Especialista explica porque, no caminho da inovação, o Pix agradou mais, chegando a 158 milhões de brasileiros e como os dois devem se complementar no futuro
Mesmo que com finalidades diferentes, tanto o Pix quanto o Open Finance representam inovações financeiras para o Brasil. Entretanto, enquanto o Pix caiu no gosto da população conquistando mais de 158 milhões de pessoas, segundo dados do Banco Central, o Open Finance está em uma realidade diferente. De acordo com uma pesquisa do Datafolha, encomendada pela Zetta, 54,7% dos entrevistados nunca ouviram falar, enquanto 18,7% se sentem mal-informados e apenas 5% afirmam estar bem informados sobre o sistema.
“Desde seu lançamento, o Pix se destacou pela simplicidade e velocidade, permitindo transferências em tempo real, sem custos para pessoas físicas e usando chaves como CPF, e-mail, número de telefone ou QR Code. Prova disso são os números do Banco Central, que mostram que em dezembro de 2023, as operações empresariais com Pix representaram 36% do total, em comparação com 24% no ano anterior. Por outro lado, o Open Finance enfrenta desafios de adoção devido à complexidade de sua implementação, a necessidade de regulamentação rigorosa, a necessidade de consentimento dos clientes e a desconfiança em relação à segurança dos dados. Embora prometa serviços financeiros mais personalizados e competitivos, sua adoção ainda está em fase inicial”, explica Fernando Nunes, CEO da Transfeera, fintech que fornece soluções de pagamento para empresas.
Apesar de ainda não ser amplamente conhecido pelos brasileiros, o Open Finance tem registrado um crescimento em seu número de usuários. Atualmente, são mais de 45 milhões de consentimentos de compartilhamento de dados financeiros entre instituições por meio do sistema auto regulado e autorizado pelo BC. Na virada de 2022 para 2023, esse número era de apenas 20 milhões, conforme consta no Dashboard do Cidadão.
Para continuar impulsionando a adoção do Open Finance, criado em fevereiro de 2021, é fundamental promover a educação dos consumidores sobre os benefícios e o funcionamento do sistema, abordando suas preocupações com a segurança dos dados. A proteção das informações dos usuários também deve ser garantida através de mecanismos de segurança robustos. “A simplificação do processo de consentimento para o compartilhamento de dados também é importante, assim como o desenvolvimento de produtos e serviços que tragam valor real aos consumidores. Além disso, a criação de regulamentações claras e eficazes é essencial para proteger os consumidores e fomentar a competição entre as instituições financeiras”, explica o executivo.
Recentemente, o Bacen divulgou a estrutura definitiva de governança do Open Finance, após três anos de debates. A estrutura terá três instâncias, o órgão de governança, responsável pela aprovação de contas e alterações do estatuto. O órgão de direção superior, composto por dez membros de diferentes associações, que aprova padrões tecnológicos e procedimentos operacionais. E as diretorias, que executam as deliberações. Essa definição visa facilitar a implementação do open finance no Brasil.
O Pix tem um papel complementar ao Open Finance, facilitando transações instantâneas dentro do ecossistema, melhorando a eficiência e a experiência do usuário ao realizar operações financeiras. A visão de longo prazo para o Open Finance no Brasil é construir um sistema financeiro mais competitivo, transparente e centrado no cliente. “A expectativa é que o Open Finance promova mais inclusão financeira, reduza custos e melhore a qualidade dos serviços financeiros. Com o tempo, a colaboração entre soluções como o Pix e o Open Finance pode criar um ambiente financeiro mais inovador e acessível para todos os brasileiros”, enfatiza o CEO da Transfeera.