Este final de ano foi marcado pelo lançamento, no Brasil, de uma novidade tecnológica ansiosamente aguardada, o iPad. E tenho notado, em meus contatos com os gráficos, a inquietação constante: “poderá a internet e, mais recentemente, o lançamento do iPad, de alguma forma, prejudicar o produto impresso?”
No passado, sempre que uma nova tecnologia era desenvolvida, os pessimistas alardeavam o pior. Foi assim com a chegada da televisão, que iria liquidar o rádio e o cinema – e os dois estão aí, mais fortes e dinâmicos do que nunca. Ambos os veículos souberam se reinventar, trazendo ao público aquele “mais” que torna um produto especialmente atrativo.
No caso do cinema, grandes sucessos de bilheteria sucedem-se temporada após temporada. “Avatar”, lançado no começo deste ano, já arrecadou mais de dois bilhões de dólares. Nada mau para uma mídia destinada a “morrer”… James Cameron soube utilizar a tecnologia, no caso a filmagem em “3D”, para levar aos cinemas multidões de espectadores que se encantaram com a criatividade do diretor.
Nos livros, títulos da série Harry Potter e Crepúsculo vendem milhões de exemplares para um público adolescente que já cresceu em um mundo digital. Prova de que, com criatividade e talento, o consumidor sempre é fisgado e lança-se com prazer ao que sente que acrescenta algo à sua vida.
As novidades, como o caso do iPad, podem até assustar no momento em que são lançadas, pois vêm com todo aparato da mídia mundial. Depois que a poeira baixa, percebemos que são apenas mais um veículo para os leitores, e que, como qualquer produto, encontrará usuários, sem, contudo, ameaçar os setores já existentes.
Outra preocupação pertinente no tocante ao avanço das mídias digitais no campo da informação diz respeito à qualidade dos conteúdos produzidos e armazenados. Megaempresas digitais, como a Apple e o Google, cresceram tanto, e com tantas ramificações, que não seria exagero afirmar que nos tornamos quase reféns desses conglomerados, e que estes podem, se assim o desejarem, manipular as informações de acordo com seus interesses. Outra desvantagem é que, ao consultar sites de busca como o Google e o Yahoo, a informação flui como uma cascata, sem qualquer filtro.
É aí que entra a credibilidade do produto impresso. Ao comprar uma revista ou um jornal, por exemplo, temos a certeza de que ele foi feito por profissionais experientes e preparados. Sabemos, de antemão, que as informações ali reunidas passaram por um crivo que as tornam mais confiáveis. E o consumidor busca sempre isso: credibilidade e confiança.
O que tenho sempre recomendado é que façam o que sempre fizeram – sobretudo aqueles que conseguiram êxito em seus empreendimentos: arregacem as mangas e procurem enxergar nas novas tecnologias uma oportunidade de crescimento. Agreguem valor ao seu negócio. Esse é o caminho que conduz ao sucesso.
Dieter Brandt é presidente da Heidelberg para a América do Sul.