Roubos e acidentes no transporte de cargas em 2024: 3 inovações para quem busca resultado “de verdade”

Por Diego Gonçalves, Head de Visibilidade e Gerenciamento de Riscos da nstech*

Gerenciamento de risco é, indiscutivelmente, um processo fundamental para quem faz parte do ecossistema de transporte e logística no Brasil. Não tenho a pretensão, aqui, de abordar o contexto histórico do tema. Meu objetivo é analisar o cenário atual, apresentar insights sobre as novidades e mostrar quais benefícios reais são o output de conhecer e aplicar as ferramentas certas na prática e no dia a dia das operações.

Antes, no entanto, é preciso lembrar as razões pelas quais investimos em gerenciamento de risco no transporte de cargas: nossa missão principal é levar um produto do ponto A ao ponto B no tempo combinado, em segurança e com custo adequado.

O problema é que esses três pilares estão se tornando ainda mais desafiadores. Quando falamos em “tempo combinado”, ele é sempre um desafio. Nós, clientes, queremos entregas cada vez mais rápidas e essa demanda pressiona toda a cadeia logística, inclusive os custos e a segurança.

Dado que as empresas – transportadores, operadores logísticos e indústrias – não podem forçar muito a alavanca “tempo”, a pergunta que fica é: como entregar o produto no destino em segurança e com custo adequado?

Hoje, neste artigo, vou manter o foco em um desses aspectos, a segurança, mas prometo voltar aqui, outra hora, para falar também sobre custo no gerenciamento de risco, custo logístico e como obter ótimos resultados.

No Brasil, os prejuízos com roubosacidentes e outros sinistros no transporte rodoviário de cargas são um problema sério. As gigantescas cifras de mais de R$1,2 bilhão anual em perdas com roubos e mais de R$12 bilhões/ano com acidentes são números que exigem atenção diferenciada. Em 2023, o Brasil registrou mais de 17,1 mil roubos de carga, um crescimento de 4,8% na comparação com o ano anterior.

Diante desse cenário crítico – especialmente para um país com matriz de transporte predominantemente rodoviária, precisamos pensar fora da caixa para driblar os riscos e alcançar, com sucesso, o objetivo de entregar os produtos no destino.

De olho nessa meta, compartilho com vocês três importantes pilares do processo de gestão de risco que serão remodelados em 2024 e serão capazes de entregar resultados fantásticos na mitigação de roubos e de acidentes nas operações de transporte.

1. New background check – Cadastro e pesquisa de motoristas e veículos
Sim, o serviço de cadastro e pesquisa de motoristas e veículos mudou, se reinventou e está muito melhor e inovador. Este importante processo do gerenciamento de risco ganhou novas features nos últimos 12 meses para operar em segmentos complexos, como por exemplo o agronegócio, obtendo baixa sinistralidade. Como sabemos, dados “são o novo petróleo” e processar a quantidade de informações disponíveis em fontes públicas e em nossos próprios bancos de dados era uma demanda latente que tardava a acontecer.

Atualmente, é possível fazer uma análise mais profunda para apoiar transportadores, embarcadores e operadores logísticos no momento de selecionar o melhor motorista para cada tipo de transporte. Com este novo conceito, new background check, é possível avaliar, além dos tradicionais dados, outras 15 ou 20 lógicas variáveis de dados, no mínimo. Essas informações orientam a tomada da melhor decisão eem consequência, tornam o transporte mais seguro.

É fato que cada operação tem sua particularidade, seus níveis de exposição ao risco (roubosacidentes e riscos de avarias) e sua necessidade de aprimorar as habilidades dos condutores. Também é fato que players do mercado de gerenciamento de risco detêm em seus históricos valiosos insights para que, de forma preditiva, se possa ser mais assertivo na seleção de um motorista.

Então, a lógica é simples: ao escolher o serviço de cadastro e pesquisa, avalie o grau de uso de dados explorados para o resultado. Um bom cadastro de motorista e veículos avalia:

  1. Fontes tradicionais públicas de dados;

  2. Cruzamento de dados cadastrais de veículos e motoristas;

  3. Score de risco com base em histórico gerais;

  4. Score de acidentes com base em perfil de condução;

  5. Histórico de performance no monitoramento de viagens;

  6. Histórico de competências, nível de conhecimento e experiência com tipos e valores de cargas, e

  7. Ferramentas de análises de identidade.

Atualmente, essas checagens já são uma realidade e apoiam a cadeia logística e o setor de transporte de cargas no controle e na redução das sinistralidades.

2. Data analytics no monitoramento de veículos e cargas
O monitoramento on-line de veículos e cargas, assim como o cadastro, é um processo antigo que, com o passar dos anos, vem se reinventando. Entre especialistas em gerenciamento de risco é consenso que uma das principais dificuldades no processo de monitoramento é ser assertivo e ágil para mitigar perdas em meio à quantidade de alarmes falsos que ocorrem durante as viagens.

Alarmes falsos são os pesadelos das operações. Durante uma viagem do ponto A ao ponto B temos, em média, mais de 20 casos suspeitos que não passam de alarmes falsos. Cabe, portanto, uma pergunta: por que temos tantos alarmes falsos? A resposta é: “Uma somatória de fatores”.

Para detectar um “possível roubo”, é necessário que o equipamento de rastreamento (hardware instalado no veículo) funcione perfeitamente, mas isso pode ser um desafio devido ao perfil de comunicação do equipamento (GPS/Satelital/Híbrido) vs rota.

A manutenção dos equipamentos frente à pressão no flow logístico é outro fator, assim como o manuseio do equipamento por parte do motorista, falhas no treinamento dos profissionais, entre outros.

Pois bem, se teremos alarmes falsos, como podemos ser ágeis e assertivos? A resposta está em usar data analytics integrado aos workflows e alertas dos softwares de monitoramento.

Precisamos, para melhorar a eficiência e a eficácia no monitoramento, utilizar massa de dados histórica e on-line para direcionar os esforços dos operadores de monitoramento das gerenciadoras de risco na atuação de casos mais críticos e com maior propensão de ser um real sinistro.

Outra importante evolução que já é realidade é o uso de data analytics conectado aos softwares integrados para suportar o monitoramento de veículos e cargas. Os dados de sinistros e viagens retroalimentam e ensinam o software sobre quais são os locais com maior probabilidade de sinistro (regiões atuais e dinâmicas que estão em mapa crítico de ataques) e quais correlações/junções de alarmes aumentam a criticidade/probabilidade que determinado veículo/carga esteja roubado.

Com mecanismos on-line de data analytics, já é possível ser até cinco vezes mais ágil no monitoramento da viagem. Essa agilidade se reflete, então, em cinco vezes mais velocidade no momento de evitar e/ou recuperar um prejuízo por roubo, por exemplo.

Por isso, é crucial estarmos antenados aos movimentos tecnológicos e seus benefícios no monitoramento de veículos e cargas. Mas não é só isso. Aliado ao uso de tecnologia é super importante ter uma equipe bem treinada e amparada por ferramentas de apoio nesta função tão estratégica que é monitorar uma viagem.

3. Uso de IA para prevenção de acidentes & Torre de Controle Safety
O avanço tecnológico tem revolucionado o transporte rodoviário de cargas, especialmente no que diz respeito à segurança. Mais de 60% dos prejuízos nas apólices de seguros de transporte são atribuídos a acidentes, cujas consequências tanto humanas quanto econômicas são significativas. Para enfrentar esse desafio, o mercado tem adotado soluções inovadoras, como Inteligência Artificial (IA), câmeras com sensores de fadiga e sistemas avançados de assistência ao condutor (ADAS).

Com a implementação de tecnologias de última geração, como câmeras de segurança e IA, é possível analisar dados e antecipar potenciais riscos de acidentes. Por meio da IA, comportamentos de alto risco, como excesso de velocidade, distração do condutor e uso de celular ao volante, podem ser identificados e monitorados em tempo real. Uma gestão eficaz desses comportamentos pode reduzir significativamente as chances de acidentes durante as operações.

Mesmo para frotas que ainda não possuem câmeras de segurança, existem plataformas de prevenção de acidentes que utilizam os dados do rastreador do veículo para identificar padrões de comportamento inadequados, como excesso de velocidade e frenagem brusca, e fornecer informações em tempo real sobre possíveis riscos de acidentes.

As Torres de Controle Safety representam outra inovação importante nesse contexto. Essas soluções contam com analistas especializados que monitoram o fluxo logístico e interagem com os diversos elos da cadeia, incluindo os motoristas, para corrigir comportamentos e prevenir acidentes graves.

Em resumo, a combinação de tecnologias como IA, câmeras de segurança e sistemas ADAS está transformando a maneira como a segurança é abordada no transporte rodoviário de cargas. Monitorar as viagens de forma proativa e agir rapidamente para corrigir comportamentos de risco tornou-se essencial para reduzir o número alarmante de acidentes e suas consequências devastadoras nas estradas.

Neste artigo, a minha ideia foi exatamente essa: apresentar soluções conhecidas que foram transformadas, modernizadas e que, se aplicadas em suas versões mais tecnológicas e disruptivas, podem ser a solução para transportadores, operadores logísticos e embarcadores que sofrem todos os dias para cruzar, com segurança, um país continental como o nosso.

Por mais desafiador que seja, lembre-se: é plenamente possível reduzir os riscos no transporte de cargas, ter uma operação sustentável e segura, evitar prejuízos e manter um bom nível de serviço para o cliente final.

Basta que você seja inquieto e busque a inovação para o seu negócio!

*Diego Gonçalves é Head de Visibilidade e Gerenciamento de Riscos da nstech, maior empresa de software para supply chain da América Latina. Com pós-graduação em Gestão Estratégica de Logística pela Faculdade Cinecista de Joinville, o profissional atuou na Opentech, empresa integrante das gerenciadoras de risco da nstech por 19 anos. O profissional também é membro da YPO- Young Presidents Organization.

Facebook
Twitter
LinkedIn