, aos 23 anos, Semenzato decide trocar um promissor emprego de professor para criar sua própria empresa, a Microlins.

Com o dinheiro da rescisão – e em meio às emoções do nascimento do primeiro filho – Semenzato comprou quatro computadores e acrescentou todas as economias adicionais que tinha para criar a Microlins. Pouco tempo depois, além da arriscada decisão de franquear a marca, ousou mais uma vez, quando passou a inserir sua rede em ações de merchandising na televisão brasileira. “Em 2001, tive de tomar uma decisão muito difícil. Tinha uma Mercedes, de R$ 200 mil, e recebi uma proposta para colocar a Microlins na TV brasileira, em rede nacional. Era preciso pagar R$ 300 mil e meu sócio foi contra. E eu tinha convicção de que se não levasse minha marca a todo o Brasil, eu não ganharia escala. Assinei a fatura tomando o risco sozinho e, 45 dias depois, a empresa criou mais de R$ 1,5 milhão em recebíveis. Paguei a primeira fatura e nunca mais saí da televisão”, relembra.

A presença nos programas de TV fizeram com que outras marcas fundadas por Semenzato também ganhassem notoriedade e corpo dentro do franchising, como o Instituto Embelleze. “Capacitamos mais de 150 mil cabeleireiras ao ano. Tenho muito orgulho de ter ajudado a renda de diversas famílias a subir substancialmente”, afirma. O grande sucesso, entretanto, mais uma vez não o fez parar. Em 2008, buscou novamente voos mais promissores ainda.  “Levei quase 10 anos para colocar a Microlins em pé e, mesmo sendo a empresa a que dediquei minha vida, sentia que precisava fechar um tempo para balanço. Por isso, a venda da minha empresa não foi o fim do meu sonho, muito pelo contrário: aquele empreendedor com uma trajetória sofrida estava recebendo uma oportunidade – um cheque para iniciar uma nova fase”, define.

Com a criação da SMZTO Holding de Franquias Multissetoriais, a primeira aquisição foi a L’Entrecôte de Paris, rede de franquias que tem a proposta de oferecer um prato único, o famoso entrecôte, banhado em um molho secreto com 21 ingredientes e que leva 36 horas para ficar pronto, acompanhado de fritas e salada. “Nossa proposta é oferecer experiência em alta gastronomia em 25 operações em todo o Brasil”, aponta Semenzato. Segundo ele, cada dia mais a empresa aponta suas energias para acelerar negócios já testados e com desejo do consumidor, seja uma expansão no modelo de lojas próprias ou franquias. O grande desafio está em encontrarmos negócios com potencial de crescimento, que tenham em sua essência qualidade, desejo do consumidor, escala, custos e margem que remunere os franqueados e a própria cadeia.

O outro desafio tem sido encontrar sócios-fundadores e operadores que comunguem dos mesmos valores da SMZTO, como é o caso das parcerias com a apresentadora Xuxa Meneghel, nas marcas Casa X e Espaçolaser e de Gustavo Kuerten na LifeUSA, além de outras cinco marcas em seu portfólio, como o Instituto Embelleze. Para José Carlos Semenzato, o franchising brasileiro está em um processo de grande afirmação. “Sinto o Franchising Brasileiro cada dia mais maduro, liderado por empresas e marcas com forte comprometimento com uma gestão de qualidade, que agregue valor a toda a cadeia. Acredito muito numa consolidação, onde os grandes grupos que lideram em seus segmentos assumirão um papel cada vez mais forte, no sentido de perenizar os negócios. Na contramão dessa forte consolidação, vejo alguns pequenos aventureiros, que na ânsia da vontade de crescer e construir redes a qualquer custo, morrerão, dando espaço cada vez mais para os grupos que estão apostando no longo prazo, com governança e compliance”, ensina o mago das franquias.

Para ele, os jovens empreendedores brasileiros devem cada vez mais acreditar na sua força de trabalho e no poder de seus sonhos. “Que sonhem e que façam do sonho o grande combustível para a realização. Como a informação está disponível para todos a custo baixo, que se capacitem e nunca deixem de aprender, pois com a economia exponencial que vivemos, cada vez mais vai exigir líderes conectados, disruptivos e que pensem em rede, usando o potencial de mobilização das pessoas”. Semenzato acredita que o país está pagando o preço de ter acreditado num modelo de gestão que fracassou.

Resta agora acreditar que os brasileiros tenham aprendido a lição e escolham os melhores líderes neste ano eleitoral, renovando a política, elegendo pessoas que estejam alinhados nos pilares das reais necessidades do país. “Para que essa transformação se concretize, é preciso que cada um de nós sejamos o protagonista dessa transformação, seja na empresa, em casa, nos clubes e em todos os ambientes em que possamos pregar esse novo Brasil que todos nós sonhamos e podemos. Na minha visão, não existe ambiente para o desenvolvimento do país, se não tivermos harmonia entre política e preceitos econômicos, sem isso certamente o país caminhará para o caos. Por isso, reforço que os brasileiros precisam eleger políticos alinhados com as reais necessidades do nosso Brasil, entre elas, reforma política, reforma trabalhista e reforma tributária”, avalia.

Para o empreendedor o pior da tempestade econômica já passou e o momento agora é de focar em um novo modelo de desenvolvimento econômico, que impulsione o país para um crescimento sólido a partir de 2019.

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