O Brasil possui atualmente 264 empreendimentos destinados à geração de energia eólica, que correspondem a 4,4% da sua capacidade instalada de energia elétrica. O número pode parecer acanhado, dado o enorme desafio de geração que o País necessita, mas, na realidade, já representa um avanço substancial.
A ampliação da energia eólica nos últimos quatro anos contou com a criação de 150 novas usinas que, somadas às já existentes, respondem por uma potência instalada de 6.428 MW. O crescimento da participação dessa matriz energética registrou, em agosto, um novo recorde, com a produção de 2.989 MW, de acordo com levantamento do Operador Nacional do Sistema Elétrico.
O impulso que vem obtendo a geração de energia eólica, entre outros segmentos da energia renovável, colocou o Brasil entre os cinco maiores investidores do mundo na área. No ano passado, foram aprovados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nada menos que R$ 6,5 bilhões em novos projetos que envolvem essa matriz energética. O montante representa um crescimento de 83,3% em relação ao investimento no ano anterior e fecha um valor equivalente a R$ 20 bilhões nos últimos 12 anos. Levando-se em conta a geração hidrelétrica, o Brasil possui cerca de 80% de sua matriz energética renovável.
Nos países europeus, esse número cai para cerca de 18%. A nova diretriz de investimento em parques eólicos já colocou em execução cerca de 22 plantas, que devem somar uma capacidade instalada de 590,4 MW. Os financiamentos chegam a R$ 1,7 bilhão e alcançam os estados do Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul. No estado gaúcho, foi inaugurado em fevereiro o Parque Eólico Geribatu, no município de Santa Vitória do Palmar.
Com uma potência instalada de 258 MW, o empreendimento ocupa uma área de 4,8 mil hectares, onde estão distribuídos 129 aerogeradores. Construído pela Eletrosul, Geribatu compõe um complexo de três parques eólicos, batizados de Complexo Eólico Campos Neutrais, devido à localização geográfica que remete ao tempo em que a área separava os domínios dos impérios português e espanhol. Com a implementação do parque, também serão efetivados 757 quilômetros de linhas de transmissão, destinadas ao escoamento da energia e integração ao Sistema Interligado Nacional.
Com a inauguração de Geribatu será possível gerar energia para uma população de até 1,6 milhões de pessoas. O empreendimento é o maior da região, que contará com outros dois parques eólicos; do Chuí (144MW) e Hermenegildo (181 MW), que somam um investimento de R$ 1,7 bilhão e vão agregar a geração de energia para cerca de 2 milhões de pessoas.
O reflexo das obras de construção e implementação do Complexo Eólico na região já são visíveis. Só em Santa Vitória do Palmar, o acréscimo de arrecadação de ICMS cresceu 30%, além de trazer junto a geração de quase 5 mil empregos diretos e indiretos e o aquecimento do setor imobiliário de toda a região.
Em Santana do Livramento, na fronteira oeste gaúcha, já estão em atividade quatro parques eólicos, denominados Cerro Chato I, II e III, e a Usina Ibirapuitã I, cuja operação comercial de 12 aerogeradores foi liberada pela Aneel no final de agosto. As turbinas foram fabricadas pela catarinense WEG, de Jaraguá do Sul, e tornaram-se as primeiras de fabricação nacional em atividade.
O acréscimo aos cofres municipais deve ser reforçado por uma receita de mais R$ 2 milhões, oriundos da tributação da energia comercializada. Quando as 108 máquinas de geração estiverem em funcionamento, a arrecadação pode ser incrementada em até R$ 5 milhões anuais. Um aporte que chega em um momento crucial para o desenvolvimento da Região Sul do Estado, que sofre há décadas com a desindustrialização e o êxodo de trabalhadores para regiões mais desenvolvidas.
