Da sala de aula ao ensino remoto: 5 meios para otimizar a formação médica

Especialista no desenvolvimento de cursos na área da saúde aponta algumas das novidades em inovação e tecnologia para o aprendizado que já são aplicadas em universidades brasileiras

O mundo está em constante transformação, mas foi a partir do “boom da internet” durante os anos de 1990 que a vida das pessoas começou a engatinhar para uma transformação digital. No entanto, nunca se viu uma aceleração digital tão rápida como nos últimos três anos. No que se refere ao âmbito acadêmico, sobretudo na área da Medicina, não foi diferente, e novas tecnologias para o ensino em saúde como plataformas e aplicativos gerenciados por meio de inteligência artificial (IA) e realidade virtual, já são uma realidade.

Um estudo da Accenture Digital Health Technology Vision 2022 revelou que o “Metaverse Continuum”, um espectro de mundos, realidades e modelos de negócios digitalmente aprimorados, chegou para revolucionar a vida e as empresas, incluindo a área da saúde. O documento indica que as inovações tecnológicas estão remodelando as experiências de saúde do futuro. De acordo com o levantamento, 97% dos executivos do setor de saúde acreditam que as novas inovações tecnológicas estão se tornando mais confiáveis do que as tendências econômicas, políticas ou sociais para informar a estratégia de longo prazo de suas organizações.

Com o propósito de transformar o ensino em saúde, a MedRoom, edtech que usa Realidade Virtual junto a estratégias de gamificação para criar experiências destinadas à educação e a treinamentos de educação médica, já está entre as referências no desenvolvimento de novas soluções para o setor. Isso passa pela implementação do metaverso no segmento. Uma tecnologia que possibilita uma imersão ainda mais real e uma linguagem mais dinâmica nas salas de aula por meio de dispositivos digitais, como os óculos VR.23

“Nós fomos nos adaptando às mudanças tecnológicas e inovações impostas no cenário que estamos vivendo. Com todas as novidades, o caminho para o metaverso começou a ficar mais claro e tangível. Agora não trabalhamos só com VR, mas também com a web e o aplicativo de celular. Como todo esse universo que criamos é interligado e funciona para momentos diferentes do aprendizado, conseguimos colaborar para o sistema híbrido de ensino e assim criar o metaverso MedRoom”, aponta Vinícius Gusmão, CEO da MedRoom.

A transformação digital chegou ao ensino em saúde para ficar

Fundada em 2016 por Sandro Nhaia e Vinícius Gusmão e adquirida em 2020 pela Ânima Educação, o maior e mais inovador ecossistema de educação de qualidade do país, para fazer parte da vertical Inspirali, a MedRoom é um exemplo de inovação no ensino em saúde. Com um dos mais completos modelos do corpo humano em 3D do mundo, a edtech usa Realidade Virtual para o aprendizado e aposta em inovação, imersão, realismo e metodologia ativa para aumentar o engajamento e acelerar a curva de aprendizagem dos alunos.

Presente em mais de 40 organizações, dentro e fora do Brasil, incluindo as faculdades do Ecossistema Ânima, a intenção da edtech é potencializar a capacidade de ensino dos professores para que os alunos dos cursos de saúde possam ter a melhor experiência de ensino e iniciarem suas carreiras muito mais preparados para a realidade. O Ecossistema Ânima conta com a Inspirali, que é responsável pela integração, gestão e desenvolvimento de suas escolas médicas em parceria com a MedRoom.

Diante desse cenário de transformações no âmbito educacional em saúde, o professor José Lúcio Machado, CMO da Inspirali, também parte da base de docentes altamente qualificada da Inspirali e com a participação no desenvolvimento de mais de 63 cursos de Medicina no Brasil, elencou cinco tendências na formação médica:

1. O modelo híbrido de ensino

A hibridez, método de ensino que veio para ficar, não se resume apenas no conjunto de atividades presenciais e à distância. Hoje, nas escolas de Medicina em diversos países, já se aplica o sentido da hibridez na sua radicalidade. Isto é, com atividades únicas, síncronas, onde parte dos estudantes está em sala de aula e outra parte on-line, com as aulas acontecendo ao mesmo tempo. No entanto, este modelo de ensino ainda enfrenta entraves, como dificuldades e limitações técnicas de determinadas plataformas, sendo preciso superar as limitações tecnológicas para ter transmissões claras, sem quedas, onde é possível fazer a ponte entre ensino presencial e on-line nas mais diversas atividades.

As tecnologias na área da saúde e educação chegam para facilitar essa interação e esse processo de personalização, onde o aluno pode optar pela trajetória de sua formação se deseja ter mais experiências on-line ou presencial, se adequando ao seu processo de adaptação de estudo.

2. Plataformas de apoio

Decorrente da hibridez, a utilização de plataformas de ensino se tornam ainda mais necessárias para o apoio aos processos de ensino e aprendizagem. Porém, é preciso que as plataformas tenham conteúdos relevantes, que tragam aprendizagem significativa, promovendo a sinergia entre estudantes e escolas, e que sejam capazes de abrigar as chamadas ‘Comunidades de Aprendizagem Nacionais e Internacionais’. Desse modo, possibilita aos estudantes e aos professores uma maior interação e troca de experiências, diálogo assertivo, reuniões clínicas e estudos de caso, funções que são fundamentais hoje para que essas plataformas encurtem as distâncias nacionais em países que possuem grandes dimensões como o Brasil.

3. Tecnologias de integração, como os Sistemas de Saúde

 As tecnologias para o âmbito educacional passam a ter um processo importante de ligação com tecnologias de integração de sistemas de saúde. Como exemplo, o Brasil tem o maior sistema de informações de pacientes do mundo: o DataSUS. Atualmente, o sistema possui um sistema de dados de mais de 180 milhões de brasileiros. No que tange o ensino em saúde, temos tecnologias educacionais incipientes, capazes de se conectar com essas tecnologias dos sistemas de saúde como o DataSUS, com o objetivo de obter relatórios analíticos e capazes de moldar as decisões clínicas. As escolas médicas que construíram essas pontes, saíram na frente do ponto de vista do desenvolvimento e otimização da formação médica.

4. Metodologias ativas de aprendizado digital

As metodologias ativas, como Problem Based Learning, Team Based Learning, Project Based Learning, também estão sendo transpostas através da boa capacitação de professores, para que essa experiência também possa se conectar ao espaço virtual. Hoje, nada impede que uma discussão em grupo possa ter uma parte da discussão presencial e outra online, ou até mesmo em sessões híbridas, por exemplo. Tudo isso é possível, desde que a tecnologia sirva como uma solução que auxilie, em que haja estabilidade nas transmissões, sem gerar ruídos nas discussões e interações. É nisso que o ensino precisa avançar, com a implementação de ferramentas eficientes dentro das escolas, é possível criar confiabilidade e credibilidade na aplicação das nossas tecnologias.

5. Escassez de médicos e enfermeiros

Passada a pandemia, indicadores sinalizam para uma escassez de médicos e enfermeiros para os próximos anos no mundo, principalmente mediante a situações determinadas pela epidemiologia e caracterizadas pelo envelhecimento populacional. O envelhecimento da população, o surgimento de doenças emergentes e as novas tecnologias trazem uma nova condição de conhecimento da Medicina, de envolvimento de médicos e equipes de saúde no tratamento das doenças. Com isso, surge a necessidade de diversas especialidades, como geriatras, oncologistas, cardiologistas, radiologistas, entre outras, que apontam para essa mudança relacionada ao envelhecimento da população, ao surgimento de doenças emergentes e meios tecnológicos. As doenças emergentes, que são decorrentes da agressão ao meio ambiente, mudança climática, entre outros fatores, determinam, também, a necessidade de epidemiologistas e infectologistas, que atuam com as questões da contemporaneidade e mudança de perfil epidemiológico da população.

Se por um lado há essa projeção de escassez de médicos e enfermeiros para os próximos anos no mundo, no Brasil, no entanto, observamos uma ampliação da base. Diante desse contexto, agora é preciso buscar intensamente a qualidade da formação no âmbito das escolas de saúde, aliando não só a competência técnica dos profissionais, mas aquilo que fez muita falta durante a pandemia: a possibilidade da responsabilização das equipes de saúde pelos seus pacientes, a empatia, a compaixão e o compromisso ético no cuidado das pessoas.

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