Mais do que biodegradável, um produto compostável é aquele que pode ser considerado ecológico do início ao fim de seu ciclo produtivo, ou seja, desenvolvido a partir de recursos renováveis e reciclável após o consumo. Obtido do açúcar de plantas como milho e cana de açúcar, o PLA (ácido polilático) é uma das matérias-primas deste tipo que pode ser utilizada para fabricação de plástico em alternativa ao poliestireno, derivado do pe- tróleo. Fabricada apenas no exterior, a opção começa a ser utilizada em Santa Catarina pela Minaplast, indústria de descartáveis da Região Sul do estado, na cidade de Urussanga, que lançou, em março deste ano, o primeiro copo descartável compostável do Brasil.
Batizado de Green by Minaplast, o pro- duto é feito à base de PLA e se decompõe no prazo de seis meses em usinas de com- postagem, sem necessidade de aditivos. Não há presença de compostos de metais pesados nem de resíduos tóxicos. Em rela- ção ao uso, a única restrição é a temperatura – o copo Green não pode ser utilizado para bebidas quentes. A empresa, que buscava uma solução do tipo desde 2008, começou a trabalhar no projeto em 2012 após conhe- cer a tecnologia da Nature Works, empresa norte-americana especializada na fabricação da matéria-prima a partir do milho. Outras fontes estão sendo estudadas pela empresa catarinense, por enquanto a importação é a alternativa mais econômica. Desde março, a Minaplast importou 20 toneladas de PLA e produziu 100 mil copos
Plástico sustentável
compostáveis – quantidade pequena em relação à produção total de poliestireno, de 650 toneladas por mês. Um dos entraves à produção do copo Green é o custo, que ini- cialmente chegava ao dobro dos produtos feitos com plástico comum e hoje está 40% maior. “Pretendemos diminuir ainda mais, para melhorar a produtividade”, afirma Hemerson De Villa, da terceira geração da família na direção da Minaplast.
A fim de tornar o item mais atraente aos varejistas, para quem o preço fica 50% mais caro em comparação aos outros copos, recentemente foram realizadas mudanças no design das peças e na operação do maquinário, desenvolvido por equipe própria, para otimizar o processo de fabri- cação. “Sem dúvida, existe interesse, mas por enquanto esbarra no preço”, avalia De Villa, que planeja ampliar o uso do PLA para as demais linhas de produtos da Minaplast futuramente. “Infelizmente hoje ainda é um nicho pequeno. Vamos manter ambas as opções, poliestireno e PLA. Enquanto o plástico tradicional for mais em conta, seu mercado será maior”, afirma De Villa, que atribui as resistências à opção sustentável à falta de cultura de inovação no segmento. A reciclagem também faz parte dos processos internos da Minaplast, que procura reaproveitar 100% da matéria- prima excedente na produção de plásti- co – são cerca de 20 a 40 quilogramas de plástico para cada 100 copos de plástico tradicional produzidos.