Por Fabiana Ramos, CEO da PinePR*
Modelos de trabalho híbridos têm perdido força no pós-pandemia, mas trazem grandes vantagens para empresas e colaboradores
Pessoas e empresas monolíticas têm cada vez menos espaço no mercado – mas esse não é um processo linear. Como acontece com as ondas do mar, os movimentos vêm e vão, em um fluxo e refluxo constante. Em alguns momentos, porém, esse ciclo ameaça benefícios que deveriam ser permanentes – porque os ganhos com a mudança são imensos.
Infelizmente, mudar incomoda. Às vezes é quase uma dor física. Tanto quanto a dor de ver conquistas que pareciam permanentes serem revertidas. Mas andar, seja para frente ou para trás, é uma escolha de cada um. Minha escolha, sempre, é seguir adiante.
Um bom exemplo disso é o que temos feito na PinePR em relação ao trabalho híbrido. Antes da pandemia, empresas (inclusive as de comunicação) raramente trabalhavam remotamente: mesmo com as ferramentas e facilidades da internet, o normal era fazer todo o time acordar muito cedo, encarar o trânsito para ir ao escritório, trabalhar de lá ou fazer reuniões presenciais e, no fim do dia, fazer o caminho de volta para casa.
Com o isolamento social e a pandemia, inúmeros setores abraçaram o trabalho remoto – inclusive as agências de comunicação. Para nós, é uma mudança que não volta atrás. Reunimos os times no escritório para realizar treinamentos, workshops, reuniões estratégicas, celebrar resultados e fazer a integração entre os times, continuamos a valorizar os encontros presenciais que fortalecem nossa cultura corporativa e promovem a colaboração. Bater ponto no escritório? Não, obrigado: acreditamos que os colaboradores têm responsabilidade para organizar seu tempo e suas atividades da melhor forma, equilibrando a vida pessoal e profissional.
Para nós, o trabalho híbrido combina vários de nossos valores:
Balance is good: Acreditamos que o equilíbrio entre o pessoal e o profissional é essencial para que nossos colaboradores sejam felizes e trabalhem bem.
Better together: Atuar em parceria é essencial. Por isso, os momentos de interação e integração durante nossos treinamentos e reuniões são muito valorizados, por nós e pelo time no geral.
We enjoy the Journey: Aproveitar a jornada é celebrar conquistas, valorizar resultados, fazer parte de uma empresa que prioriza o desenvolvimento pessoal de cada um. Cada momento é uma oportunidade para crescer, aprender e celebrar juntos.
Extra mile: Aqueles que vivem e ajudam a construir um ambiente acolhedor e positivo se sentem naturalmente motivados a ir além, entregando resultados excepcionais de maneira espontânea e alegre.
Lifelong learners: Acreditamos que o aprendizado é uma jornada para toda a vida. Com o modelo de trabalho híbrido, os colaboradores têm a vantagem de não perder horas preciosas no trânsito diariamente. Podem utilizar esse tempo para investir em seu desenvolvimento pessoal e profissional.
Hora de ir na contramão
Neste momento, estamos vendo um refluxo no movimento do trabalho remoto / híbrido. Mesmo cargos e profissões que não precisam de presença física ou precisam apenas eventualmente estão sendo pressionados pelas empresas para retornar ao modelo 100% presencial.
Durante a pandemia, bairros que concentravam grandes empresas e escritórios ficaram vazios – indicando que o modelo de trabalho poderia ser revisitado sem prejuízos aos negócios. No entanto, uma mentalidade de “comando e controle”, a insegurança dos gestores e a dificuldade em encontrar processos eficientes e métricas que mensurem corretamente a performance das entregas impulsionam a volta aos escritórios – um retorno ao ‘mais do mesmo’, que não gera necessariamente inovação e pode desestimular o senso de pertencer.
Mas existem modelos inteligentes de trabalho. É possível reverter esses obstáculos e manter equipes em trabalho híbrido, ou até mesmo 100% remoto – desde que a cultura seja trabalhada para valorizar os colaboradores. Para isso, é crucial implementar processos eficazes, métricas claras e objetivas, e desenvolver lideranças verdadeiramente focadas na gestão e no desenvolvimento de suas equipes.
Para isso, é necessário mudar alguns padrões estabelecidos na maioria das empresas:
Mentalidade de “comando e controle”: dar autonomia às equipes é um desafio que esbarra nas lideranças de muitas empresas. É necessário treinar líderes que possam lidar efetivamente com os desafios do gerenciamento à distância. A competência mais importante não é a capacidade de controlar o time, e sim de inspirar os profissionais a ir além, propondo ideias e executando com excelência.
Insegurança dos gestores: é preciso acolher os líderes e apresentar critérios claros de avaliação, com base em orientações consistentes e encorajamento à adoção de abordagens mais inovadoras e proativas. Esse costuma ser um problema nas empresas: pessoas que não sabem bem o que se espera delas tendem a se fixar em hábitos adquiridos – como a mentalidade controladora e a indisposição em propor inovações.
Medição do desempenho: como você é avaliado? Muito provavelmente, a resposta é “não sei”. E esse é um grande problema. É possível implementar indicadores de desempenho para que todo o time saiba o que se espera e qual é o caminho a ser percorrido. Temos colocado essa questão em prática, e sempre medimos o nível de satisfação dos colaboradores com o e-NPS. Atualmente, temos o marco de 90 pontos, que é considerado nível de excelência. A porcentagem do turnover também tem se destacado: com plano de carreira, de desenvolvimento e um RH presente no dia a dia, chegamos em 13%.
Desenvolvimento contínuo: é necessário investir em treinamento, contar com um plano de desenvolvimento individual dos profissionais, realizar feedback contínuo de forma estruturada, com base em uma comunicação aberta. Isso leva tempo e exige repensar processos internos. Nem sempre é confortável, mas é absolutamente necessário para obter sucesso.
Nossa experiência aqui na PinePR tem mostrado que reverter esses obstáculos é possível – e dá resultados. Nos últimos 4 anos, desde que abraçamos esse modelo mais independente de trabalho e empoderamos nossos times, nosso faturamento saltou 200%. Outro índice que a gente mede o sucesso das nossas ações e como têm impactado positivamente os mais de 100 clientes ativos é o nosso NPS, que também atingiu a zona de excelência, com 80 pontos.
Isso não é mágica, e sim um trabalho muito bem estruturado. Nos últimos anos, aprimoramos nosso modelo de trabalho, ajustando processos e aperfeiçoando nossas entregas. Aprendemos com cada desafio, o que nos permitiu alcançar a excelência na execução dos modelos de trabalho híbridos. Com isso, nos tornamos uma agência que não somente cresce de forma sólida e consistente, como também mantém um alto nível de eficiência nas entregas.
O trabalho híbrido é uma forma moderna de atuar em equipe, de modo flexível, com velocidade e responsabilidades claras. Funciona para todo mundo? Funciona para quem desenvolve equipes maduras, com lideranças alinhadas à estratégia, dentro de uma visão que nasce de cima e é disseminada em todo o time. Sempre com muito diálogo para que os clientes sejam bem atendidos e os resultados sejam, sempre, os melhores possíveis.
*Fabiana Ramos é CEO da PinePR, agência de PR especializada no atendimento a scale-ups, empresas de tecnologia e grandes players inovadores, com atuação dentro e fora do Brasil, e possui 20 anos de experiência em empresas multinacionais. É responsável pela expansão comercial da agência e por posicionar a PinePR como referência no mercado, garantindo a melhor experiência para os clientes. Em sua última experiência, atuou por 3 anos na expansão comercial da Swarovski, desenvolvendo uma abordagem internacional de vendas.