Com os esportes, a atividade física e, consequentemente, a endorfina presentes em sua vida desde os 12 anos, Ana Cristina Huber foi crescendo com uma forte conexão com a sensação do suor no rosto e da felicidade a cada fim de jogo. Quando chegou a hora de decidir qual profissão escolher, ela não hesitou nem um pouco e optou cursar educação física. “Eu queria que todas as pessoas ao meu redor, sentissem aquela sensação boa de fim de jogo, aquela invasão de endorfina que nos proporciona essa analgesia tão boa”, relembra. E fez disso a sua missão de vida. Hoje, Ana Cristina é cofundadora de sua própria empresa no ramo, foi escolhida como a melhor personal trainer do país em 2016 e ainda venceu o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios em 2017.
Logo depois de formada em Educação Física, a trajetória de Ana Cristina começa com um trabalho de instrutora de ginástica e musculação em um clube da cidade natal dela, Tubarão (SC). Durante essa experiência, ela percebeu que muitos clientes da academia buscavam por um serviço um pouco mais individualizado, bem diferente daquele oferecido na academia, no qual o instrutor tinha que cuidar, muitas vezes, de até 40 alunos ao mesmo tempo. Foi nesse momento que Ana Cristina vislumbrou o mercado em potencial da atividade de personal trainer. Assim, ela passa a atuar também como personal trainer nos horários em que não estava vinculada ao clube. “Naquela época, o trabalho como personal trainer ainda era um mercado novo, cheio de desafios. E trabalhar como personal trainer era uma segunda opção de renda”, relata.
Esse cenário mudou para ela, quando recebeu uma proposta para gerenciar uma nova academia na cidade. A empresária conta que a proposta era irrecusável. Na ocasião, ela viu que, além da oportunidade de crescimento profissional, tinha um grande e novo desafio pela frente. Porém, toda essa alta expectativa se desfez em apenas seis meses. A academia era dirigida por familiares que, segundo ela, por falta de gestão, acabaram por perder um mercado importante na cidade. Diante disso, a decisão de Ana Cristina foi pedir demissão do cargo. O lado positivo é que mesmo durante essa experiência, ela nunca deixou o trabalho de personal trainer. E apesar de naquela hora não saber disso, foi exatamente essa atividade que a levaria para caminhos muito mais exitosos.
Ao lidar com a frustração do projeto não ter dado certo, Ana Cristina analisou o mercado e decidiu que atuar como personal trainer seria a sua primeira opção de renda. “Deparei-me em uma situação difícil, sem emprego fixo e somente com alguns clientes de personal trainer. Ocorreu-me o arrependimento por ter trocado um emprego estável por uma empresa que não era profissional o suficiente e que eu desejasse fazer parte. Nesse momento, decidi expandir o meu trabalho e profissionalizar o meu próprio negócio”, conta.
O processo para concretizar o seu plano passou por muitos questionamentos internos para saber o que ela poderia oferecer de diferente aos clientes e o que a concorrência já fazia e que ela poderia fazer melhor ou diferente. Ao perguntar-se sobre isso, Ana Cristina percebeu que muitas pessoas não faziam exercícios por não gostarem de estar dentro de uma academia, então ela passou a oferecer o serviço de levar os exercícios até a casa das pessoas. “Passei a utilizar espaços públicos, em contato com a natureza, em aulas variadas, ambientes e equipamentos diferentes, tudo para apresentar ao meu cliente o vasto leque de opções que a Educação Física oferece”, diz. Ela menciona que queria que os clientes entendessem que para fazer exercícios físicos eles só precisariam de vontade, pois o restante, ela ofereceria.
Com essa intenção, Ana Cristina fazia tudo o que podia: ia até a casa do cliente para facilitar o engajamento dele com a prática de atividades físicas, fazia divulgação no shopping da cidade e até alugou um espaço próximo ao cinema e decorou o ambiente com sofá, folders, pastas personalizadas, orçamentos, materiais esportivos, televisão com vídeos de exercícios e outras ferramentas para mostrar ao futuro cliente, as possibilidades de treinamento fora da academia. “A divulgação foi um sucesso e eu sabia que estava entrando em um mercado dominado por homens, mas não recuei. Através do Sebrae, me tornei MEI, abri uma conta de pessoa jurídica e comecei a atender e gerenciar meu próprio negócio”, comenta.
E assim, nesse ritmo, passaram-se 10 anos de trabalho. Neste período, em conjunto com o marido, Ana Cristina adotou o nome “Huber Assessoria Esportiva”, que era composta por quatro profissionais, cada um com seu CNPJ, sua especialidade e público-alvo. A proposta da empresa é vender um serviço de treinamento individualizado que respeita as preferências do cliente, onde ele precisar, seja em casa, na academia ou ao ar livre.
Ana Cristina revela que a sua busca por conhecimento sempre foi incansável. Com o propósito de constante atualização, ela iniciou em 2015 uma certificação internacional em Personal Trainer, a chamada World Top Trainer Certification (WTTC). “Fui buscar informações e percebi que se eu quero ser uma das melhores, tenho que estar com os melhores. Ao chegar lá, conheci profissionais sensacionais, e entre eles Cris Parente, eleito o melhor Personal Trainer do mundo em 2014, CEO da WTTC”, conta. A participação dela nesse processo foi reveladora, pois Ana Cristina percebeu que todos os profissionais que lá estavam tinham o mesmo objetivo: mudar o jeito de ver a Educação Física, tornar a profissão respeitada e valorizada, mas para isso, precisariam agir como profissionais. “Foi um alívio, pois vi que muitos profissionais pensam como eu, que acreditam em uma Educação Física de qualidade, para todos, simples, mas objetiva e que mude o padrão sedentário da sociedade”, ressalta.
Em 2016, a WTTC resolveu fazer um concurso para eleger o melhor personal trainer do país, o Top Trainer Brasil. A ideia foi eleger o personal trainer mais completo. Ana Cristina decidiu fazer a inscrição para a competição, porém revela que foi com certo receio, pois iria disputar com muitos profissionais capacitados, dedicados e que estão sempre buscando aprender mais. No total, foram 1200 inscritos, de todo o Brasil e ela foi classificada para a fase final, na qual teria que ficar, com mais 9 treinadores selecionados, durante três dias em São Paulo, sendo avaliada nas questões técnicas, marketing, comportamento, aspecto emocional e gestão de carreira. Ela conta que esses três dias foram os mais desafiadores da vida dela, teve que vencer o medo da exposição, de pôr à prova todo o conhecimento diante de jurados respeitados e competentes. Passados os três dias, Ana Cristina foi declarada vencedora do concurso. “Não acreditei! Hoje, tornei-me referência para os outros colegas de profissão, que querem tornar a Educação Física um mercado sério, profissional, gerador de renda e emprego, e acima de tudo, que leva exercício físico de qualidade para a vida das pessoas, tornando-as mais ativas e saudáveis”, comenta.
Com esse gostinho de vitória que Ana Cristina começou o ano de 2017, expandindo os horizontes e transformou o prêmio em um novo produto e viajou o Brasil compartilhando suas experiências com os demais profissionais. Com a cabeça cheia de novos projetos e expectativas altas para o ano de 2017, Ana Cristina diz que foi invadida por uma sensação de estar cumprindo com sua missão. Porém, com a intenção de empreender e aprender cada vez mais, ela se inscreveu em alguns cursos online do Sebrae e dessa maneira ficou sabendo sobre o concurso “Sebrae Mulher de Negócios 2017” e também se inscreveu para participar, sendo escolhida como referência em modelo de negócio para o microempreendedor individual e, agora, não somente para profissionais de Educação Física, mas também para outras mulheres, que como ela, acreditaram no sonho de empreender e conquistar o sucesso no mercado de trabalho. “Por fim, 2018 está aí e tenho novas metas, objetivos claros e definidos, acreditando que a melhor forma de chegar até o topo é através do esforço diário, planejamento, marketing eficiente, controle financeiro e atualização constante”, conclui Ana Cristina.