Em meio à crise instalada por conta da pandemia do coronavírus, o número de mulheres no comando do próprio negócio no Brasil continuou em curva crescente e 2020 foi considerado o ano do empreendedorismo feminino pelo Sebrae/SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). Segundo pesquisa recente, houve um aumento de 40% de micro e pequenas empresas abertas e conduzidas pelo sexo feminino, dado superior ao ano de 2019. Em um cenário mais abrangente, um levantamento realizado pela Global Entrepreneurship Monitor apontou que o país tem aproximadamente 30 milhões de empreendedoras, o que representa cerca de 48,7% de todo o mercado empreendedor. E entre os setores que elas buscam iniciar um negócio, como da beleza, comércio varejista de roupas e acessórios e alimentação, o de tecnologia também está sendo alvo de desejo. “Quando se pensa em tecnologia, logo vem a figura de um homem na cabeça. Mas isso é algo que tem mudando ao longo dos anos. Antigamente as mulheres desistiam da profissão logo no início do curso, ao se deparar com uma classe quase 100% masculina. O movimento do empoderamento feminino mostrou que não existe profissão de homem ou de mulher, se eu quero trabalhar na área de tecnologia, eu vou. Foi com esse pensamento que eu criei o grupo Fix Online e o tornei uma marca milionária”, comenta Tatiana Moura. No ano passado, a marca, que é especializada na troca de vidro de aparelhos celulares, obteve um crescimento de 500% e fechou o ano com um faturamento superior a R$5 milhões.
:: A UNIÃO FAZ A FORÇA
Com um negócio estruturado, e movida pela vontade de repassar conhecimento a pequenos empreendedores, Tatiana fundou uma segunda marca: Fix EAD. São cursos online de Gestão de Assistências Técnicas e de Troca de Vidro de Celulares. Em apenas dois meses, a empresária já capacitou mais de 80 alunos, sendo que 80% são mulheres de todo o Brasil. “Sei como é começar um negócio do zero, fazê-lo crescer e criar diversas estratégias para mantê-lo até atingir o sucesso. Por isso, sabia que não podíamos nos limitar a empreender em assistência técnica, tínhamos que ajudar outras pessoas que queriam melhorar ou entrar nesse setor, e esse se tornou nosso maior objetivo, nos levando a criar a Fix EAD. E perceber como estou inspirando outras mulheres e casais com histórias parecidas com a nossa é muito gratificante. Ajudo mulheres a desenvolverem seus negócios por meio de aprendizados que eu adquiri e acredito que, com isso, estamos derrubando estereótipos”, comenta.
Foi o caso da empresária Karla Lorena, que possui uma assistência técnica em Fortaleza, e ao saber da história da Tatiana investiu nos cursos da Fix EAD para se especializar e dominar o negócio que oferece. “Eu percebi que estava com dificuldades de organizar meu negócio e, mexendo no Instagram, vi um anúncio da Tatiana e fiquei simplesmente encantada; era a primeira vez que eu via uma mulher falando de assistências técnicas. Como tratar clientes, como trabalhar com marketing voltado para área, como trabalhar com processos, financeiro, tudo voltado para o mercado que atuo, eu nunca tinha visto isso. Vi ali muito mais do que a possibilidade de fazer um curso, vi uma mulher que já esteve na mesma posição que eu, já que passou pelas coisas que estou passando, superou e venceu”, conta.
A empresária explica que imediatamente se matriculou nos dois cursos e que rapidamente conseguiu aplicar os aprendizados em sua loja. “Depois do curso aprendi que, nós mulheres, podemos alcançar um sucesso justamente porque temos um perfil de quem pensa nos detalhes. Por exemplo, a Tatiana ensina que uma simples reforma no estabelecimento já ajuda a atrair mais clientes, dando maior visibilidade ao local. Essa e outras práticas aprendidas já fizeram ‘barulho’ no meu negócio. As questões que estou aplicando após o curso já estão gerando maior movimento na loja”, exalta Karla.
:: AGORA É QUE SÃO ELAS
Outro exemplo é Delly Costa, que possui uma assistência técnica em Rio Branco, no Acre. A empresária conta que teve vários desafios no processo de desenvolvimento de seu negócio e que o curso foi de extrema importância para mostrar aos clientes, principalmente àqueles que ficavam com o pé atrás de serem atendidos por uma mulher, que ela sabia o que estava fazendo. “Por várias vezes escutei de cliente que gostaria de falar com um homem, embora eu pudesse resolver o problema. O curso me deixou ainda mais capacitada a mostrar que eu sou capaz de realizar o serviço tão bem quanto qualquer homem”, conta. Delly ainda ressalta que com as técnicas aprendidas, conseguiu aprimorar o negócio e realizar um número maior de consertos.
Karla também fez questão de destacar como é ser mulher no comando de um negócio, especialmente em um segmento tido como masculino. “No início senti muita dificuldade e desconforto. A maioria dos clientes só acreditava no que eu falava se meu esposo viesse e reafirmasse o que eu tinha acabado de falar. Eu me sentia totalmente anulada e me incomodava. Até que aos poucos fui mudando essa realidade. Aprendi mais sobre o meio em que agora eu estava inserida e fui mostrando que eu também era a dona e eu estava ali pra resolver qualquer problema”, afirma.
Já são dezenas de mulheres formadas nos cursos da Fix EAD e outras tantas estão na lista de espera para começar a capacitação. De acordo com Tatiana, isso indica uma crescente muito importante, não só para o setor de assistências, mas para a liderança feminina na área da tecnologia como um todo. “A mulher costuma ter uma visão mais 360 e a nossa capacidade de acumular e executar bem diversas funções é um fator muito importante para o sucesso, especialmente em mercados que demandam mais pulso e com concorrências mais agressivas, como é o setor de tecnologia. Temos percebido que o número de mulheres efetivamente consertando aparelhos também está crescendo, ou seja, além de ser a gestora de um negócio, a mulher estará cada vez mais no papel de quem conserta”, finaliza.
Sobre o Grupo FixOnline
Há quatro anos no mercado, o Grupo FixOnline é especializado em troca de vidros de celulares Samsung e foi fundado com a intenção de oferecer ao consumidor um serviço pouco explorado pelas assistências técnicas. Consertando em média 1.400 aparelhos por mês, a marca cresceu 500% nos últimos dois anos, fechou 2020 com um faturamento de R$5 milhões e criou recentemente as empresas FIX EAD, que oferece cursos de empreendedorismo, e a FixFlat, focada no conserto de iPhones e Apple Watch.