“Uma empresa de Lages que comercializa um software para mergulho?” A constante reação de estranheza das pessoas já se tornou comum para Athos Branco, sócio-fundador da Softecsul Inovação, desenvolvedora de um software de registro de mergulhos sediada na maior cidade da Serra Geral em Santa Catarina.
Como mergulhador certificado pela CMAS – Confederação Mundial de Atividades Sub-aquáticas desde 1994, Branco cada vez que ia mergulhar fazia o registro do mergulho no Logbook, livro de registros de mergulhos, e sempre pensava em cadastrar o mergulho em um aplicativo, um software de registro específico para esse fim. Com formação em computação, Branco já administrava sua própria empresa, voltada ao desenvolvimento de softwares, desde 1993. Mas foi em 2005 que ele, junto com mais dois sócios, lançou o aplicativo Dive Control, sendo o único no mercado a oferecer esse serviço. Hoje a empresa atende cerca de 7 mil clientes, entre mergulhadores técnicos e recreacionais, em mais de 20 países. No Brasil, a Softecsul conta com 123 revendas para escolas e operadoras de mergulho, tem um representante nos EUA, um em Portugal e um no Japão.
Mergulhadores técnicos da Petrobras, de unidades do Corpo de Bombeiros, instrutores de mergulho e mergulhadores recreacionais encontram no software que está disponível em três idiomas – português, inglês e espanhol – a solução para registrar os mergulhos com o propósito de atender a diversos fins. Mesmo sendo criado por uma empresa da serra catarinense, situada a mais de 200 quilômetros do mar, a Softecsul, com o Dive Control, ultrapassou barreiras geográficas e se firmou no mercado, comprovando que a inovação pode acontecer em qualquer lugar. Através da internet, que democratiza conhecimentos e permite que qualquer empresa possa ser observada independente do local onde está, a Softecsul foi conquistando credibilidade.
Para chegar à versão atual do Dive Control, Branco trabalha desde o ano 2000 observando o mercado. Na época, só existiam poucas opções e todas elas eram muito simples, disponibilizando poucos recursos, entre eles, unidades de medida imperial para temperatura, profundidade e pressão. Em 2001, Branco concluiu uma pós-gradução em desenvolvimento de software para web e a monografia dele foi baseada na construção de uma página web para registros de mergulhos realizados. Mas o trabalho parou por aí. No ano seguinte, um colaborador da empresa de Branco o procura pedindo uma orientação, uma ideia para escrever também uma monografia de conclusão de curso. Nesse momento, Branco apresenta para seu colaborador o projeto para desenvolver o software de cadastros de mergulhos. “A primeira reação dele foi ‘software de mergulho? Em Lages?’. Depois disso, eu já ouvi essa frase uma centena de vezes”, relembra Branco.
Assim, começou a criação do software que foi pensado desde o início para cadastrar dados do mergulho em diferentes sistemas de unidade. Além disso, o Dive Control oferecia vários recursos que foram novidade na época como o planejamento de mergulhos simples e repetitivos com ar comprimido ou nitrox (mistura gasosa composta de nitrogênio e oxigênio, como o ar atmosférico), alertas de manutenção preventiva de equipamentos, possibilidade de registro do mergulho na web para depois ser feito o download desses registros para o software e, por fim, a ferramenta também permitia que o usuário pesquisasse um determinado peixe por peso, tamanho, cores e aparência.
Após terminar a fase de intenso trabalho para construir o Dive Control, a empresa de Branco, na época com o nome de Plongez, lança, em 2005, o primeiro software de mergulho do Brasil. O lançamento aconteceu por meio de um site institucional que divulgava a solução e fornecia algumas informações sobre a atividade do mergulho. Por causa disso, no mesmo ano, a Plongez torna-se finalista do “Prêmio Talentos Empreendedores 2005”. E tem seu trabalho reconhecido por duas das maiores publicações especializadas em mergulho, a revista Mergulho e a revista Deco Stop.
Para chegar a essa inovação, conquistar mercado e ser reconhecida pelo trabalho desenvolvido, a Softecsul sempre investiu no desenvolvimento de inovações com recursos próprios. A primeira empresa comandada por Branco, a Plongez, criada há 20 anos, nasceu com o objetivo de desenvolver softwares e aplicar a tecnologia como ferramenta para atender às necessidades dos clientes. No início, a empresa oferecia serviços de computação gráfica e consultoria. Depois, passou a desenvolver um software modular de automação comercial que foi um dos primeiros softwares de Santa Catarina totalmente desenvolvido para a plataforma Windows 95.
Diante das grandes mudanças tecnológicas ocorridas nos últimos 20 anos, a Plongez passou por todas as versões do Windows, acompanhou os avanços em hardware se multiplicarem e o avanço da internet em rapidez e facilidade. “Agora, ao completar 20 anos, é a Plongez quem muda”, destaca Branco. Ele explica que a empresa se reinventou e veio com um novo nome, uma nova ‘cara’. O empresário garante que a empresa está preparada para realizar novos projetos e participar de diferentes desafios por causa da longa experiência nos negócios, que trouxe bagagem suficiente para atender aos mercados nacional e internacional.
No final do ano passado, dando seguimento às inovações, a Softecsul lança o Dive Control para smartphones e tablets com sistema operacional Android e agora se prepara para apresentar ao mercado as versões para Windows Phone e iOS. Além do Dive Control, para este ano, a empresa ainda trabalha para desenvolver três projetos novos: uma solução web/mobile para supermercados, e outra, também web/mobile, para um projeto inovador em segurança no trabalho e outro projeto web que ainda não pode ser revelado.