Como o ESG aliado à inovação impulsiona a competitividade empresarial e o impacto social

Por César Costa, CEO da Semente Negócios*

Nos últimos anos, observamos o início de uma transformação no mundo dos negócios. Para parte significativa dos empresários e da sociedade, o sucesso empresarial passou a não ser medido apenas pelo lucro, mas leva em conta também o compromisso com as esferas sociais e ambientais. Nesse cenário, o tão falado conceito de ESG (Environmental, Social and Governance) surge como uma bússola, orientando as empresas em direção a práticas mais sustentáveis e éticas.

Ainda temos muito a melhorar e considerar coletivamente para construção de uma nova lógica de mercado, mas não é eufemismo dizer que o ESG está amplamente presente no horizonte das empresas. Recentemente, a Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio), realizou uma pesquisa em parceria com a startup Humanizadas que identificou duas grandes tendências para 2024: a Inteligência Artificial, citada por 60% dos participantes, e a Agenda ESG, assinalada por 51% dos 700 empresários entrevistados. 

Não é difícil entender as razões que levam a esse interesse crescente. Para além dos valores e preocupações individuais de cada negócio com o futuro de nosso planeta, a conscientização social e ambiental é uma pauta que tem ganhado espaço na mídia e no dia a dia das pessoas. Os consumidores estão cada vez mais atentos a quais empresas estão fazendo parte do movimento, preferindo se associar a marcas engajadas com as mudanças climáticas, igualdade de gênero e transparência corporativa. Confirmando essa visão, vem a edição 2024 do Panorama ESG da Amcham, estudo que identificou que mais empresas estão incorporando o conceito, chegando a incríveis 71% de adoção de iniciativas (no ano passado, o número ficou em 47%). 

Mas implementar a agenda ESG significa mais do que o mero cumprimento de um checklist. É fundamental que esses valores sejam integrados verdadeiramente com a cultura da empresa e os seus processos. Consolidar essa abordagem é um baita desafio que exige um compromisso firme de diferentes setores de uma empresa. Muitos negócios podem lidar com problemas de implementação do ESG por falta de métricas e indicadores que possam avaliar o progresso e levar transparência para os stakeholders. Ou, justamente pela transformação na cultura empresarial, pode haver resistência de colaboradores de diversos níveis às mudanças dos processos. 

Ter uma boa estruturação de dados, com foco nos objetivos reais e alcançáveis é imprescindível para que a transição para a agenda ESG seja possível. Por isso, uma liderança engajada com as práticas é uma figura importante para mobilizar a organização para um mesmo caminho. É aqui que a inovação entra em cena, trazendo mudanças de dentro para fora. A ligação entre inovação e ESG é essencial na medida em que não só responde à demanda do mercado, mas também oferece às empresas oportunidades de crescimento e diferenciação organizacional através de resultados alinhados à necessidade de gerar impacto positivo.

É nesse contexto, de encaixe de princípios e impulsionamento da competitividade empresarial, que é válido se aprofundar especificamente na inovação que valoriza a vida. Essa forma de colocar em prática a inovação carrega ainda mais potência quando unida à agenda ESG, agindo de forma complementar. O foco da inovação que valoriza a vida é considerar sistematicamente todas as esferas afetadas pelos processos de uma empresa. Ao colocar ambos os conceitos em prática, somos capazes de gerar impactos ainda mais conscientes e abrangentes. E quanto mais negócios se posicionam em prol da construção de um futuro melhor, mais compreensão trazemos ao mundo sobre a necessidade de aliarmos lucro e propósito. 

 

*César Costa é Diretor Executivo na Semente Negócios. Administrador e Mestre em Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade pela UFRGS. Estudou Management na Lund University, Strategic Management & International Business na University of La Verne, Disruptive Strategy na Harvard Business School. É certificado como Conselheiro de Inovação pela Inova Business School, em Coaching e Análise Comportamental pelo Instituto Brasileiro de Coaching e em ESG pela KPMG Business School. Já apoiou dezenas de startups em diferentes estágios de maturidade e desenvolveu projetos de inovação em diversas organizações de grande porte.

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