Em menos de dois anos, desde sua abertura, a rede Mais1 Café vendeu 360 unidades em todo país e quer conquistar o Brasil com seu conceito moderno
Era para ser uma situação agradável, algo até corriqueiro, mas a irritação que surgiu no longo tempo de espera para se fazer um pedido de um simples café transformou o rumo da história de Gare Marques. Foi ali que surgiu a idéia de que, se instalasse telas touch screen no atendimento direto ao cliente, além de dar um ar mais moderno e tecnológico ao negócio, agilizaria o processo e, sobretudo, a experiência do consumidor. A Mais1 Café, que nasceu em dezembro de 2019 por meio de uma parceria bem sucedida entre Gare, Alan Parise, Vinicius Delatorre e Hilston Guerim, cresceu em volume de unidades e vendas entre 2020 e 2021 e provou que o formato, projetado em três pilares essenciais – qualidade, praticidade e tecnologia – está em alta e tem potencial de crescer ainda mais no Brasil.
O oportuno encontro entre os executivos aconteceu em 2016, quando decidiram criar uma sociedade e, a partir dela, a Sniper, um centro de entretenimento desenvolvido para shoppings centers, que em pouco tempo foi adaptado para franchising. Três anos depois, o novo negócio: uma cafeteria modernizada, antenada com o que há de mais atual no mercado mundial. Mas, diferentemente do primeiro, que precisou interromper as atividades durante a pandemia, a Mais1 Café resistiu aos efeitos e, mais do que manter as portas abertas, vendeu 360 operações da franquia em 17 estados brasileiros entre 2020 e 2021. Desenvolvida já em formato de franquia, nasceu em Curitiba, mas logo conquistou o Brasil e, consolidada na experiência de quem está por trás dela, deve chegar até 2021 em mais de 400 unidades e conquistar uma cifra alta em faturamento, na ordem de R$ 40 milhões.
Cair 6, levantar 7
Mas engana-se quem acha que a história de um dos fundadores da Mais1 Café foi fácil e sem frustrações. Antes de inaugurar a rede de cafeterias, Gare Marques, passou por uma série de altos e baixos. Nascido em uma família apaixonada por automobilismo, ainda jovem começou a trabalhar na empresa de defensivos agrícolas da família. Passou por diversos departamentos quando, inesperadamente e ainda muito jovem tornou- se o presidente da companhia. O motivo era que o patriarca, Paulo Tarso, deixava o comando da companhia para acompanhar o outro filho, Tarso Marques, em seus primeiros passos como piloto na carreira da Fórmula 1. Com a empresa prosperando sob seu comando, sentiu-se motivado a investir em outras frentes de negócios.
A primeira delas, em 2003, foi uma aplicação em ações em uma transportadora ferroviária, que, em um acidente, perdeu seu valor e despencou na bolsa de valores. Resiliente, fez nova aposta no ano seguinte, agora numa companhia aérea. Era um cenário perfeito: pessoas viajavam e a perspectiva era positiva, mas um grave acidente envolvendo um jato Legacy e a consequente crise no setor derrubou as ações da empresa. Desmotivado com a instabilidade deste mercado, viu no automobilismo uma terceira perspectiva de negócio. Resolveu então financiar um projeto do irmão, que acabou não indo adiante e levando-o a perder todo o aporte injetado na iniciativa.
Persistiu, ainda, no ramo automobilístico. Decidiu montar sua própria equipe, a Action Power, passando a comandar uma das equipes mais importantes na principal categoria do automobilismo Brasileiro, a Stock car, na qual chegou a ser vice-campeão. Mas, em seu segundo ano na ativa, o caminhão que transportava os carros e equipamentos da equipe pegou fogo. O prejuízo com a perda de todo o equipamento levou ao anúncio da saída da Stock Car Brasil. Obstinado, criou na sequência uma nova empresa, agora de montagem de alto-falantes automotivos. E aqui, as medidas antidumping que o governo brasileiro aplicou em produtos inesperadamente e sem aviso prévio, elevou o custo da mercadoria em mais de 30%, afetando diretamente o custo de todas as mercadorias que já estavam produzidas e em trânsito, gerando um enorme prejuízo e inviabilizando a continuidade do negócio.
Entretanto, se por um lado a sorte não parecia ser muito convidativa, na empresa de defensivos agrícolas continuava prosperando. A bonança chamou atenção de um grupo indiano que, interessado, propôs a compra. Quando a venda estava praticamente acertada, especulações e mudanças nas leis governamentais fizeram a negociação travar por cerca de um ano. E Gare viu, então, sua empresa avaliada em US$ 50 mi praticamente deixar de existir.
Virada de chave e o recomeço para o sucesso
Em 2011, sem mais a empresa de defensivos agrícolas, reiniciou do zero, criando a marca Rio Custom, que produzia sandálias de dedo customizadas a mão. O produto caiu rapidamente no gosto de diversas celebridades, o que despertou não só o interesse do público brasileiro, como também de outros países. O negócio cresceu e Gare passou a exportar suas sandálias para mais de 18 países.
Em 2016, junto aos atuais sócios, criou o centro de entretenimento Sniper e, em 2019, a Mais1 Café. A rede, que adotou o conceito “to go”, por unir praticidade, qualidade e tecnologia, traz um cardápio de cafés quentes e gelados feitos a partir de grãos da categoria especial. Pensados para que os clientes pudessem pegar e levar para consumir enquanto se deslocam para casa ou trabalho, contam ainda com mais cinco opções de comidas: cookies, donuts, croissant, pão de queijo e pastel de Belém. O atendimento é automatizado e o pedido é feito e pago por meio de um totem ou aplicativo que encaminha a solicitação diretamente para o barista. A depender do cenário e do crescimento do franchising, a Mais1 Café está com um agradável cheiro que será o porto-seguro de Gare Marques.