Material feito com casca de coco será alternativa ao MDF

Programa de Incentivo à Inovação apoia a criação de um novo produto mais barato, funcional e sustentável para a indústria moveleira e construção civil

Belo Horizonte – Pesquisadores da Faculdade de Ciência e Tecnologia de Montes Claros (Facit) desenvolveram um novo produto a base de casca do coco triturada que poderá ser uma alternativa ao MDF (fibra de madeira de baixa densidade). Apoiado pelo Programa de Incentivo à Inovação (PII) do Sebrae Minas e da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes), o produto será uma opção mais barata e sustentável para ser aplicada na indústria moveleira e na construção civil.

Além da casca do coco, o produto é feito por glicerina, resíduo da indústria do biodiesel e fécula de mandioca, um tipo de aglutinante natural. Em fase final de testes, a intenção do grupo de pesquisadores é transferir a tecnologia para uma empresa interessada em produzir painéis de fibra de coco. O projeto é desenvolvido desde 2009. 

IMG_0853 - IG FOTOS.Divulgação

“O descarte e refino da glicerina é uma dificuldade para as usinas de biodiesel, que estudam um destino correto para esse material, já que ainda não conseguem níveis de purificação suficientes para que o mesmo seja destinado a outros processos produtivos, como as indústrias farmacêutica e de cosmético”, conta a pesquisadora Christina Soares Oliveira.

Entre as vantagens do uso do material estão o baixo custo e a disponibilidade de matéria-prima. Durante o processo de produção não são liberadas substâncias tóxicas, como o uso de resina sintética, o que ocorre com o MDF. “Em substituição a resinas sintéticas, utilizamos um polímero natural à base de fécula de mandioca e glicerina bruta, obtendo ótimos níveis de plasticidade e polimerização após a incorporação da liga à fibra de coco. Nosso objetivo era desenvolver um novo produto, à base de componentes disponíveis e baratos, obtido por meio de um processo totalmente biodegradável”, afirma Christina.

Além disso, sua fabricação é mais simples e rápida, otimizando o processo em várias etapas. Já a fibra é obtida por meio da moagem da casca do coco maduro e posteriormente modelada junto ao aglutinante. Para produção do MDF são várias operações de tratamento das fibras como descascamento, produção de cavacos e lavagem para, só então, começar o processo de aglutinação das fibras.s substâncias tóxicas, como o uso de resina sintética, o que ocorre com o MDF. “Em substituição a resinas sintéticas, utilizamos um polímero natural à base de fécula de mandioca e glicerina bruta, obtendo ótimos níveis de plasticidade e polimerização após a incorporação da liga à fibra de coco. Nosso objetivo era desenvolver um novo produto, à base de componentes disponíveis e baratos, obtido por meio de um processo totalmente biodegradável”, afirma Christina.

Nos testes feitos em laboratórios foi possível obter painéis feito com a fibra do coco em diversas espessuras, densidade e tamanho, o que amplia as possibilidades das mesmas aplicações que o MDF em situações que não exijam rigidez e onde o material seja facilmente moldável.

No caso da indústria moveleira poderia ser usado, por exemplo, em componentes frontais, internos e laterais de móveis, fundos de gaveta e tampos de mesa, e ainda, caixas de som. Já na construção civil a aplicação seria na produção de pisos finos, rodapés, almofadas de portas, divisórias, portas usinadas, batentes, balaústres e outro tipos de peças torneadas.  “Um bom exemplo de uso seria o de revestimento acústico, construção de painéis resistentes e em vários formatos, já que se trata de um material moldável, versátil e leve”, afirma Christina Oliveira.

A tecnologia agrega alto grau de inovação e ainda não há tecnologias similares no mercado. O produto também vem de encontro aos anseios do consumidor que cada vez mais se preocupa com os impactos ambientais e valoriza o aproveitamento de resíduos.

O Programa

Programa de Incentivo à Inovação estimula a criação de novas tecnologias, produtos e processos inovadores para o mercado, a partir do conhecimento gerado nas instituições de ensino.  O programa, criado em 2006, já foi realizado em universidades, faculdades e centros tecnológicos de Lavras, Itajubá, Juiz de Fora, Viçosa, Uberlândia e Belo Horizonte.

“O objetivo é proporcionar uma mudança cultural nas universidades e nos pesquisadores, com a disseminação da cultura empreendedora, a obtenção de novos recursos para pesquisa e a possibilidade de geração de empregos para estudantes graduados e pós-graduados”, explica a analista da Unidade de Acesso à Inovação e Sustentabilidade do Sebrae Minas, Andrea Furtado.

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