Por Acari Amorim e Marlon Aseff
Um passo grande da Pixeon para chegar ao mercado com consistência foi a aquisição em 2016 do mix de produtos e clientes da Digitalmed. Com a transação, a empresa ampliou sua lista de clientes em todo o país e passou a ter a maior base instalada de softwares em prestadores de saúde da América Latina. O resultado da expansão ainda assim não alcançou um aumento de faturamento de 45% em 2017, conforme a previsão inicial, mas não ficou abaixo dos 20% mesmo com a baixa expectativa de recuperação da economia brasileira. Além disso, foi considerada a 15ª colocada na lista de pequenas e médias empresas que mais cresceram no Brasil.
O resultado fez parte de estudo conduzido pela consultoria empresarial Deloitte, com o ranking das 100 PMEs que mais apresentaram crescimento entre os anos de 2014 e 2016. Durante o período, a Pixeon registrou crescimento de 141,5%, encerrando o ano passado com receita líquida superior a R$ 58 milhões. Os resultados refletem a estratégia adotada pela empresa de trabalhar pela integração do setor da saúde, que é marcado pela atuação pulverizada dos players, especialmente na área hospitalar. Nesse sentido, a trajetória ascendente da Pixeon teve um expressivo impulso em 2014, com a aquisição da MedicWare, uma das principais provedoras de tecnologia para o segmento, com ofertas como HIS e soluções de Prontuário Eletrônico, Gestão Clínica e de Laboratórios.
Outra ação importante foi o alinhamento com os produtos desenvolvidos pela Wolters Kluwer, líder mundial para a indústria de saúde no fornecimento de soluções e informações para o momento de cuidados ao paciente. Assim, SmartHealth, sistema de gestão hospitalar da Pixeon, passou a integrar-se às soluções de Efetividade Clínica (Clinical Effectiveness) da Wolters Kluwer, que conglomera os recursos de suporte a decisões clínicas baseado em evidências UpToDate e UpToDate Anywhere e os sistemas de suporte à decisão de prescrição de medicamentos Lexicomp e Medi-Span.
Segundo dados da ANADEM (Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética), são registrados anualmente cerca de 700 mil casos de erros médicos, sendo que grande parte é relacionada à prescrição (falha na dosagem, interação medicamentosa, entre outros). Além disso, aproximadamente duas em cada três consultas geram dúvida clínica. Os médicos têm cerca de 11 dúvidas por dia, sendo que apenas 40% delas podem ser respondidas sem o auxílio de informações adicionais.
A área da saúde geralmente é associada à inovação e passa por uma transformação substancial nos últimos anos, mas ainda assim demora-se em adotar amplamente soluções que envolvam novas tecnologias. De acordo com Roberto Ribeiro da Cruz, atualmente apenas 35% do setor no Brasil é digitalizado, o que por um lado remete a um futuro promissor para os provedores de softwares e soluções tecnológicas. “Queremos ser um player importante e atuar na oferta de soluções que busquem também a integração de dados com o histórico do paciente, pois isso diminui custos e aumenta a eficiência do sistema”, avalia Ribeiro da Cruz.
A grande questão ainda em aberto será a adoção de uma política mais eficiente para o setor pelo governo federal. O governo, diz o CEO da Pixeon, deve ser mais indutor e promover uma informatização eficiente do setor, como as Unidades Básicas de Saúde, por exemplo. Se o crescimento do setor continuar avançando, em breve a Pixeon deverá ampliar o número de colaboradores, que hoje somam cerca de 350 funcionários espalhados por todo o país.
A Pixeon no Brasil
Fundação: 2012
2 mil clientes
350 colaboradores
Escritórios: Florianópolis (SC), São Bernardo do Campo (SP) e Salvador (BA)
A Pixeon na Argentina
851 mil exames realizados por ano
2% da população atendida
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