Variação cambial segue ótima para a venda de produtos importados

A variação cambial segue ótima para a venda de produtos importados e o impulso do varejo de comercializar itens de outras nacionalidades deve ser o maior dos últimos anos no País, com a desvalorização do dólar perante a moeda nacional. Assim, a perspectiva é de que os estoques de 2012 sejam reforçados com produtos estrangeiros, como celulares, computadores, laticínios e bebidas, entre outros. A projeção é o varejo ver incremento de até 20% entre as opções de produtos nas lojas ao longo deste ano.

Afora a questão da moeda, há também o impulso pela compra. A curiosidade do consumidor em experimentar o que antes não estava em seu padrão financeiro, por conta do aumento da renda da classe média, principalmente, faz com que os produtos importados atinjam cada vez mais um patamar expressivo de vendas, e seja a aposta certa para as redes varejistas nacionais. A tendência vem de fortes indicativos, como o de que, no segundo trimestre de 2011, há cerca de um ano atrás, 22,9% dos produtos retirados pelo consumidor das prateleiras varejistas brasileiras já eram de itens importados. O cenário apontado representa um crescimento de 1,3% na comparação com 2010 – conforme dados apurados junto à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Segundo Fábio Pina, economista da Federação do Comércio, Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), "As redes procuram mais os produtos de outras nacionalidades, justamente pelo câmbio que tem sido ótimo para a importação".

Ainda segundo o especialista, há uma gama de produtos expressiva que tende a atrair a atenção e o gosto do freguês. " Podemos usar como exemplo o vinho, que hoje é bem mais em conta do que há cinco anos. Essa queda do preço de alguns produtos faz com que o consumidor tenha interesse em experimentar. Os importados passaram a ser competitivos no Brasil", explica o economista da Fecomercio-SP.

A opinião é confirmada por outros especialistas no assunto varejo de produtos fabricados em outros países. Maurício Stainoff, presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estados de São Paulo (FCDLE-SP), acredita também que possa ocorrer novos recordes na venda desses itens no País. "O cenário econômico visto em 2011 permanecerá neste ano. Então teremos uma indústria menos aquecida, o dólar com pouca variação na comparação com 2011. Logo é a hora que o varejo renova os estoques. O que vai prevalecer para abastecer as redes será o preço e a qualidade", diz.

Outro fator que influenciará os importados é a demanda de mercado, que está aquecida pela inserção no consumo da classe C, que tem mostrado maior interesse em produtos como os eletroeletrônicos – celulares, computadores. "Os eletrônicos são sempre os itens mais vendidos pelas redes varejistas", explica Stainoff.

Na opinião de Roque Pellizzaro Junior, economista e presidente da Confederação de Dirigentes Lojistas (CNDL), o que influência cada vez mais a entrada de produtos importados nos supermercados, além de lojas de vestuário e alimentação, é justamente o fato de a indústria nacional não conseguir suprir a demanda de mercado na faixa de preço e qualidade dos importados.

"É uma questão de preço. O Brasil apresenta condições favoráveis para a importação de produtos, além do consumo crescer acima da capacidade da indústria. Esses fatores, somados, fazem com que esses produtos aumentem no mercado, e que tenham tido um ápice no ano passado", enfatiza.

Supermercados

Utensílios domésticos, vinhos e alimentos são os produtos em maior número, com fabricação em outros países segundo Martinho Moreira Paiva, diretor de economia da Associação Paulista de Supermercados (Apas). "Temos em torno de 40% de produtos importados nas prateleiras dos supermercados e esses itens estão divididos ente produtos para casa como – talheres e xícaras – bebidas alcóolicas e alimentos, em sua maioria vindos de China, Argentina e Chile", explica Moreira.

A associação acredita que este ano não haverá mudanças nesse cenário de grande números de importados em competição direta com os produtos nacionais. "A questão não está no preço, ser mais barato ou mais caro, e sim na procura. Se houver demanda, o mercado vai procurar esses produtos para atender o seu consumidor", que completa: "Outro fator de extrema importância é que os produtos importados possuem maior variedade. As indústrias de outros países costumam produzir em larga escala, o que traz maior diversidade para o consumidor e o que difere da produção nacional".

Alguns dos grandes players desse mercado, como as redes Walmart, Carrefour e Pão de Açúcar, que têm forte histórico na venda de produtos de outros países, foram procurados pela reportagem. A ideia era tentar confirmar as informações sobre o aumento de produtos de países vizinhos, mas até o fechamento desta edição as empresas não se manifestaram sobre o assunto.

Comércio popular

A distribuidora Semaan tem 70% de produtos importados em sua maioria tecnológicos. O número é explicado por Marcelo Mouawad, que é diretor comercial da rede, por possuírem melhor desempenho e por a indústria nacional não conseguir suprir a demanda aquecida nesse segmento", diz ele. Ainda segundo Mouawad, esse crescimento só será sustentado se o câmbio estiver favorável.

Exemplo de força de vendas vem da rede Armarinhos Fernando, em que 15% dos produtos disponíveis nas lojas são importados da China. Para Ondamar Ferreira, gerente geral da matriz, essa porcentagem se explica pela menor tributação dos importados frente aos nacionais. "Desses 15% , a maioria dos produtos importados são brinquedos vindos da China, que por vezes chegam a ser mais baratos para o consumidor dos que os de produção nacional. Ferreira ainda enfatizou que a margem de lucro é um pouco maior, e se continuar a demanda a rede se beneficiará com o maior consumo de importados.

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