Dormir normalmente e acordar sem celulite. O sonho de boa parte das mulheres do mundo pode se tornar realidade com uma das mais recentes criações da Nanovetores, empresa de Florianópolis especializada em ativos encapsulados de alta eficácia. Trata-se do produto chamado 5C, composto por cinco ativos naturais que reúne as funções de drenagem, redução do acúmulo de gordura e incentivo à queima de gordura da pele.
Já testado e agora em fase de prospecção de mercado, o pijama que traz essas substâncias em nanocápsulas proporciona redução das celulites em seis dias de uso, e garante maiores resultados após a utilização da peça durante seis horas ao dia por 56 dias, inclusive a remodelação da silhueta. “A maneira do segmento de confecções competir com produtos da China, por exemplo, é agregar inovação, e a nova geração busca por produtos eficientes e ecologicamente corretos”, afirma a proprietária e pesquisadora Betina Ramos.
Outra inovação recente da empresa, apresentada no início de setembro durante a primeira edição brasileira da Feira in-cosmetics, a mais importante do setor, em São Paulo, é o Nano Up List, composto por partículas de ácido hialurônico ancoradas em cadeias de polissacarídeos da Acácia do Senegal. A nanocápsula, que pode ser aplicada em cremes, primes, demaquilantes e outros produtos faciais, permite o preenchimento fácil e progressivo de linhas de expressão do rosto, visível alguns minutos após a aplicação, conforme o fabricante.
As duas criações da Nanovetores destinam-se aos dois setores de principal atuação da empresa: as áreas de cosméticos e de tecidos. Criada por Betina Ramos e Ricardo Henrique Ramos, em 2008, a empresa desenvolve uma tecnologia que permite o encapsulamento de ativos de plantas e produtos naturais de maneira que possam ser utilizados em outros produtos. A empresa compra os ativos como extratos, óleos essenciais e vitaminas e fabrica uma cápsula em escala nanométrica que, ao mesmo tempo, protege e garante a eficácia da substância para o fim desejado.
“Um dos nossos produtos é o Nanovetor Melaleuca, utilizado no combate à acne. A indústria pode comprar o óleo livre da planta e aplicar em seus produtos, mas ele volatiza rápido, perde propriedades e tem forte tendência à interação com outros elementos do composto. Se estiver encapsulado, sua absorção e eficácia estão garantidas”, explica Betina. Ela acrescenta que as cápsulas ainda contornam um importante desafio da área de cosméticos: a absorção do produto pela pele. “As cápsulas conseguem transpor a camada de estrato córneo da pele, a mais externa e com células mortas, difícil de ser transposta. Por isso mesmo estamos inclusive mudando alguns protocolos clínicos de eficácia durante os testes, já que conseguimos resultados em dias quando até então eles eram avaliados mensalmente”.
Pesquisadora acadêmica, com pós-doutorado na França na área de encapsulamento, Betina chegou a seguir o caminho tradicional de um pesquisador e buscou por concursos públicos na sua área. Mas, apesar de aprovada, escolheu criar empresa própria e aplicar seu conhecimento em sintonia com o mercado. “Passamos por uma crítica fase de adequação do conhecimento acadêmico à realidade comercial, pelo menos dois anos neste processo. A pesquisa na empresa é dinâmica, objetiva e prática.
Na academia, você tem definições, avaliações e outro ritmo, e pouco desta pesquisa será transposta comercialmente. Há questões como o custo que fica inviável, o produto está distante da demanda do mercado, às vezes falta maquinário ou os parâmetros não permitem a transposição para a larga escala industrial. Nas pesquisas, a universidade sempre gera conhecimento, comprovado por papers. Nós temos que gerar produtos e lucro; delinear e lançar nosso produto não foi tão simples, aprendemos a vender inovação”, diz
Com nove patentes internacionais e duas a serem registradas até o final do ano, a Nanovetores avalia os casos de registro ou segredo industrial. “Temos as patentes básicas que se referem à nossa tecnologia e outras de produtos. Registrar é detalhar seu processo, e em 20 anos a concessão da inovação vira domínio público, mas eu pretendo utilizar coisas mais novas em 20 anos. A vantagem de registrar é você não ficar impossibilitado de ingressar com seu produto em um país onde existem patentes de terceiros, mas temos nossos segredos industriais também, assim como acordo de confiabilidade entre os funcionários e sistemas codificados.” A Nanovetores apresenta um modelo de open innovation, em que os clientes colaboram com os processos de desenvolvimento e inovação para aplicação direta nas indústrias.
Em franca expansão, a empresa comemora a exportação para 18 países desde que participou da feira oficial anual in-cosmetic na Alemanha, em abril deste ano. Se antes eles vendiam para países como França, Estados Unidos e Colômbia, agora atendem também ao comércio oriental, começando pela China.