O faturamento real (descontada a inflação) das micro e pequenas empresas (MPEs) do estado de São Paulo caiu 18% em fevereiro, na comparação com o mesmo mês de 2014, segundo pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no estado (Sebrae-SP).
Foi o mais alto percentual de redução de receita para um mês de fevereiro, em relação ao mesmo período do ano anterior, desde 1998, quando o levantamento começou. Por setores, a pesquisa registrou queda de 15,2% na indústria, de 19,1% no comércio e de 18% em serviços. Comparado a janeiro deste ano, a queda atingiu 1,3%.
O total de receita dos pequenos negócios paulistas somou R$ 43,6 bilhões em fevereiro, o que representa R$ 9,6 bilhões a menos do que no mesmo mês do ano passado. Na comparação com janeiro deste ano, o faturamento foi R$ 588,2 milhões a menos.
O Sebrae-SP informou que o pessimismo dos pequenos empresários com a economia brasileira para os próximos meses voltou a bater recorde, e o resultado ruim está associado à demanda desaquecida, por causa da confiança em baixa, do aumento do desemprego, da queda do rendimento dos trabalhadores, da inflação mais alta e dos efeitos de curto prazo das medidas de ajuste da economia.
Para 58% dos donos de empresas, a perspectiva é de que o faturamento ficará estável. No mesmo período de 2014, essa era a percepção de 55% deles. Aqueles que esperam piora são 12% dos entrevistados, ante 6% em fevereiro do ano passado.
“Há notória piora na confiança de empresários e trabalhadores – muitos destes perderam seus empregos recentemente –, o que inibe o consumo e tem impacto negativo no caixa das empresas”, disse, em nota, o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae-SP, Paulo Skaf.
Sobre o comportamento da economia brasileira para os próximos seis meses, 46% dos empresários entrevistados disseram acreditar que a situação vai piorar, o que configura novo recorde de pessimismo em toda a série histórica, iniciada em maio de 2005.
“A desaceleração da economia brasileira tem reflexo direto no faturamento dos pequenos negócios, que não têm tanta margem de manobra para superar as dificuldades quanto as empresas de maior porte”, acrescentou.
Outro fator importante é que o mês de fevereiro teve número menor de dias úteis, o que também influenciou o resultado, explicou o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Bruno Caetano. Segundo ele, “fevereiro deste ano teve dois dias úteis a menos do que fevereiro do ano passado – em 2014 o carnaval foi em março –, e isso faz diferença no resultado”.
Na avaliação por regiões, o faturamento de fevereiro de 2015 registrou baixa generalizada ante igual mês de 2014, com quedas de 23,8% no Grande ABC; de 22,9% na capital; de 19,9% na região metropolitana; e de 16% no interior do estado.
No acumulado do ano, representado pelo primeiro bimestre, o faturamento das MPEs caiu 16,5% sobre igual período de 2014. Ainda considerando o mesmo período para comparação, houve queda de 1,4% no total de pessoal ocupado, o rendimento real dos empregados teve redução de 2,6% e a folha de salários diminuiu 6,1%.