Ter o próprio negócio e se tornar um empreendedor de sucesso é o sonho de grande parte dos brasileiros assalariados. Alcançar essa meta exige bastante esforço, mas não é uma tarefa impossível. Diferentemente do que se pode imaginar, muitos empresários hoje bem-sucedidos não começaram sua trajetória com um grande capital. O que todos eles tiveram de sobra foi resiliência e muita coragem.
Para se inspirar e provar que é possível, sim, mudar de vida com pouco capital, conheça a história de sete empreendedores que começaram do zero e atualmente se destacam em suas áreas de atuação.
OdontoCompany – Paulo Zahr
Em 1990, aos 30 anos de idade, o cirurgião dentista Paulo Zahr, que já tinha o próprio consultório, vislumbrou uma grande oportunidade. A década era de grandes desafios, além da inflação elevada, os brasileiros enfrentavam dificuldades com o Plano Collor, que congelou o dinheiro da poupança de muita gente. Foi nesse momento que Paulo Zahr decidiu ampliar os negócios. Após receber descontos de um de seus fornecedores na compra de peças para aparelhos ortodônticos, o dentista decidiu adquirir mais itens do que realmente precisava.Com os descontos conquistados junto ao fornecedor, o dentista passou a ter condições de oferecer tratamentos a preços populares (tão necessário para um momento de pouco dinheiro no bolso do brasileiro), além da possibilidade de parcelar o valor gasto por seus clientes no carnê. Estava aberta a OdontoCompany; Para chamar a atenção do público, o empresário começou a distribuir panfletos nos estabelecimentos comerciais e nas ruas da periferia da cidade onde ficava seu consultório, em São José do Rio Preto. Nesta época, ampliou sua carteira de clientes. Anos mais tarde, chegou ao total de 15 unidades próprias abertas – o que potencializou a relação com fornecedores e em descontos ainda maiores. Com o sucesso da marca, em 2005, Zahr decidiu ingressar no segmento de franquias. Com cerca de 800 unidades negociadas, em uma década de franchising, a rede planeja ultrapassar a marca das mil unidades até no ano que vem. O faturamento previsto para este ano é de em R$ 660 milhões, 65% acima dos R$ 400 milhões obtidos em 2018.
Grupo Kyly – Salézio Martins
O catarinense Salézio Martins durante os anos 1980 trabalhava como jornalista e professor de português. Mas precisava complementar a renda da família. Como sua esposa tinha habilidades para costura, ele comprou alguns teares usados e passou a produzir tecidos de malha de algodão para as pequenas confecções de Blumenau. Fundada em 1985 por Martins, a Kyly aos poucos começou a crescer e logo deixou de ser apenas uma tecelagem para se tornar uma confecção de roupas reconhecida na cidade. Detentor das marcas Kyly, Milon, Nanai, Amora e Lemon, o Grupo Kyly fatura R$ 445 milhões anuais e se tornou a maior indústria têxtil do sul brasileiro. Em expansão, a empresa já atua na Europa, conta com 56 lojas da marca Milon e estima crescimento de 10% até o final de 2019.
Ecoville – Leandro e Leonardo Castelo
Outro exemplo de sucesso são Leandro e Leonardo, que trilharam um caminho de muito esforço e dedicação. Nos primeiros anos, os irmãos – ao lado do pai – fabricavam produtos de limpeza no período da noite e vendiam durante o dia. Para reduzir os custos e conseguir juntar capital, eles decidiram morar por mais de seis meses em um pequeno galpão, local onde produziam os produtos. O modelo inovador que oferece consultoria e produto de qualidade ao consumidor se transformou em sucesso. Hoje, a empresa conta com 300 unidades em todo o país. Em 2018, os irmãos foram vencedores do Prêmio Empreendedor do Ano, considerado o Oscar do empreendedorismo, realizado pela Ernst & Young e conquistaram o Selo de Empreendedor Endeavor. Além disso, foram empreendedores do ano de Joinville, maior indústria de produtos de limpeza de Santa Catarina, cinco vezes ganhadores do Prêmio Qualidade Brasil, cinco vezes ganhadores do Top de Marcas em Santa Catarina e conquistaram o Selo Verde Sustentável, reconhecido pelo Instituto Global Biosfera.
SMZTO – José Carlos Semenzato
José Carlos Semenzato é o fundador da SMZTO Holding de Franquias, que realiza a gestão e expansão de 12 marcas e tem faturamento estimado em R$ 2,2 bilhões em 2019. No entanto, o caminho até este sucesso foi longo. Semenzato teve uma infância humilde em Lins, no Interior de São Paulo, e desde cedo mostrou sua veia empreendedora: aos 13 anos, vendia pela cidade coxinhas que sua mãe preparava.
Ainda na adolescência, fez um curso técnico de informática e começou a dar aulas. Aos 20 e poucos anos, fundou seu primeiro negócio, a Microlins, que mais tarde se tornaria uma rede com 700 franquias e mais de 500 mil alunos. Isso só se tornou possível com a entrada no franchising, decisão que ele tomou em 1994, quando corria o risco de quebrar por conta da alta inflação do leasing dos computadores e o congelamento do preço das mensalidades que os alunos pagavam – na época, ele tinha 17 escolas próprias. Em 2010, em busca de novos desafios, ele vendeu a Microlins e criou a SMZTO, holding voltada para a gestão e expansão de franquias. Hoje, é sócios de algumas das principais marcas de seus segmentos, como OdontoCompany, Espaçolaser, Instituto Embelleze e OAKBERRY, entre outras. São mais de 1,8 mil unidades sob gestão pelo país.
Semenzato ocupa uma das poltronas de investidores na quarta temporada do Shark Tank Brasil, reality show da Sony Channel sobre negócios onde escolherá investir ou não em empreendedores ao lado de Cris Arcangeli, da Beauty ‘in, João Appolinário, fundador da Polishop, Camila Farani, um dos maiores nomes em investimento anjo do Brasil, e Caito Maia, dono da Chilli Beans.
KEMP – Barbara Kemp
A iniciativa de montar o próprio negócio surgiu em 2006, quando Barbara decidiu largar o emprego em uma grande instituição financeira, onde ocupava o cargo de arquiteta, achando que não tinha o menor perfil para trabalhar como funcionária. Na época, ela participou de uma licitação para prestar serviços à instituição na qual trabalhava – caso ganhasse, seria responsável por fazer toda a mudança visual de agências bancárias localizadas no Nordeste. Decidida, ela chamou Rogério – hoje, seu marido e sócio – para uma conversa, convidando-o para ir para Fortaleza arriscar e construir sua própria empresa. Formado em Propaganda e Marketing, Rogério, que trabalhava com produção de eventos, aceitou a proposta e mudou-se com a companheira. Entretanto, a licitação foi vencida por outro prestador – notícia que a arquiteta e o publicitário souberam somente alguns dias antes da data de embarque. Mesmo assim, o casal não voltou atrás na decisão. Após a mudança, eles conquistaram o primeiro cliente no Ceará: um escritório que prestava serviço para uma grande rede varejista. A meta da Kemp com a empresa era, pelo menos, conseguir pagar as contas. Porém, a vida continuou bem difícil no Ceará. Nas viagens de negócios, os dois dormiam no aeroporto para não pagar hospedagem e dividiam o marmitex. Mesmo em casa, só tinham um colchão – ruim – que ficava no chão. A geladeira era um isopor. A consolidação da Kemp levou três anos, quando outros grandes clientes começaram a integrar o portfólio da empresa, como TAM, Santander, Renner e O Boticário. A empresa se especializou em projeto e gerenciamento de obras com soluções personalizadas para cada obra.
Patroni – Rubens Augusto Junior
Rubens Augusto Júnior, nascido em São Paulo, em 8 de novembro de 1958, é filho de um torneiro mecânico e de uma dona de casa. Graduado em Economia pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), formou-se em 1980 e coleciona no currículo uma vasta experiência em empresas e órgãos públicos de São Paulo. A ideia de criar a Patroni, hoje a maior rede de franquias de pizzas do Brasil, veio de um gesto altruísta: auxiliar seu pai, Rubens Augusto, a curar a depressão. Augusto, então com 50 anos, se viu desempregado e, mais tarde, teve um infarto – causado pela tristeza profunda de ficar sem ofício. Para ajudá-lo a sair desta situação, em pleno período de crise econômica e inflação nas alturas, Rubens alugou um sobrado e abriu uma pizzaria, em parceria com dois cunhados, no bairro do Paraíso, em São Paulo.
“Era o pior momento econômico do Brasil e do Mundo. Em 1984, a crise era enorme, mas, para começar um negócio, é preciso uma visão de médio e longo prazo, e ter em mente que o Brasil é um país que tem muito ainda para crescer”, afirma Augusto. E foi assim, remando contra a maré, que o empreendedor encontrou a atividade que seu pai tanto precisava e transformou o negócio em uma rede que, atualmente, possui mais de 190 lojas – incluindo unidades próprias e franqueadas –, em 20 Estados brasileiros. Por três vezes, a rede foi escolhida a melhor franquia de alimentação do Brasil. Mensalmente, as pizzarias Patroni servem um total de aproximadamente 945 mil refeições.
A primeira unidade do Grupo Patroni no Exterior foi inaugurada neste ano, nos Estados Unidos. Até o final de 2019, a rede planeja a abertura de outra unidade em solo americano.
Viva Eventos – Renato Filgueiras
Renato é bacharel em Direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora e especialista em Gestão de Negócios pelo Ibmec. Aos 23 anos, fundou o grupo VIVA Eventos, empresa especializada em festas de formatura, ao lado de cinco amigos da faculdade. Os sócios começaram o empreendimento enquanto ainda estudavam, após notarem espaço no mercado de eventos de Juiz de Fora. Na primeira festa, conseguiram faturar R$ 300 e veio a certeza de que aquele seria um bom negócio. Investiram o dinheiro na organização de outras festas, até que conseguiram atrair um público de 10 mil pessoas. A partir desse momento, Renato percebeu o potencial do mercado de eventos e o nicho universitário no qual poderiam atuar. Criou a ABD Produções, uma empresa especializada na realização também de shows de grandes artistas nacionais. Dois eventos marcantes dessa fase e que acontecem até hoje são a Circus, a festa a fantasia mais famosa da região, e o Carnadministrando, na época, a primeira micareta open bar do país. A proximidade da formatura de graduação dos cinco amigos foi um momento decisivo, pois eles não encontravam empresas do ramo que atendessem às expectativas, isto é, que oferecessem festas personalizadas, e perceberam aí uma grande oportunidade. Então, com o desejo de emocionar as pessoas e realizar sonhos, nasceu a VIVA Eventos. A meta do primeiro ano de empresa era fechar 50 fundos de formatura. O sucesso foi tanto que a VIVA Eventos conquistou 104 clientes em apenas oito meses. Em 2012, a empresa deu início ao modelo de franquia, se tornando pioneira no segmento de formatura. Hoje, possui a estrutura necessária para crescer por meio do franchising. São 24 unidades distribuídas em todo o Brasil, que atendem mais de 200 cidades. A meta da empresa é chegar a 80 franquias nos próximos cinco anos.