Estudo mostra causa da mortalidade dos pequenos negócios

Falta de planejamento, despreparo e baixa escolaridade estão entre os motivos que contribuem para o fechamento da empresas capixabas

O Espírito Santo possui a sexta melhor taxa de sobrevivência entre as micro e pequenas empresas brasileiras. Apesar disso, alguns empreendimentos encerram suas atividades pouco tempo após a abertura. Com base nisso, o Sebrae no Espírito Santo ouviu 300 empreendedores capixabas, sobretudo dos setores de Indústria, Comércio e Serviços, cujas empresas consiguiram se manter no mercado nos últimos dois anos.

O estudo tem o objetivo de identificar as causas e fatores que influenciam o fechamento das micro e pequenas empresas capixabas. Além disso, pretende captar o nível de planejamento prévio dos empreendimentos que não sobreviveram, identificar o perfil e a experiência dos sócios majoritários, levantar se o proprietário fez plano de negócios para abertura da empresa com base em informações sobre fornecedores, mercado, concorrência, público-alvo e aspectos legais, identificar as principais dificuldades enfrentadas pelos empresários e os fatores mais importantes para a mortalidade das empresas.

Dos 300 entrevistados que encerraram suas atividades nos últimos dois anos, apenas um quarto atuou em período superior a um ano de atividade. Assim, o primeiro ano de atuação é considerado o mais crítico para abertura de um negócio. Entre os entrevistados, 67% planejaram a abertura do negócio em, no máximo, seis meses e mais de um terço planejou até um mês antes de abrir a empresa.

Apesar de a maioria ter informado que realizou pesquisas prévias sobre diversas variáveis fundamentais para o sucesso de um negócio – como clientes, fornecedores, concorrentes, custos, valor do investimento – poucos efetivamente organizaram um plano de negócios estruturado ou buscaram orientação em instituições especializadas que pudessem auxiliá-los nesses primeiros passos.

Quase 60% dos empreendedores ouvidos já possuíam alguma experiência no ramo de atuação (178 empresas). Assim, chega-se à conclusão que uma parcela significativa dos empresários (em média 40%) planejou pouco e não tinha experiência no segmento ou ramo. A pesquisa também evidenciou que, quanto menos experiência o empreendedor tem no ramo, menos informações sobre itens fundamentais para o funcionamento do negócio são procuradas ou pesquisadas – como concorrência, perfil de clientes, aspectos legais e valor do investimento.

Seja por oportunidade ou necessidade, o estudo buscou mostrar o motivo principal da abertura da empresa. O desejo de ser dono do próprio negócio foi a resposta mais recorrente. Entre os entrevistados com escolaridade até o Ensino Fundamental, 32,4% afirmaram ter iniciado sua empresa por falta de alternativa de ocupação e renda. No restante dos pesquisados com escolaridade mais elevada, predomina a motivação “percepção de um nicho de mercado em potencial”. Conforme aumentam os anos de estudo, a diferença entre aqueles que optam por abrir uma empresa motivados por oportunidade dobra com relação àqueles que empreendem por necessidade.

Capacitação

Chama a atenção o fato de apenas 21,1% dos entrevistados possuir curso superior em alguma área. Outros 19,8% pararam os estudos após concluírem o Ensino Fundamental e menos da metade dos empreendedores que não conseguiram dar prosseguimento ao seu negócio possuem formação no Ensino Médio.

A maior parte dos entrevistados (70,4%) não pediu ajuda de pessoas ou de instituições especializadas para a abertura do seu negócio. A explicação para isso é a sensação de autossuficiência. De acordo com os empreendedores, um planejamento mais elaborado poderia ter sido decisivo para a continuação do seu negócio. Ao todo, 15,9% dos entrevistados consideram que uma medida simples, como uma gestão financeira mais eficaz, poderia ter preservado o seu empreendimento.

Os próprios empresários identificaram que o principal problema foi a falta de planejamento. Aliado a isso, a ausência de uma gestão financeira eficaz representou mais de 36% das respostas relacionadas aos principais problemas que levaram ao fechamento das empresas. 

Gestão Financeira

Um total de 82% dos entrevistados financiou o próprio negócio, ou seja, fez uso de recursos próprios para empreender. Apenas 4,3% fizeram empréstimos bancários para viabilizar suas empresas. Entre os que solicitaram, 92,9% tiveram o pedido aceito.

Outro fato que chama atenção é que 49,1% dos entrevistados, quase metade dos empreendedores, afirmaram não ter realizado acompanhamento rigoroso da evolução das receitas e das despesas da empresa ao longo do tempo. Isso comprova o despreparo para a atividade empresarial e reforça a necessidade de uma capacitação constante.

Facebook
Twitter
LinkedIn