Alcione Pereira, CEO da Connecting Food e co-idealizadora da iniciativa lista as diferenças e critérios que a indústria e o varejo devem considerar antes de começar todo o processo de doação
Recentemente, em busca de atuar de forma conjunta para a redução do desperdício de alimentos e os impactos da fome no Brasil, representantes de 22 empresas que fazem parte do Movimento Todos à Mesa assinaram uma carta de intenções confirmando o compromisso com o pacto de engajamento aos três pilares: fortalecimento de redes de distribuição de alimentos, articulação regulatória e promoção do tema na sociedade. Até o momento, em todas as regiões do Brasil, já foram doadas mais 7 mil toneladas de alimentos bons para consumo e dentro da validade considerando os players envolvidos, impactando quase 3 milhões de pessoas.
O projeto foi inicializado pelo iFood e co-criado em parceria com a Connecting Food, empresa fundada em 2016 pela engenheira de alimentos Alcione Pereira e a primeira foodtech brasileira de impacto social focada na gestão inteligente de doação de alimentos excedentes. O Movimento é a primeira coalizão brasileira de empresas e organizações que se unem para reduzir os impactos da fome no Brasil. A iniciativa tem como objetivo atuar na redução do desperdício de alimentos, por meio do fortalecimento de redes de redistribuição, articulação de um ambiente regulatório favorável para a doação de alimentos e conscientização sobre o tema.
A fome no Brasil não é um problema atual. Porém, a retomada do Brasil ao Mapa da Fome nos últimos anos acendeu um alerta de que é preciso ter um olhar atento por parte de todos, incluindo o setor privado, para este problema social. Hoje, segundo dados da Rede Penssan, mais de 33 milhões de brasileiros não têm o que comer. Em paralelo a este cenário, o fato de que milhares de toneladas de alimentos estão sendo desperdiçados também é preocupante.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), estima-se que um terço de todo alimento que é produzido tenha o lixo como destino final. Além disso, a ONU aponta que o desperdício de alimentos dos últimos anos em todo o mundo poderia alimentar 1,26 bilhão de pessoas.
Para mudar este cenário paradoxal, é preciso que empresas, organizações e sociedade como um todo estejam engajadas na causa. No entanto, não é todo alimento que pode ser doado. Por isso, Alcione Pereira preparou uma lista com 3 (três) informações básicas para quem quer começar a doar.
1. Alimentos que podem ser doados
Desde junho de 2020, a lei nº 14.016, que dispõe sobre o combate ao desperdício de alimentos e a doação de excedentes de alimentos para o consumo humano, permite aos estabelecimentos e serviços de alimentação, como supermercados, restaurantes e lanchonetes, a doação de alimentos in natura, produtos industrializados e refeições prontas para o consumo. No entanto, a doação dos excedentes não comercializados devem atender alguns critérios, como:
Os produtos devem estar próprios para consumo humano, dentro do prazo de validade e conservação especificada pelo fabricante, além de não terem suas embalagens comprometidas e terem mantido suas propriedades nutricionais e sanitárias podem ser doados. Eles são separados por duas categorias:
Alimentos perecíveis: nesta categoria podem ser incluídos alimentos como: frutas, hortaliças, panificados, carnes, lácteos e congelados (refeições prontas).
Alimentos não perecíveis: podem ser doados alimentos como: grãos e cereais (arroz, feijão, farinha de trigo, entre outros), produtos enlatados e embalados, leite longa vida.
2. Alimentos que não podem ser doados
Alguns tipos de alimentos não podem ser doados para manter a segurança alimentar de quem o consome. Dentre os casos estão os alimentos fora do prazo de validade, sobra de refeições prontas, alimentos que podem estar com as embalagens danificadas, podendo comprometer a sua qualidade, bem como alimentos congelados que foram descongelados.
3. Para quem doar
Existem diversas instituições que arrecadam alimentos para doações, como os Bancos de Alimentos Públicos e Privados, como o Sesc Mesa Brasil, além de inúmeras Organizações da Sociedade da Sociedade Civil (OSC).