Em um ambiente de inovações disruptivas, as grandes empresas precisam estar atentas à atuação das startups, que podem representar uma ameaça aos negócios já estabelecidos ou uma oportunidade estratégica de renovação. Essa relação entre startups e grandes empresas foi discutida na manhã desta quarta-feira (28), em um painel realizado no 7º Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria.
O evento, promovido pelo Sebrae e pela Confederação Nacional da Indústria, debateu durante dois dias os rumos da inovação no Brasil com a presença de especialistas, autoridades e empresários. O painel contou com as participações da diretora técnica do Sebrae, Heloisa Menezes; do CEO do Instituto de Competitividade Eurasia, Alexander Idrisov; do gerente de P&D da Samsung, Antônio Marcon; do COO da Microsoft Participações, Franklin Luzes Junior, e do diretor executivo da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), Rafael Ribeiro.
Heloisa Menezes lembrou, em sua apresentação, a “Síndrome Kodak”, uma expressão que tem sido usada no mundo corporativo para identificar situações onde grandes empresas já consolidadas são ameaçadas e até mesmo destruídas por pequenos negócios que introduziram inovações capazes de revolucionar o mercado. “As empresas quando crescem e atingem o grau de maturidade precisam estar atentas à necessidade de se reinventarem. Entretanto, é muito comum que executivos de grandes corporações resistam às inovações e não consigam perceber a oportunidade que a associação com pequenos negócios representa”, comentou a diretora do Sebrae. Em contraposição, ela lembrou o exemplo do Facebook, que soube enxergar a inovação a partir dos seus competidores, como Instagram e Whatsapp.
Segundo Heloisa, em um contexto de economia hiperfluida e de competição global, as empresas precisam ser cada vez mais inovadoras e mutáveis e não podem se acomodar com uma expansão linear enquanto outras realizam um crescimento exponencial. Por esse motivo, segundo ela, apoiar o crescimento das startups por meio de parcerias com as grandes empresas tem sido um dos focos de atuação do Sebrae. “Vimos vários exemplos neste Congresso de Inovação que comprovam a importância dessa relação. Esse é um jogo de ganha/ganha, onde as startups podem oferecer agilidade na solução de problemas e as grandes empresas podem proporcionar aos pequenos negócios o ganho de escala, o acesso a recursos, a experiência em gestão e logística”, complementou.
Grandes multinacionais com presença no Brasil, como a Microsoft e a Samsung, trabalham também em parceria com startups e têm atuado para promover a cultura da inovação no país. “Temos uma jornada empreendedora, capacitamos crianças dos seis aos 15 anos com o acesso à tecnologia. Tudo isso gratuito. Doamos também softwares para escolas, visando incentivar professores. Mais de 30 mil pessoas por ano sendo capacitadas”, disse Franklin Luzes Junior, COO da Microsoft.
Para o russo Alexander Idrisov, CEO do Instituto de Competitividade Eurasia, alguns pontos são fundamentais para uma startup dar certo: estratégia, gestão, montagem de equipe e tomada de decisões com celeridade. “É muito importante ser decisivo e enxuto no processo decisório. E a universidade é o melhor recurso para se alinhar com o meio empresarial. Vocês, no Brasil, devem envolver ainda mais essa geração nova. Eles são o futuro”, aconselhou. O diretor-executivo da Associação Brasileira de Startups (ABS), Rafael Ribeiro, afirmou que as startups já são realidade no país e muitas trabalham em parceria, com intercâmbio entre elas próprias. A associação tem 4,6 mil startups filiadas. “Esse mercado tem crescido muito. É um caminho sem volta”, frisou.