Imagine sair de uma reunião de trabalho e, do táxi mesmo, o seu chefe poder enviar feedbacks positivos/negativos, em ambiente privado, elogiando-o o funcionário pela postura e ideias criativas que teve com o cliente? Ou ainda, sugerir algumas mudanças no vocabulário e dar dicas de roupas mais indicadas para cada ocasião. O contrário também pode ocorrer, ou seja, o colaborador (a) darfeedbacks para o presidente da empresa ou chefe direto, tudo via aplicativo.
É o que o Francisco H. de Mello, fundador da Qulture.Rocks acredita e pensou, ao oferecer às empresas, sejam elas pequenas ou grandes. É uma plataforma para gestão de desempenho e performance, de educação e conteúdo, que ele desenvolveu após identificar a falta de feedbacks nas empresas pelas quais passou. A ideia é que esse processo se torne algo natural, faça parte da cultura da empresa, e não seja feito de forma mecânica, chata e constrangedora. O objetivo é que a empresa passe a praticar uma gestão orientada para resultados, dados para plano de carreira, promoção, meritocracia na prática, revisão de cargos e salários, diminuindo o turnover.
Mello atuou por anos no mercado financeiro e sentia falta de acompanhamento da chefia sobre seu próprio trabalho, o peso e a importância da área em que atuava, e de que forma estava contribuindo realmente para o sucesso ou insucesso do negócio. Chegou a questionar, à época, a área de RH, pois não se recordava mais da senha de acesso à pesquisa de clima da empresa, pois era feita anualmente, sem estruturação e periodicidade. Após anos de estudo sobre cultura organizacional e entrevistas feitas com mais de 50 executivos do mercado, de vários segmentos, ele percebeu que as empresas precisavam ajustar suas culturas para trazer mais engajamento dos funcionários.
Com os millennials, ou geração da internet, muitas empresas estão tendo que rever seus processos para atrair esses jovens, pois esses já nasceram conectados, famintos por informações, além de serem livres pensadores e questionadores. Um ano para se fazer uma avaliação ou dar feedbacks é muito tempo pra eles, morrem de ansiedade e se desmotivam facilmente. Levantamento de 2018 da Deloitte mostrou que, 44% desses jovens esperam deixar suas organizações atuais até 2018. O número cresce para 66% quando o período é ampliado para 2020. Cerca de 7.700 jovens, dos quais 300 são do Brasil, foram entrevistados em mais de 29 países. As principais aspirações no ambiente de trabalho envolvem busca por:
* Maior equilíbrio entre vidas profissional e pessoal;
* Empresas que compartilham os seus valores pessoais;
* Maior flexibilidade;
* Desenvolvimento de habilidades de liderança;
* Empresas gerem impactos positivos para a sociedade;
* Propósito ao invés de lucro – mostram maior lealdade a líderes que colocam propósito à frente do sucesso financeiro do negócio;
* Mais tempo para desenvolver novos modelos de trabalho e suas habilidades e mais monitoramento e atenção por parte de seus líderes;
* Maior flexibilidade – 75% dos jovens gostariam de poder trabalhar em suas casas ou outros lugares em que se sintam mais produtivos.
Mas, como saber se os profissionais possuem os mesmo valores da empresa? Segundo Francisco, o primeiro passo é potencializar os resultados dessa “força” por meio de mentorias com outros funcionários ou treinamentos, avaliações de desempenho constantes que tragam mais reflexão e autoconhecimento. Fazer com que o liderado entenda como tem ajudado a empresa a chegar mais perto das suas metas e da sua missão com seus esforços e resultados individuais.
A gestão do desempenho (medir e melhorar) é baseada na qualidade dos feedbacks trocados: quanto mais, melhor! Como, na prática, o funcionário pode e deve melhorar.
O ciclo de avaliação de desempenho (que deve ser chamado de checkin de desempenho) dever ser realizado pelo menos 4 vezes por ano. Dependendo do estágio da empresa (quanto mais jovem, mais frequente).
Mello é autor do livro The 3G Way: Dream, People, and Culture, obra que descreve o estilo de gestão do trio de empresários da Grupo 3G Capital, figurando entre os mais vendidos da Amazon em estratégia e negócios. A Qulture.Rocks foi selecionada pela americana Y Combinator, a 4° empresa brasileira a receber mentoria e aporte, ao lado da Quero Educação, Bxblue e Brex, e outras empresas que já passaram pela experiência como a Airbnb e Dropbox. Um dos critérios de seleção é o poder de inovação e o potencial de faturar R$ 1 bilhão em pouco tempo – os tais “unicórnios”. Fazer parte do programa não é fácil. O que se diz é que é mais fácil ser aceito pela Harvard do que pela YC.