No ano passado, os empresários das micro e pequenas empresas mineiras sentiram no bolso os reflexos da crise. Mais da metade dos pequenos negócios registraram queda no faturamento e, consequentemente, na margem de lucro. Apesar da desconfiança, em 2017, grande parte dos empresários estão otimistas e preveem estabilidade no quadro de funcionários e na manutenção dos preços dos produtos e serviços. Isso é o que aponta a pesquisa “Avalição de 2016 e perspectivas de 2017 das MPE mineiras”, realizada pelo Sebrae Minas com 1.814 empresários de todo o estado nos setores de comércio, serviços e indústria.
De acordo com o estudo, a expectativa de 68,7% dos entrevistados é que permaneça o número de empregos nas empresas. Essa estabilidade também está prevista nos preços médios dos produtos e serviços oferecidos pelos negócios (59,5% dos entrevistados). Já em relação aos custos, 68,6% acredita que haverá um aumento em relação a 2016.
“O otimismo dos empresários das micro e pequenas empresas esboça uma possível retomada do crescimento. Temos que olhar com atenção essas expectativas, pois os pequenos negócios têm papel fundamental na economia do país. Em Minas Gerais, eles são responsáveis por 59% da força de trabalho e representam 48% dos salários pagos no estado, o que equivale a cerca de R$ 2,6 bilhões na economia”, justifica o Superintendente do Sebrae Minas, Afonso Maria Rocha.
O otimismo dos entrevistados foi verificado principalmente em relação ao crescimento do faturamento (66,6%). Os empresários do setor de serviços são os que mais confiam em um melhor resultado para este ano.
Assim, mais da metade dos pequenos negócios ainda esperam resultados positivos em relação à margem de lucro (53,5%), à ampliação da carteira de clientes (69,1%) e ao aumento das vendas (66,7%).
Além disso, acredita-se na expansão dos investimentos previsto para os próximos três anos (50%). Do total dos que pensam em investir, a maior parte destinaria recurso para a ampliação e reformas (51,8%) e para aquisição de máquinas e equipamentos (36,7%).
Porém, quando questionados sobre as expectativas em relação à permanência da empresa no mercado, 48,3% dos empresários afirmaram estar receosos, inseguros ou muito inseguros. Os principais motivos para essa desconfiança estão atrelados à instabilidade econômica do país (57,4%) e à queda brusca do volume de vendas (12,9%).
“Para quase a metade dos entrevistados, uma das maiores preocupações é com a conjuntura econômica deste ano, inclusive com a instabilidade financeira, as baixas expectativas em relação ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e, principalmente, com a elevação da carga tributária – impostos que pesam bastante no fechamento das contas das micro e pequenas empresas”, complementa Rocha.
Balanço
As micro e pequenas empresas mineiras sofrem os efeitos da crise de 2016. De acordo com a pesquisa, houve queda no faturamento (apontado por 54,6% dos entrevistados), na margem de lucro (54,6%), nas vendas (57,7%) e no quadro de funcionários (30,4%). Além disso, verificou-se aumento dos custos (68,2%) e do endividamento dos pequenos negócios (23,9%).
“2016 foi um ano no qual as micro e pequenas empresas sentiram o aprofundamento da recessão econômica, a retração da produção e dos investimentos, além do aumento das taxas de desemprego”, justifica o Superintendente do Sebrae Minas, Afonso Maria Rocha.
O balanço aponta que a indústria foi o setor mais impactado no ano passado. O estudo mostrou ainda que o segmento teve queda no número de clientes (60,5%), retração da margem de lucro (63,4%), diminuição das vendas (60,5%), redução no quadro de funcionários (35,8%) e aumento dos custos (72%).
Perfil
Por meio da pesquisa “Avalição de 2016 e perspectivas de 2017 das MPE mineiras”, também foi possível montar o perfil das micro e pequenas empresas mineiras. De acordo com o estudo, a maior parte delas são comandadas por homens (59,7%), brancos (42%), com idade entre 31 e 40 anos (29,9%), chefes de família (71,2% casados e 74,1% têm filhos) e com Ensino Médio completo (37,1%).
A pesquisa demonstrou que 60,8% das empresas foram fundadas por sócios e 45,3% são do setor de comércio. Do total de empresas, 25,2% vendem para o governo (municipal, estadual ou federal), 21,8% para outros estados, 18,3% pela internet (site, Facebook, Instagram) e 2,2% exportam.