A força da Acate

Terceiro polo em desenvolvimento do país, já é consenso que o setor tecnológico de Santa Catarina não precisa mais provar nada a ninguém. Com faturamento anual estimado de R$ 12,5 bilhões, os empreendimentos de TI já correspondem a aproximadamente 5% do Produto Interno Bruto do estado. São 2,9 mil empresas com cerca de com 5,3 mil sócios e mais de 47 mil funcionários. Só em Florianópolis, cerca de mil empresas respondem por um faturamento de R$ 6 bilhões e são responsáveis por 54% da arrecadação total do município.Todo esse sólido crescimento, no entanto, ainda deve ter um aporte bem maior nos próximos anos, de acordo com Daniel Leipnitz, presidente da Acate (Associação Catarinense de Tecnologia). O fortalecimento de projetos estruturantes para o setor está abrindo uma nova perspectiva de ascensão que promete alavancar ainda mais o segmento, garante. Em 33 anos de atuação, a entidade passa hoje em um momento especialmente fecundo, alavancado pelas empresas reunidas na atual sede da associação, que completa três anos de inauguração e pode ser considerado um divisor de águas na história da entidade, tanto em relação às ações colocadas em prática como em visibilidade para a sociedade.

O momento, segundo Leipnitz, é de estabelecer laços cada vez mais sólidos com a sociedade e suas entidades representativas, como universidades, federações de indústria e comércio, e toda uma gama de organizações sociais e atores do ecossistema de inovação, que irão se tornar parceiros de um novo paradigma de desenvolvimento. Em tempos de novas especialidades, como a análise preditiva, inteligência artificial, nanotecnologia, entre outras, a parceria com essas novas empresas tornou-se um caminho sem volta. O crescimento importante do setor pode ser medido através das novas ações que serão colocadas em prática nos próximos dois meses, onde pelo menos quatro novos centros de inovação, a exemplo do que acontece na sede da entidade em Florianópolis, devem ser inaugurados, na capital e interior do estado.

Os projetos estruturantes, no entanto, não param por aí. Desde a abertura do escritório da entidade em São Paulo, em 2016, o avanço das empresas catarinenses vem se tornando cada vez mais perceptível. Outra ação que deve se desenvolver em curto prazo será o desdobramento por outras regiões do estado do Link Lab, uma iniciativa em desenvolvimento na sede da entidade, no Centro de Inovação Acate Primavera, que conecta e aproxima as grandes empresas de startups, fundos de investimentos e novos parceiros, criando um ambiente de inovação aberta. “Tudo faz parte de um ciclo de aprendizado, no qual chegamos à conclusão de que ambientes como miniecossistemas de inovação fazem a total diferença para a transformação de um ecossistema local, seja no aumento do número de empreendedores, no aprendizado ou no compartilhamento”, define Daniel Leipnitz. De acordo com ele, os novos e compactos ecossistemas de inovação seriam como um grande shopping do setor, onde os mix de lojas seriam representados por uma gama de ambientes diversos, que abarcariam coworking, incubadoras, novos link labs, além da presença de universidades, consultores contábeis e jurídicos, e todo um composto que contemple o encontro de ideias e a aceleração de negócios.

 

Outro ponto fundamental para o fortalecimento dos projetos estruturantes que estão sendo implementados pela entidade foi a criação do programa Acate International, que acaba de concretizar um grande feito para as empresas do setor tecnológico catarinense, com a abertura de um escritório em Boston. Além de promover a entrada das empresas locais no mercado norte-americano, o escritório inaugurado em parceria com a ACIF (Associação Comercial e Industrial de Florianópolis), vai fomentar também o relacionamento dos empreendedores catarinenses com entidades setoriais dos Estados Unidos. O feito, considerado histórico para o setor, teve transmissão ao vivo na sede da entidade, em Florianópolis. “Nossos novos empreendedores estão sendo treinados para identificar que o mercado de hoje é o mundo, não apenas Santa Catarina ou o Brasil, e isso envolve treinamentos, troca de experienciais e também parcerias com outros países”, enfatiza Leipnitz. Nesse sentido, o escritório em Boston, foi inaugurado no “olho do furacão”, onde está localizado o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e Harvard, sob uma parceria importante com a Haupp Advocacia e a consagrada consultoria IXL Center.

Por outro lado, a ampliação da participação feminina no setor tecnológico de Santa Catarina constituiu-se em uma nova prioridade, com o recente lançamento do grupo Mulheres Acate. Objetivando agregar mais empreendedoras ao ecossistema de tecnologia do Estado, o grupo irá promover uma série de eventos e encontros ao longo do ano com empresárias associadas à entidade. Os encontros irão envolver alunas e outros players do setor de tecnologia de Santa Catarina. “O grande propósito do grupo é fortalecer as mulheres no universo tech e assim transformar a cultura, impactando o nosso ecossistema e o tornando mais justo, criativo, inovador e estimulante”, assegura Tatiana Takimoto, gerente dos programas estratégicos da Acate. De acordo com Fabiele Nunes, sócia da startup Mundi, 56% da força de trabalho no mundo é feminina, mas, em Santa Catarina, apenas 25% pertencem ao setor tecnológico. Para Betina Giehl Zanetti Ramos, sócia da Nanovetores, as mulheres precisam confiar nelas mesmas. “Sou uma cientista empreendedora e costumo contar meu case para inspirar mulheres. Criei a tecnologia da minha empresa com toda minha experiência acadêmica. Hoje estamos presentes em todos os continentes” exemplifica. A maior participação das mulheres faz parte de um programa amplo que vem sendo colocado em prática pela diretoria da entidade, e que prevê união de forças produtivas, liderança de especialidades e prospecção de novos talentos e pessoal qualificado para atuar no mercado. Segundo Leipnitz, que prepara-se para assumir mais um biênio à frente da entidade, a Acate deve dar prosseguimento às ações estruturantes, como as verticais de negócios e os grupos temáticos, de RH e Investimentos. Se em RH a ideia baseia-se na troca de boas práticas, no grupo de investimentos, trata-se de atrair aportes para os novos negócios. Após três décadas de uma atuação pioneira, a Acate prepara-se para um novo salto qualitativo, onde a inovação e a integração com os diversos segmentos sociais andam juntos.

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