O volume de vendas de café em cápsulas no Brasil cresceu 52,4% em 2014, em relação a 2013, chegando a 660 toneladas. É o que aponta estudo elaborado pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) em parceria com a Embrapa Café (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). O aumento, segundo a pesquisa, foi impulsionado pela entrada de pequenas marcas nesse nicho de mercado.
O Relatório Internacional de Tendências do Café do Centro de Inteligência em Mercados da UFLA, divulgado no último dia 12, informa que pequenos produtores puderam entrar nesse mercado recentemente, após expiradas as patentes de grandes marcas produtoras de cápsulas. Essas empresas têm a vantagem de comercializar o produto mais barato e adaptável a máquinas de diferentes marcas.
Atualmente há mais de 70 empresas no Brasil atuando nesse segmento com seus próprios produtos. Em 2014, eram apenas oito.
“As cápsulas são uma opção interessante para as empresas menores, uma vez que têm maior valor agregado e atendem de forma satisfatória aos consumidores, que se interessam cada vez mais por um café de alta qualidade e que permita a eles passar por uma experiência semelhante ao consumo em uma cafeteria, porém no conforto do lar e no momento em que acharem conveniente”, aponta o estudo.
A Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) indica que o setor de cápsulas continuará crescendo nos próximos anos. Até 2019, conforme a entidade, esse mercado deverá aumentar três vezes de tamanho no Brasil. Além das cápsulas, os cafés especiais também ganharão espaço. A associação estima que a maioria das vendas entre 2015 e 2019 ainda será do produto em grãos e moído, mas com maior destaque para os gourmetizados e aos especiais.
O estudo também indica uma tendência de mercado para o chamado “café funcional”, que recebe ingredientes saudáveis na composição. Na Espanha, uma multinacional do ramo acrescentou à bebida magnésio, substância que pode reduzir o cansaço e a fadiga. O produto foi desenvolvido para consumidores acima de 40 anos e pode ajudar na saúde óssea e no metabolismo. De acordo com a marca, uma xícara desse café contém 15% do valor de referência diária de magnésio que o corpo necessita.
Oportunidades
Maior produtor e exportador de café do mundo, o Brasil poderá se beneficiar do crescente consumo do grão em países como Rússia, China e Coreia do Sul, afirma o relatório. Esses locais são tradicionalmente grandes consumidores de outros tipos de bebidas quentes, como o chá. No entanto, a demanda por café tem aumentado entre 4 e 5% ao ano nesses mercados.
De acordo com a Organização Internacional do Café, o consumo mundial é de 150 milhões de sacas ao ano. Devido ao aumento na demanda, estima-se que essa quantidade cresça em torno de 17%, chegando a 175 milhões em 2025.
Em 2015, a safra de café no Brasil atingiu 43,2 milhões de sacas e bateu recorde em volume embarcado, com 2,09 milhões de toneladas. O café brasileiro responde por 30% de toda a produção mundial e tem potencial em ampliar ainda mais seu mercado da espécie conilon, informa o estudo.
“No Brasil, o cenário é favorável para o mercado de conilon. Os preços no mercado interno apresentaram boa elevação ao longo do ano e a desvalorização do real em relação ao dólar tornou o produto brasileiro mais atrativo para os países importadores. Com isso, as exportações do conilon também estão em alta”, apontam os pesquisadores.