Embora ainda com práticas muito incipientes, já está claro que a Internet das Coisas é uma tecnologia que tende a crescer e trazer evolução para muitas áreas de negócios. A indústria brasileira, por exemplo, pode se beneficiar dessas novas tecnologias para se desenvolver e chegar perto, ou até mesmo ultrapassar, outros mercados já avançados, como o norte-americano, por exemplo.
Os números levam ao otimismo: Uma pesquisa da Fiesp mostra que o grau de conhecimento das empresas industriais brasileiras sobre a Indústria 4.0 está evoluindo. De 222 corporações entrevistadas, 154 (68%) já ouviram falar no termo e 90% têm convicção que estas novas práticas podem aumentar a produtividade industrial. Para completar, 90% dos gestores afirmam que a novidade é uma oportunidade, e não um risco. Mas com um cenário tão otimista, o que falta para as empresas brasileiras aderirem, de fato, ao modelo de Indústria 4.0?
Para Luis Viola, Diretor de Tecnologia da Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC), ainda há uma briga grande do estilo o que vem primeiro, o ovo ou a galinha: “As empresas de redes para IoT ainda estão implantando suas redes, e os fabricantes de chips para esta tecnologia ainda consideram volumes grandes para o preço cair a um nível mais competitivo. Além disso, o Governo precisa ter uma política clara de cobrança de taxas e impostos e com uma moratória nesta cobrança para a tecnologia poder decolar no Brasil, algo semelhante ao que foi feito com a evolução na tecnologia de celulares”, afirma.
Apesar de o cenário atual não ressaltar nenhuma vantagem para as companhias nacionais, a expectativa é que o ano de 2019 marque o início da arrancada. Com o arrefecimento dos efeitos da crise econômica e a expectativa de retomada dos investimentos, a Indústria 4.0 está na agenda das organizações. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que o PIB do Brasil expandirá 2,7%, impulsionada por avanço de 3% do setor e 6,5% dos investimentos. “Em 2018 foram feitas muitas provas de conceito, mas o cenário de adoção foi baixo. Como o Brasil tem um baixo nível de automatização e eficiência operacional, a IoT propicia um grande ganho nos processos e controles, o que pode fazer a indústria brasileira despontar”, destaca Viola.
Por que o Brasil deve aproveitar este momento para crescer?
De acordo com um estudo da escola de negócios IMD junto a empresas de supply chain na Europa, os cinco principais fatores críticos para o bom desempenho dos negócios até 2020 são elementos tradicionais, como estratégia e integração, vendas e operações, agilidade, eficiência e gestão. A partir de 2020, no entanto, as perspectivas mudam. Inteligência de dados, digitalização da cooperação entre fornecedores e parceiros, Internet das Coisas e Inteligência Artificial passam a ser as prioridades das empresas do segmento.
Apesar da reconhecida relevância das inovações acima para o sucesso dos negócios, o estudo aponta que a implementação da Indústria 4.0 encontra dificuldades. Em países como Coreia do Sul, EUA, Israel e Alemanha, habituados a tecnologias de ponta, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) estima em 15% o total de empresas que adotam a manufatura avançada. Ainda de acordo com a Associação, o total de empresas no Brasil que adota as tecnologias da Indústria 4.0 é de apenas 2%. Segundo a ABINC, para que as empresas do país cheguem ao patamar competitivo dos negócios de outros mercados, é necessário pelo menos uma década de esforço contínuo, “mas que devem começar a ser feitos agora”.
Sobre a ABINC
A ABINC, Associação Brasileira de Internet das Coisas (http://www.abinc.org.br), foi fundada em dezembro de 2015 como uma organização sem fins lucrativos, por executivos e empreendedores do mercado de TI e Telecom. A ideia nasceu da necessidade de se criar uma entidade que fosse legítima e representativa, de âmbito nacional, e que permitisse a atuação em todas as frentes do setor de Internet das Coisas. A ABINC tem como objetivo incentivar a troca de informações e fomentar a atividade comercial entre associados; promover atividade de pesquisa e desenvolvimento; atuar junto às autoridades governamentais envolvidas no âmbito da Internet das Coisas e representar e fazer as parcerias internacionais com entidades do setor.