IA, Blockchain e experiência do cliente: os aprendizados e tendências da Febraban Tech para fintechs e bancos

Por Cristiano Rocha, Chief Risk Officer da Open Co*

A cada nova edição, a Febraban Tech se firma como expoente de tendências, ensinamentos e novos rumos para os serviços financeiros no Brasil. Neste ano, o evento foi marcado por diversos insights revolucionários e novidades que prometem transformar a maneira como as instituições financeiras operam e interagem com seus clientes. Um dos principais destaques, como já esperado, foi o crescimento da IA (Inteligência Artificial) no setor financeiro.

As conversas giraram em torno da discussão sobre como essas tecnologias estão sendo usadas para melhorar a eficiência operacional, personalizar a experiência do cliente e reduzir riscos. Outro ponto alto foi a colaboração  entre fintechs e bancos tradicionais com ênfase para o quanto as startups financeiras têm desempenhado papel fundamental para impulsionar o setor neste processo.

Principais ganhos da IA
Entre os principais ganhos da IA abordados no evento, estão a automação de processos. Instituições financeiras estão cada vez mais adotando este recurso para automatizar tarefas repetitivas, reduzindo custos operacionais e diminuindo a incidência de erros humanos. Os principais exemplos incluem a automatização de processos operacionais e atendimento ao cliente através de chatbots inteligentes.

Outra aplicação bastante comentada foi sobre o impacto positivo sobre a personalização de serviços a partir do uso e análise de dados. Algoritmos de machine learning, por exemplo, analisam o comportamento dos clientes e preveem suas necessidades, oferecendo soluções financeiras sob medida.

A utilização da IA também foi bastante comentada em relação ao quanto tem sido eficaz para prevenção de fraudes. Sistemas baseados em IA podem identificar padrões anormais e suspeitos em tempo real, alertando as instituições sobre possíveis atividades fraudulentas antes que causem danos significativos.

Principais lições e aprendizados para bancos e fintechs
Na minha visão, o principal aprendizado para bancos e fintechs da FEBRABAN 2024 está na força que parcerias estratégicas podem proporcionar ao setor. Os benefícios são inúmeros, combinando a agilidade e a inovação das fintechs com o potencial de escala e a confiança das empresas e dos bancos estabelecidos. Isso resulta em produtos e serviços inovadores que atendem melhor às necessidades dos clientes.

O evento também mostrou o quanto as fintechs estão liderando a inovação em soluções de pagamento, incluindo carteiras digitais, pagamentos por aproximação (NFC) e soluções de pagamento instantâneo. Essas inovações estão tornando as transações financeiras mais rápidas, seguras e convenientes para os consumidores, além de aumentar a  inclusão financeira dos brasileiros, com a oferta de serviços bancários a populações desatendidas ou subatendidas.

Força do Blockchain, Criptomoedas e Open Finance
O blockchain e as criptomoedas continuaram a ser um assunto relevante na Febraban Tech 2024. As principais discussões foram de como essas tecnologias estão remodelando o cenário financeiro, oferecendo maior transparência, segurança e eficiência nas transações. O uso de contratos inteligentes em blockchain foi destacado como uma ferramenta que está revolucionando a forma como os acordos são firmados. Esses contratos auto executáveis garantem que as transações sejam realizadas de forma segura e transparente, sem a necessidade de intermediários.

As instituições financeiras estão usando criptomoedas cada vez mais para facilitar pagamentos internacionais, diminuindo custos e aumentando a velocidade das transações. A tecnologia blockchain permite transferências praticamente instantâneas e com menores taxas de transação.

Outro ponto alto é o quanto a tokenização de ativos físicos e digitais que vem se popularizando. Isso permite que ativos como imóveis, obras de arte e até mesmo ações sejam representados como tokens em blockchain, facilitando a negociação e aumentando a liquidez.

Já os movimentos de Open Banking e Open Finance estão ganhando cada vez mais tração globalmente, tendência que está transformando o setor financeiro.  A iniciativa permite que clientes compartilhem dados financeiros com terceiros de forma segura e estruturada, possibilitando uma maior competição e inovação no setor, o que resulta em produtos e serviços mais competitivos e personalizados.

Foco na Experiência do Cliente
Por fim, a melhoria da experiência do cliente foi um dos focos principais da Febraban Tech 2024. Uma das principais tendências está na criação e desenvolvimento de interfaces de usuário intuitivas e amigáveis com aplicativos bancários com design simplificado e funcionalidades claras que ajudam a aumentar a satisfação e a lealdade do cliente.

A oferta de uma experiência omnichannel , na qual os clientes podem interagir com a instituição financeira por meio de múltiplos canais (telefone, chat, e-mail, redes sociais) de forma integrada e consistente, está se tornando um padrão. Isso garante que os clientes recebam suporte e atendimento de alta qualidade, independentemente do canal utilizado. Com uma comunicação cada vez mais horizontalizada, as ferramentas de feedback para coletar opiniões dos clientes e fazer melhorias contínuas em seus serviços terão mais e mais relevância, com destaque para pesquisas de satisfação e análise de sentimentos em chats e redes sociais.

 

*Cristiano Rocha é formado em Engenharia de Computação pela PUC-RIO. Possui mestrado em Inteligência Artificial pela mesma universidade e é pós-graduado pela Harvard Business School em Gestão de Negócios na América Latina. Experiente empreendedor da cena tech brasileira, fundou a AfferoLab, a maior empresa de educação e treinamento corporativo do Brasil, vendida em 2015 para o grupo de mídia alemão Bertelsmann. Em 2016, cofundou a BizCapital, focada em empréstimos online para pequenas empresas, onde passou a ser responsável por liderar o time de Data Science e Crédito e, depois de sete  anos, se juntou à Open Co, fintech de crédito sem garantias detentora das marcas Geru e BizCapital, após a fusão com a última. Na Open Co, o executivo assumiu o cargo de CRO (Chief Risk Officer). Cristiano também é um investidor anjo ativo no ecossistema brasileiro, tendo investido em startups de sucesso.

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